Raramente acordo sem o som incessante do despertador, mas a ansiedade me desperta. Digo, mal podia esperar para ter uma nova chance de recomeçar. Ia ser tudo novo: ambiente, amigos, professores rabugentos...
Sigo caminho direto ao banheiro e traço a rotina matinal de uma adolescente normal. Com exceção do banho; estava com preguiça e tomei banho ontem à noite.
Cheiro minhas axilas e confirmo a possibilidade da ausência de um banho. Apenas escovo meus dentes e me visto. Queria parecer bem apresentável, embora não tivesse me banhado. Resolvo então usar uma calça skinny, blusa de mangas rosa com gola U branca, tênis e meu relógio de pulseira de coro.
Mamãe estava na mesa mexendo no computador e ainda não havia preparado o café da manhã, ou seja, teria de preparar eu mesma.
- Quer saber, eu tenho que perder alguns quilinhos e não vou morrer se não tomar café.
- Se preguiça matasse você já estaria em uma caixa debaixo da terra... - minha mãe fala ainda concentrada em escrever seu artigo.
- Sobre o que está escrevendo? - Meu pai entra na conversa e pergunta.
- Sobre o incêndio na B.H.H.S., a escola da Betty.
Isso me trazia lembranças ruins então decido não falar nada e simplesmente saio de casa, sem me despedir.
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A minha sala de aula era um pouco diferente, mas logo me acostumo. As mesas de algumas classes eram juntas e todo o ambiente escolar carregava tons beges, azuis e amarelos. Estou agora em primeira aula que para meu azar é de biologia.
- Antes que me esqueça: essa é a nossa nova aluna, a tratem bem e mostrem o verdadeiro espírito de nossa escola! - O professor anunciava com euforia enquanto apontava para mim.
Com a atração de olhares apenas abro um sorriso constrangido e desfruto da imensidão de lajotas nas paredes, quando de repente vejo o meu vizinho ruivo - que até então não sabia que estudava aqui.
As horas passavam como uma tartaruga e já estava ficando entediada. Quando o sino toca anunciando o almoço a minha vontade maior era de pular e esbanjar alegria. Ao sair da sala passei na lanchonete, peguei apenas um misto natural e um suco de laranja.
- Oi novata! - Uma garota dos fios pretos se senta ao meu lado.
- Oi! - Respondo insegura.
- Qual seu nome? - Um outro garoto pergunta e senta na cadeira em frente à morena juntamente do meu vizinho ruivo que chegara. Sua voz levemente rouca me chama atenção.
- Bet... Elizabeth Cooper. E o de vocês?
- Eu sou a Verônica, ele é o Jughead e ele o Archie.
- Prazer. - Tento soar amigável. - Não esperava lanchar com veteranos. - Tomo meu suco.
- Aqui as pessoas são tranquilas, vai se enturmar fácil. Aliás, você é minha vizinha, não é? - Archie pergunta.
Enquanto o ruivo questiona, Jughead come seu hambúrguer e da olhadas de relance para mim.
- Eu? Acho que... Não sei. Sou? - Me faço de desentendida, mesmo sabendo a resposta para sua pergunta.
- Bom, ainda tem o Kevin para você conhecer, porém ele não pôde vim hoje a escola. Parece que ficou doente.
- Que pena. - respondo.
Os minutos se passam e logo o almoço acaba. Durante a nossa conversa não deixei de notar no moreno misterioso que mal falava, mas não tenho nada a ver com isso então ignorei.
Estou bem feliz, pois acho que consegui amigos no meu primeiro dia de aula, coisa que foi um pouco difícil no meu colégio anterior. No final da aula, nós trocamos os números de telefone e tivemos uma conversa bem extensa. Consequentemente acabei descobrindo que o pai de Veronica foi preso. No entanto ela me parece ser uma ótima pessoa.
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Chegando em casa vejo que não havia ninguém e então tenho uma ideia: convidar minha nova amiga para minha casa.
Talvez seja uma má ideia visto que acabamos de nos conhecer. Ah quer saber, não importa, penso. Que se dane, eu vou convidar sim.
Procuro meu celular e na primeira chamada a menina atende.
- Oi Betty! Tudo bem?
- Tudo sim. Pensei que talvez você pudesse vim à minha casa e assistirmos um filme.
- Hm, claro! Mas seria agora?
- Se estiver tudo bem...
- Me manda por mensagem a localização da sua casa, passo aí em 30 minutos.
- Beleza, estarei no aguardo.
Logo após terminada a chamada envio um SMS para Veronica.
Eu:
[Localização atual enviada]Vee:
Obrigada, me aguarde.Enquanto espero Verônica, faço pipoca e suco de groselha. Diminuo o aquecedor central para promover mais frio e me sento no sofá; ao ligar a TV entro no aplicativo da Netflix.
Na minha opinião a coisa mais difícil da Netflix é escolher um filme para assistir, as vezes passo horas e quando vou ver o filme é uma porcaria.
Ouço a campainha tocar e logo abro a porta, porém vejo que não era bem a pessoa que esperava.
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Tenha calma - Bughead
Hayran KurguApós sua escola ser incendiada e perder a maior parte de seus amigos, a jovem e ansiosa Elizabeth se encontra desamparada ao descobrir segredos sobre seu meio que nunca desconfiou. Entretanto, ela conhece Jughead, um garoto meio problemático mas de...