Capítulo 46 - Encontros Escondidos

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Jordana

O humor de Sirius melhorou nos dias seguintes, mesmo que o dia primeiro de setembro estivesse próximo. As cartas de Hogwarts dos garotos chegaram e foi uma surpresa descobrir que Rony e Hermione eram os novos monitores da Grifinória. Harry se sentiu um pouco mal com isso, eu percebi, era como se Dumbledore o tivesse ignorando, deixando-o de lado, então lhe dei uma cotovelada de leve: 

— É de família, se quer saber, James e eu nunca fomos monitores — contei. Enquanto todos parabenizavam Rony e Hermione em uma festa organizada pela Sra. Weasley. 

— Eu nunca fui monitora também – disse Tonks animada. — A diretora da minha casa disse que me faltavam certas qualidades necessárias 

— Quais, por exemplo? — perguntou Gina. 

— A capacidade de me comportar – disse Tonks. Todos nós rimos, Tonks e eu batemos as mãos em um High Five. 

— E você, Sirius? — perguntou Gina. Sirius e eu gargalhamos. 

— Ninguém teria me nomeado monitor, eu passava tempo demais detido com James. Lupin era o garoto bem-comportado, ele ganhou o distintivo.  

— Acho que Dumbledore talvez tivesse esperanças de que eu fosse capaz de exercer algum controle sobre os meus melhores amigos. Não preciso dizer que falhei miseravelmente. 

[...] 

Após o embarque dos garotos no Expresso Hogwarts dia 1 de setembro, eu continuei frequentando o Largo Grimmauld com bastante frequência, conciliando com as rondas de vigia no Departamento de Mistérios e jornada de trabalho no St. Mungus. Os primeiros dias foram ótimos, Sirius e eu jogávamos xadrez bruxo, ouvíamos música, fazíamos as cruzadinhas do Profeta Diário, mas depois de um tempo isso começou a se tornar monótono.

— Tem falado com o Harry? — perguntei a noite quando cheguei na Casa dos Black, tirei minha capa e encontrei Sirius deitado no sofá encarando o teto. — Não consigo trocar cartas com ele a respeito de assuntos realmente importantes, pois as cartas podem ser extraviadas, estou preocupada com ele. 

— Falei com ele através da lareira. Ele contou que a nova professora de Defesa é Dolores Umbridge, Harry perguntou se ela pode ser uma Comensal da Morte, mas eu contei que ela é só uma mejera do Ministério. Mesmo assim falei para ele tomar cuidado. Sugeri que ele me encontrasse em Hogsmeade com meu disfarce de cachorro, mas ele achou muito arriscado — disse Sirius emburrado. — Ele não é tão parecido com o James quanto eu pensei...

— É isso! Vou a Hogsmeade e talvez eu possa ver Harry lá.

— Divirta-se — ele disse rabugento.

Durante o restante do dia tudo o que eu sugeria ele negava, isso fora as respostas sarcásticas e ácidas, de forma que respirei fundo impaciente e peguei minha capa muito antes do que pretendia.

— Já vai embora? — ele perguntou hesitante ao me ver vestir a capa.

— Vou, você não quer fazer nada além de ficar resmungando por aí, está pior que o Monstro.

— Jordana... — ele começou se sentando na cama, mas eu o interrompi:

— Vamos sair amanhã — falei com uma ideia repentina que tive, muito arriscada, mas nós estávamos acostumados com isso. — Me dá aquele seu Espelho de dois lados, saímos em nossa forma animaga, tomamos cuidado, não acho que vamos ter problemas.

— Está falando sério? — ele perguntou empolgado e quando eu assenti, ele pegou o espelho na cômoda. Sirius me entregou o espelho com um beijo rápido nos lábios.

— É por isso que eu te amo — ele disse.

— Eu sei. Até amanhã à noite. — Saí do quarto com um sorriso e uma piscadela.

Saímos bem mais do que uma vez escondidos do Largo Grimmauld, contrariando as instruções de Dumbledore e era... Excitante, divertido, uma válvula de escape para a guerra iminente.

