O loiro sentiu-se sensibilizado pelas palavras e pelas lágrimas que escorriam no rosto de Nathan que ele não hesitou em abraça-lo, Nathan chorava copiosamente agarrado ao padre que se mantinha em silêncio apenas deixando que ele extravasasse a sua dor.
Quando enfim aos poucos Nathan foi acalmando-se separaram-se do abraço ficando ambos em silêncio sem um poder olhar para o outro de tão constrangidos que estavam, quando o silêncio foi rompido por Nathan ele trazia um arrependimento no pesar da sua voz:
_ Eu cometi muitos erros Noah, e se eu tivesse o poder de voltar ao tempo eu corrigiria cada um deles, inclusive o que fiz a dez anos atrás._ Aquilo ficou no passado Nathan, não vamos remoer uma história antiga que não significou nada.
_ Acontece que significou Noah.
_ É padre John! - dizia o loiro com a voz elevada._ Não! _ Seu nome é Noah, pode ser John, padre para qualquer outra pessoa, para mim continuará sendo apenas Noah.
_ Acho que não temos mais nada para fazer aqui, o Phillip já recebeu a minha visita.Ao seguir o caminho de volta nenhum deles ousou dizer palavra alguma. Quando chegou em casa sua mãe já o esperava aflita:
_ Onde você esteve meu filho, a dona Mariazinha disse que você saiu com o prefeito, o que estava fazendo com aquele lá meu filho, sabe bem que o que aconteceu a dez anos atrás.
_ Não se preocupe minha mãe, eu não sou mais aquele menino assustado, e jamais me deixaria cair novamente.
Deu um beijo na testa de sua mãe e foi direto para o quarto recusando o jantar. Tentou de todas as formas pensar em outra coisa mas aquela tarde não saía de seu pensamento, ver Phillip naquelas condição e ver Nathan tão vulnerável era algo que jamais imaginou que ele presenciaria.
O domingo amanheceu com o sol batendo na fresta da janela, Noah tomou um banho e logo se conduziu a igreja onde celebraria a primeira missa no vilarejo.Trajando com a roupa de sacerdote a alva e a estola Noah ou agora oficialmente padre John seria apresentado como o padre local, após a missa teria confissões de pecado para quem precisava de penitência.
A missa correu tranquilamente não fosse o detalhe do prefeito estar sentado na primeira fileira de cadeira olhando-o de forma insistente.
Após padre John se preparou para ouvir os paroquianos em suas confissões de pecado, e tudo corria bem até que foi a vez do prefeito.
Ele ajoelhou-se a sua frente e após a permissão de padre John começou a falar:
_ Sabe padre, tenho algo que me angustia a muitos anos e preciso confessar, eu fiz mal a uma pessoa, essa pessoa não merecia mais eu não pensei, eu era louco por essa pessoa, mas meus amigos não podia nem imaginar que o olhar que essa pessoa me lançava me agradava, eu me sentia atraído por ele, e sabia que ele me olhava de forma diferente, porém um dia, um dos rapazes notou e arquitetou todo o plano dizendo que iríamos nos divertir.
Padre John ouvia atento a cada palavra respirando com dificuldade, as lágrimas teimavam cair por seu rosto enquanto Nathan continuava a falar:
_ Nós o embebedamos e eu o toquei como sempre desejei tocar, o masturbei e o beijei, lógico que para os rapazes eu disse que apenas estava zombando dele, não tive coragem de dizer que eu também desejava aquele toque, não foi eu quem postou aquele vídeo, eu não teria coragem de humilhá-lo daquela maneira mesmo porque eu também estava no vídeo, o tocando, o beijando, foi uma surpresa para mim também o que fizeram, surpresa desagradável, tempos depois ele desapareceu da cidade, algumas pessoas diziam que ele estava indo para outra cidade estudar para ser padre, ele não tinha essa vocação eu sei disso, sei porque eu senti aquele beijo, senti o desejo que ele tinha por mim pois era o mesmo que ele me despertava, mas ele se foi sem que eu tivesse chance de me explicar para ele, ele se foi. O padre pode até me dá a penitência que mereço, mas a penitência maior é ver que aquele menino que me despertava um desejo oculto hoje se tornou de fato um padre, e como posso lutar para conquistar o seu amor?
A dez anos eu já venho me penitenciando padre John, por ter sido tão covarde na época, eu sinto muito.
Padre John permaneceu em silêncio que foi quebrado por Nathan:
_ Então padre será que estou perdoado, ou terei que pagar ainda muitas penitências?
Não obtendo resposta Nathan ergueu-se de onde estava ajoelhado em frente a uma telinha que ocultada a visão para o padre e saiu, sem nem se despedir de ninguém.
Noah ainda permaneceu ouvindo as confissões porém apenas ouvia disperso, alheio pois seu pensamento estava longe.
Não viu Nathan durante a semana o que foi um alivio padre John pensou, já que precisava digerir tudo aquilo que Nathan havia lhe confessado. John foi chamado para dar a extrema unção para Phillip a pedido do prefeito, um carro o esperava para o conduzir ao hospital, quando chegou lá, Nathan abalado veio lhe cumprimentar, seus olhos estavam inchados e avermelhados indicando que ele havia chorado, o primeiro pensamento que Noah teve foi de abraça-lo mas conteve-se tentando lhe passar força sem que para isso precisasse contatos físicos.
Demorou certa de meia hora após a extrema unção para que o médico viesse com a notícia de seu falecimento, Noah liberou perdão antes dele partir, e tinha certeza de que ele havia partido em paz após o perdão de Noah pois em seus traços labiais tinha como um risco que poderia facilmente ser interpretado como um sorriso.
Já Nathan estava arrasado, ele parecia não se conformar com a morte do amigo e se sentia culpado, ninguém ousava a aproximar-se dele devido ao descontrole, então devagar Noah foi se chegando até que o segurou em seus braços o abraçando e ali Nathan chorou em seus braços acolhido junto ao seu peito.Quando mais calmo, Noah o convenceu de levá-lo para casa e assim ele poderia dormir um pouco pois o dia seguinte seria desgastante com o sepultamento.
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O Padre
RomanceTodos os dias somos confrontados com os dois lados da moeda dentro de nós mesmo. Há uma guerra interna que nos compele a fazer o certo ou errado, cabe a cada um de nós escolher fazer o que acreditamos ser o certo ou fazer o errado. Tudo tem seu lado...