Tenha calma - Bughead

Capítulo 1

"Mesmo que eu não consiga entender, eu aguento a dor. Me dê a verdade, eu e meu coração, nós vamos conseguir superar"
[Stone Cold - Demi Lovato]

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Ainda consigo lembrar do cheiro dos salgados quentinhos e do aromático perfume que os produtos de limpeza exalavam. E tenho medo de esquecer. De esquecer de tudo isso... Quando a escola em que estudava foi incendiada, levou consigo o cheirinho, as lembranças e principalmente a minha alegria.

   Muitos acham que estou sendo dramática ou que não devo me apegar às coisas, mas isso é tão difícil! O mundo é um local onde tudo e todos mudam, uma hora você está aqui, na outra, não mais. Infelizmente tive de aprender a dar valor às coisas muito tarde.

   Com certeza você não deve estar entendendo nada, mas fique tranquilo, te explicarei detalhe por detalhe: me chamo Elizabeth Cooper, tenho 16 anos e moro em Riverdale; uma cidadezinha pacata nos subúrbios de Vancouver que de longe parece ser normal. Apenas de longe.

   No final do ano passado, minha escola, Beacon Hills High School, foi incendiada provavelmente de forma acidental por um funcionário da lanchonete. Ninguém ao certo sabe o que realmente aconteceu, por isso temos 2 lados da história: alguns acham que ele era mal pago e fez por querer, assim como outros acham que ele era novato e fez sem querer. Não gostaria de me precipitar sobre nada, então decidi que o melhor é procurar não saber da verdade.

   A cada dia que passa desde o acidente, um vazio dentro de mim se abre e em seguida preenche de tristeza ao lembrar que lá conheci as melhores pessoas da minha vida: Meredith, Izzie, Alex, Cristina e George. Eles são meus melhores amigos. Na verdade, costumava ser... Digo isso porque depois de tudo ter acontecido não tivemos mais contato, mesmo vivendo em uma cidade tão pequena.

Somente meu coração sabe o quanto é difícil me desapegar e o motivo da dificuldade.

   Contudo, de uma coisa eu tenho certeza: minhas memórias são as coisas mais valiosa que restam para mim.

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   Hoje é um chuvoso dia de domingo e como de costume estou lendo um livro e escutando uma música calma. 

Lamentavelmente a fome atrapalha meu momento de descanso, então me vejo indo até a cozinha em procura de um lanche. Abro a geladeira, que por um milagre estava recheada, e pego o que sobrava da minha vitamina de frutas vermelhas que havia comprado dias atrás.

   Tenho um vizinho que por coincidência a janela de seu quarto é virada para a minha. Ele é ruivo, tem um abdômen bem definido, canta, toca violão... e é um gato! Nunca falei com ele e nem tenho tanto interesse. O bom é apenas apreciar.

   Ao voltar para meu quarto consigo ver através da janela uma parte de seu rosto, ele parecia estar conversando com alguém. Meu olhar se desvia quando começa a tocar uma de minhas músicas favoritas: Daddy Issues - The Neighbourhood.

- You ask me what I'm thinking about. I tell you that I'm thinking about whatever you're thinking about... - Minha euforia musical, mesmo em uma que não a exija, é interrompida pelo barulho vindo da porta.

   Minha mãe chegou em casa e como sempre entra ligeiramente em meu quarto.

– Betty, querida, já falei para você não comer essas porcarias industrializadas!

– Desculpe, mas é tão bom – Faço uma expressão piedosa. – que é difícil deixar estragar no refrigerador.

– Então está bem, depois que estiver morrendo com dores na barriga não me procure. – Ela diminui o volume do som da caixinha e sai.

Minhas aulas na escola nova vão começar amanhã e estou bem nervosa, em razão pois não mudo de escola há anos e não consigo me adaptar muito rápido a mudanças. Entretanto, é como minha vó sempre falava: não sou peru para sofrer de véspera.

Perdida em meus pensamentos, vou ao banheiro fazer minhas higienes pessoais; dura uns 15 minutos e quando saio visto um pijama bem confortável de cor azul gelo. Ajusto o despertador para tocar as 07:00 a.m., visto que sairia de casa às 08:00 a.m. e entraria na minha primeira aula às 09:12 a.m.

As borboletas estomacais e os pensamentos rondando minha mente dificultam o sono, porém ele chega.