Era noite e acabávamos de chegar de mais um passeio por Londres, onde assustamos alguns trouxas e assistimos uma apresentação de música em uma cafeteria através de um vidro, tudo isso em nossa forma animaga claro e então decidimos dar uma parada no antigo kitnet em que morávamos há quinze anos.

— Viu se não fomos seguidos? — perguntei preocupada quando ele entrou, o bom humor estampado no sorriso enviesado e no brilho nos olhos acinzentados.

— Nada suspeito — ele confirmou.

— Sirius... acho que devíamos parar com isso. Com esses encontros escondidos. Isso pode dar muito errado e é arriscado.

— Pra ficar com você, vale a pena.

— Para com essas cantadas ridículas, você quer é sair daquela casa — eu disse rindo, mesmo que preocupada.

— Quer fazer o favor de relaxar? — ele reclamou.

— Ok, eu vou tentar. Foi incrível! Tem trouxas que são tão talentosos! E aquele cappuccino parecia uma delícia. Vou conjurar dois para nós, amanhã passo lá e pago — falei animada pegando a varinha e conjurando as bebidas, nós bebemos e era realmente delicioso. Sirius tomou a sua em um gole e deitou a cabeça em meu colo no sofá, afaguei distraidamente seu cabelo, enquanto eu pensava que definitivamente não devíamos estar fazendo aquilo, se Harry ou Dumbledore soubessem iam ficar decepcionados e pior se alguém do Ministério nos pegasse, estávamos literalmente mortos. 

— Hey! — ele me chamou com ar divertido e estalou os dedos na frente dos meus olhos. — Qual é a desse olhar de sereiano morto? 

— Nada. Acho melhor voltarmos. 

— Só mais alguns minutinhos. — Sirius se debruçou sobre mim, beijou meus lábios lentamente, tirou minha jaqueta e senti sua mão em minha cintura por dentro da regata preta que eu usava.

— Six... Sirius nós temos que... — chamei entre os beijos, podíamos continuar aquilo em um lugar seguro, mas ele desceu os beijos para meu pescoço de forma que eu esqueci o que ia falar, deixei minha cabeça pender para trás e fechei os olhos e então... batidas fortes e frenéticas na porta me fizeram puxar o ar ruidosamente, Six arregalou os olhos. 

— Vai para o quarto — falei sem emitir som. Endireitei as roupas e fui até a porta. A luz estava acesa, não podíamos fingir que não tinha ninguém. Eu não fazia ideia de quem podia ser, então coloquei a jaqueta e deixei a mão no bolso segurando a varinha. Abri a porta e três aurores mal-encarados passaram por mim entrando sem autorização. 

— Podem entrar — falei entre dentes. —  O que querem? 

— Estamos procurando o foragido Sirius Black, temos te vigiado e você tem agido de modo suspeito. Revistem a casa — ele disse sem olhar para mim, por sorte, pois acho que toda a cor do meu rosto se esvaiu.

— Vocês não podem fazer isso, precisam de uma ordem ministerial e... —  Ele ergueu um papel com a assinatura de Fudge me calando. Engoli em seco. —  Não vão encontrar ninguém, eu estou sozinha e nem moro aqui há um bom tempo. 

— É mesmo? Então por que tem duas xícaras de café? — O Auror pegou a xícara e me lançou um olhar desafiador. 

— Eu quis repetir a dose — respondi insolente. Ele cerrou os olhos, os outros dois aurores revistaram o quarto e eu prendi a respiração durante toda a inspeção. 

— Não tem ninguém aqui, senhor. 

— Se safou por pouco, Potter. Se estiver acobertando o assassino, vai ser presa junto com ele e da próxima vez não vamos bater. — Os aurores deixaram a casa e eu me sentei no sofá, o corpo todo tremendo, peguei o Espelho de dois lados. 

— Hey! — chamei e os olhos acinzentados de Sirius apareceu no espelho. 

— A salvo no Largo Grimmauld — ele disse sussurrando, mas sorria tomado pela adrenalina. — Fugi pela janela dos fundos. Essa foi por pouco.

— A gente não pode mais fazer isso — falei e guardei o Espelho no bolso. 

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