Eu estava exausta. Realmente, não deveria ter vindo a essa droga de festa. Era isso que era, e não uma mera cerimônia para mostrar o quanto eles eram solidários em garantir ajudar os doentes de Iémen,não passava de uma estratégia de marketing. Ao entrar no salão principal, busquei Lucas e Nilza com o olhar. Ele mesmo veio ao meu encontro ao me ver.
— Não se aproxime de Nilza, ela vai te odiar ainda mais se roubar a atenção dos entrevistadores.
Assustei-me repentinamente com o que ele falava, até entender com clareza. Nilza estava em frente a uma câmera, dando entrevista a algum jornal.
— Tudo bem, apenas diga a ela que já vou, não estou me sentindo muito bem.
— Você não se sente bem desde que a guerra acabou — ele proferiu com tanta naturalidade que me questionei se eles estavam tão felizes quanto Zayn parecia estar.
— Deve ser o cansaço e a saudade de casa. Nada que um bom sono não resolva — beijei sua face — Boa noite, Lucas.
Estava me afastando quando ele me chamou mais uma vez.
— Angel, você sabe, não é?
Apenas o fitei, não sabia sobre o que ele estava falando.
— Ele estava naqueles tanques de guerra quando você foi soterrada.
O olhar de Lucas voltou-se para Zayn, que precisou desviar seu olhar porque um homem tomou a sua frente.
— Ainda não tinha imaginado... — minha voz saiu falha, arranhada e quase gaguejada.
— Quando pretende voltar ao Brasil? — perguntou tirando-me dos meus pensamentos.
— Ah, eu ainda não sei, vou procurar algumas passagens hoje. Se cuida, Lucas!
Não prolonguei o assunto. Aquela pergunta me pegou de surpresa, assim como sua confissão. Eu estava louca de saudades da minha família, mas em momento algum me movi para sair do país. Por quê? Em meio aos meus pensamentos, só me dei conta de que estava sem seguranças quando fui atacada por flashes e perguntas. Tudo o que fiz foi tentar passar por eles o quanto antes. Onde estavam os seguranças quando mais se precisa?, suspirei ao lembrar de que eu não havia solicitado nenhum ao sair. Minha tarefa de me livrar de todos aqueles urubus ficou mais fácil quando os seguranças chegaram. Desci os degraus com empurrões, inicialmente, até que os seguranças os deixassem a uma distância segura, onde pude segurar uma parte do vestido e descer. Somente ao chegar no ultimo degrau notei Zayn sair de trás de mim. Abriu a porta traseira do carro e fez um gesto para que eu entrasse.
Eu o fiz por puro impulso e ele me seguiu logo em seguida. Não sabia o que era pior, estar no carro com alguém que tentou me matar ou com repórteres me filmando e capturando a decepção e dúvida que meu rosto transmitiam. Quando me dei conta de que era melhor estar com os repórteres o carro já estava em movimento.
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Iémen - Amando em tempos de guerra [DEGUSTAÇÃO]
Ficción históricaDISPONIVEL NA AMAZON 📍amazon.com.br/dp/B082VD4CCF 1. Romance +18 2. Ficção histórica 3. Literatura brasileira Já faz mais de 3 anos que a guerra eclodiu em Iémen. Zayn, subtenente de uma das tropas do exército da Arábia e sócio majoritário de uma...