- Então, como você aprendeu a andar de moto? - pergunto com uma pitada de receio.
- Eu sou um serpente agora, Betty.
Ao escutar aquelas palavras saírem de sua boca, diminuo a força com que estava segurando sua cintura.
- Serpentes do sul?
- Serpentes do sul.
- Mas, você é só um adolescente. Como vai estudar? Onde vai morar? Como vai viver?
- Não se preocupe comigo, lá é o meu lar. É onde eu tenho que estar.
- Mas, eu não entendo. - Solto uma risadinha afobada de nervoso. - O seu lado é o norte. Por que você tá fazendo essa escolha?
- Nem tudo são escolhas. - Percebo que ele fala devagar e tenta escolher as palavras certas. - Não para mim.
Um silêncio absurdo nos segue e ambos agimos como se essa pequena conversa tivesse sido em vão. Com certeza na cabeça dele nada aconteceu, mas aconteceu sim! Os poucos minutos que precisamos para chegar ao local desejado se passaram como horas.
- Sabe, às vezes precisamos sacrificar algumas coisas para conseguir outras. - Ele estaciona a moto na frente do lugar.
- Eu entendo, mas essa não é a questão.
- É sim, você só ainda não sacou.
- Então me explica, porque eu estou literalmente confusa!
- Olha, é um assunto delicado. Melhor deixarmos para outra hora.
- Não. Estamos aqui, juntos. Eu odeio quando escondem coisas de mim, mesmo que isso aconteça sempre.
- Betty, eu já falei: melhor deixarmos para outra hora!
- Meu Deus, eu não entendo. Você por acaso matou alguém!? Que merda, é só falar! Eu pareço tão inconfiável assim?
- Olha, - O garoto da uma piscada demorada, parecendo assim que ele estava tentando se controlar. - você é uma ótima pessoa. Talvez a melhor que eu já tenha conhecido, mesmo que eu conheça você a pouco tempo. Mas as vezes precisamos deixar algumas coisas no passado. - Ele começa a andar ao meu lado. - Eu sei que amizade não depende do tempo em que nos conhecemos e sim o quanto nos importamos um com o outro, porém isso não se aplica para a gente.
Engulo em seco diante daquele discurso - ele realmente me comoveu. O meu desejo maior no momento é encontrar Polly, nunca imaginei que eu estaria tão perto, mas eu sinto como se não pudesse fazer isso sem ficar bem comigo mesma em questão de algumas coisas. É uma sensação horrível saber que todos - ou pelo menos a maioria. - ao seu redor escondem algo de você. É uma sensação horrível sentir que a vida não é sempre esse conto de fadas. É uma sensação horrível ver como o planeta é de verdade: uma bola gigante cheia de mentirosos.
Talvez eu esteja fazendo tempestade em copo d'água, ou seja, aumentando uma situação que na verdade não é tão cabulosa assim. Mas, eu sinto como se tivesse algo que não me contaram; algo que seria muito bom ou muito ruim terem me contado.
- Jughead, - Olho em seus profundos olhos verdes. - eu sei que algumas coisas devem ser mantidas em segredos para não haver confusão, mas, sabe... eu venho descobrindo muita coisa ruim. Tipo, eu não fazia ideia de que as gangue existiam. Eu vivia em um conto de fadas e agora tudo isso acabou em um estalar de dedos, então eu peço que você conte o que for necessário para eu me sentir preparada para entrar lá e possivelmente descobrir apenas mais uma verdade descarada e escondida de mim. Tudo isso me ajuda a crescer.
Ele da um sorrisinho inocente de lado e me abraça, fico sem entender nada mas não ajo em êxito.
- Eu visitei meu pai, ele foi preso porque tem uma grande relação com a explosão da sua outra escola: B.H.H.S.
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Tenha calma - Bughead
FanfictionApós sua escola ser incendiada e perder a maior parte de seus amigos, a jovem e ansiosa Elizabeth se encontra desamparada ao descobrir segredos sobre seu meio que nunca desconfiou. Entretanto, ela conhece Jughead, um garoto meio problemático mas de...