AVISO: homofobia e violência.
Tudo aconteceu rápido demais para Jack e, ao mesmo tempo, pareceu ser em câmera lenta.
Ele viu Finn entrando pela porta, suando, com o nariz pintado em tons de roxo esverdeado. Algo não estava certo e ele perguntou, mas o outro não disse o motivo do nariz machucado. E depois de ouvir que seu pai provavelmente estava a caminho, um nariz roxo não parecia importante.
Jack permaneceu estático a partir desse momento e tudo parecia borrado. Ele pensou em correr, se esconder, mas seus pés pareciam amarrados no chão. Não tinha sentido fugir, pois uma hora ele teria que enfrentar os problemas, certo? Enfrentar o pai. Ele só não esperava que essa hora chegaria tão cedo.
Ele não estava pronto, definitivamente não estava pronto. Provavelmente nunca estaria.
Sabia que Finn falava algo com ele mas não conseguia prestar atenção, seus pensamentos eram mais altos que voz dele.
- Jack, olhe para mim - Finn o sacudiu pelos ombros, tirando-o de seus pensamentos por alguns segundos - Eu vou ligar para minha mãe e pedir pra ela vir pra cá, tudo bem?
Não estava tudo bem. Não ficaria tudo bem. Mas Jack não conseguia responder então apenas assentiu.
Ele não tinha um ataque de asma a anos mas agora não conseguia respirar direito. Se seu pai não o matasse, seus pulmões provavelmente matariam, mas ele achava que a primeira opção era a certa.
- Mãe? Vem pra casa, o pai do Jack tá vindo... Eu não sei - Jack ouvia Finn falar com a mãe no telefone - Eu to com medo, mãe, vem logo... Acho que você deveria ligar para a polícia.
A última frase fez tudo parecer mais real agora. Eles poderiam precisar da polícia. Sim, droga. O pai dele não iria lá para conversar com ele. Ele iria para puni-lo.
Batidas violentas foram ouvidas na porta da frente, como se o pai de Jack tivesse o timing perfeito. A porta estava trancada mas Sr. Grazer era um homem forte. E estava furioso.
Jack sentiu Finn o abraçar forte e sussurra palavras de amor, tentando passar o máximo de segurança. O menor devolveu o aperto e fechou os olhos só por um segundo, antes de abri-los e ver que o pai, irado, tinha conseguido arrombar a porta e vinha com tudo para cima de si.
O Grazer mais velho segurou Finn pelo braço e o jogou para longe do filho como se ele não pesasse nada. Jack olhava para o namorado horrorizado e não sentiu a mão aberta o acertando na bochecha.
O calor se espalhou pelo rosto todo e ele sentiu dor de cabeça. Jack olhou para o pai e não reconheceu o homem a sua frente. Gavin Grazer nunca foi um exemplo de pai ou de pessoa afetuosa, mas Jack lembra que em algum ponto na sua infância ele o colocou para dormir, e saiu com ele nos domingos, e jogaram futebol no parque. O homem das memórias de Jack não era aquele.
- Pai - Jack falou com a voz fraca, tentando se recuperar do tapa.
- Você não é meu filho. Você é uma aberração - Gavin disse, dando ênfase na palavra aberração, olhando com nojo para o garoto que um dia chamou de filho - Pessoas como você devem morrer.
Ele socou Jack no abdômen e o menor se curvou para frente, mordendo a língua e sentindo o sangue em sua boca. Gavin o chutou com força e ele caiu no chão.
- Mas eu não sou um assassino, Jack. - o homem se aproximava e tinha um sorriso no rosto - Você só é assim por falta de porrada. E eu vou concertar isso.
Jack viu Finn, que antes tinha sido empurrado e batido a cabeça, correndo em direção ao seu pai. Ele empurrou o homem mais velho e, apesar de tê-lo afastado de Jack, não foi muito efetivo. Finn era magro demais, fraco demais.
Gavin Grazer deu socos no rosto de Finn e Jack conseguia ver o sangue jorrando da sobrancelha e do lábio do menor. O homem segurou Wolfhard pela camiseta e o jogou contra a mesa de centro da sala de estar.
Jack viu Finn bater a cabeça na quina da mesa, cair no chão e desmaiar. Ver aquilo doeu mais do que apanhar do pai.
- Agora que aquele viadinho não é mais um problema, eu vou cuidar de você, Jack.
O mais velho começou a chutar Jack que ainda estava no chão e o menor só conseguia soltar leves gemidos e engasgar com o sangue em sua boca.
No começo, Jack tentava levantar e se afastar o pai, às vezes tentou chegar até o telefone, mas suas tentativas só irritavam mais o pai e então ele o agredia com mais força. Jack apenas parou tentar.
A maioria dos chutes recebidos eram na barriga, mas o pai o chutava na cabeça também, e depois de três ou quatro desses, Jack sentiu que desmaiaria a qualquer momento.
Ele não conseguia mais ouviu os gritos do pai. Sua cabeça não funcionava direito e ele se sentia dormente. Mas ele ouviu sirenes de policia ao fundo.
Ele piscou e quando abriu os olhos, viu a porta sendo aberta, viu policiais entrando e afastando prendendo seu pai. Viu a mãe de Finn correndo até o filho que continuava no chão, desacordado e sangrando. Viu a própria mãe, chorando e desesperada.
E então ele apagou.Quando Jack acordou, ele não estava mais na casa dos Wolfhard. Ele estava em um quarto de hospital. Tudo nele doía, principalmente sua cabeça.
Sua mãe era a única no quarto e correu quando o viu acordado. Ela parecia acabada, com olhos inchados, como se tivesse chorado por horas.
- Jack, querido, você acordou. - ela disse, o olhando com carinho e segurando sua mão.
- O que aconteceu, mãe? - ele tinha flashes dos acontecimentos mas tudo parecia bagunçado demais.
- Eu deveria ir avisar os médicos que você acordou, você dormiu por quase 24 horas.
- Mãe, me diz o que aconteceu.
Ela suspirou, como se as lembranças doessem mas falar sobre elas fosse quase impossível.
- Seu pai, ele te bateu. Muito. Eu recebi uma ligação da mãe do Finn, pedindo para que eu fosse na casa dela, falando que seu pai ia te machucar. Eu fui o mais rápido possível e quando eu cheguei, tinha policiais no jardim. Eles prenderam seu pai. E você estava tão mal, filho. Ele te machucou tanto. - ela limpou as lágrimas que escorriam pela bochecha - Te trouxeram para o hospital e te doparam, pois você sentiria dor demais se acordasse logo. Você quebrou o braço e uma costela. - Jack olhou para a mão que não segurava a de sua mão e viu o gesso, e agora a dor na região abdominal tinha sido explicada - Mas eles disseram que você vai ficar bem.
- Como está o Finn?
- Ele está bem, Gavin o machucou também, mas não tanto quanto você. Ele está lá fora.
- Eu quero falar com ele. - Jack disse, pois os remédios tiravam a dor de seu corpo mas só a presença de Finn ajudava com a dor no seu coração.
Notas
Gente, escrever esse capítulo foi muito difícil pra mim, pois é uma situação real e que acontece todo dia e eu to muito tristeNunca escrevi nada nesse estilo então espero que não tenha ficado confuso
Eu ia perguntar se vcs gostaram mas não tem como gostar de uma capítulo pesado desses então eu vou só pedir pra vcs deixarem alguma opinião ou sugestão ou crítica
All the love.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Girl Crush • Fack
Fiksi Penggemar[CONCLUÍDA] Onde Finn gosta de Jack mas Jack tem uma namorada.