Prólogo

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(Anotações pessoais de um dos repórteres presentes no tribunal)

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(Anotações pessoais de um dos repórteres presentes no tribunal)

Seattle,21 de fevereiro de 2020

Estamos todos aqui reunidos no US Federal Courthouse, aguardando o julgamento de Megan Carol Blake, esposa do então falecido, Senador Adam Alexander Blake II.

O lugar está cheio, vejo muitos rostos conhecidos, entre eles, a mãe de Adam, Margareth Bingley, acompanhada de seu terceiro marido, Scott Bingley. Ambos parecem devastados, mas mantém a pose firme, imagino que queiram mostrar bravura, frente a todas essas pessoas.

Finalmente, após quase uma hora de espera, o juiz William Clarck -- o mais conhecido e respeitado de Seattle, o que não me surpreende, vendo a gravidade do caso e peso do nome dos envolvidos – finalmente assume seu lugar no tablado, juntamente com o promotor e os jurados.

Sim, o juiz realmente é um homem honrado, mas a sua presença pouco nos afeta. Na verdade, estamos todos ansiosos pela chegada de Megan Blake, a antes conhecida como "bonequinha da sociedade" e que agora, é acusada pelo assassinato à queima roupa de seu marido.

Tenho minhas dúvidas, devo admitir. Como uma mulher tão serena, tão amável e tão devota ao seu marido, fora capaz de fazer algo tão devastador e cruel?

Mas, contra todas a provas, não há como negar seu envolvimento neste acontecimento lastimável. É uma pena, tenho que admitir, perdemos um homem bom e honrado, um grande líder e temo que demore para encontrarmos alguém à sua altura, para assumir seu lugar.

As portas se abrem, e finalmente a acusada entra, acompanhada de sua advogada, Melanie McAdams, uma das melhores no ramo, mas é claro que, a causa já está perdida. Megan é a culpada e deve pagar pelo o que fez.

Megan, antes tão glamorosa e elegante em suas roupas de grife, parece tão comum e ofuscada, nas tradicionais vestes laranja de penitenciária. Mas, devo admitir que nem a falta de maquiagem, nem a roupa horrorosa foram suficientes para esconder sua beleza natural, sempre tão jovem e encantadora.

Após todos se sentarem em seus respectivos lugares, juiz Clark finalmente dá início ao julgamento.

-- Megan Carol Blake está sendo acusada pelo assassinato em primeiro grau do senador Adam Alexander Blake II. – E se sentando, volta sua atenção para a acusada – A senhora entende a acusação que está sendo feita?

Em expectava, todos aguardam em silêncio a resposta da jovem, parada bem ao centro do salão.

Megan parece serena, demonstra bastante insegurança e medo, o que é bem comum, dado ao seu sentimentalismo e a gravidade da acusação em que está sendo submetida. Muitos ainda acreditam que essa postura seja apenas para mascarar a sua verdadeira natureza sanguinária, mas esse não é o meu caso.

Contra toda a minha postura profissional e ética, ouso dizer que Megan Blake tem um bom coração, apesar dos pesares e espero não estar enganado em relação a isso.

-- Sim, Meritíssimo, eu entendo. – Diz a jovem, por fim, em um som quase inaudível, repleto de medo.

-- E como se declara?

Silêncio.

A acusada parece hesitar em dar a sua resposta, mesmo que todos aqui presentes saibam o que de fato aconteceu.

-- Senhora Blake – O juiz diz mais uma vez, tirando a jovem de seus devaneios – Como a senhora se declara?

-- Eu... – Olha para sua advogada, ainda hesitante, recebendo um olhar de conforto desta – Eu me considero... inocente.

E esta declaração foi o suficiente para gerar furdunço e agitação por todo o local.

Repórteres, assim como eu, escrevem de forma frenética em seus cadernos, enquanto todos aqui presentes cochicham entre si, alguns surpresos, outros revoltados com a audácia da senhora Blake em negar algo que está mais do que comprovado.

-- Ordem no tribunal – O juiz ordena com a voz firme, fazendo com que todos se calem imediatamente, voltando sua atenção exclusivamente para a jovem à sua frente – A senhora está certa sobre essa afirmação?

Mais uma vez, todos a encaram apreensivos. Quase duzentos pares de olhos estão pousados na jovem que, pela primeira vez, desde que chegara aqui, olha para o juiz com total confiança e determinação.

-- Sim, meritíssimo, eu estou.

-- E como a senhora afirma isso com tanta convicção?

Soltando a respiração com força e abrindo os olhos lentamente, ela ergue a cabeça e encara diretamente para o juiz, o medo a abandonara a muito tempo.

-- Porque, meritíssimo, vocês não conheciam o Adam da forma que eu conheci.

-- Protesto! – O advogado da família Blake, na função de acusação, se pronuncia finalmente – Meritíssimo, ela está inventando coisas!

-- Negado – O juiz é firme – Senhora Blake, o quer dizer com isso?

Mais uma pausa, antes de sua resposta.

-- Já ouviu falar que as aparências enganam?

-- Está se referindo ao seu esposo, ou à senhora? – Ergue as sobrancelhas, cruzando os braços sobre a mesa.

-- Acho que nesse caso, me refiro a nós dois. – Encolhe os ombros, se sentindo envergonhada.

-- A senhora está me dizendo que nem você, nem seu marido demostravam ser quem realmente são? – O juiz Clark franze a testa e inclina a cabeça, bastante intrigado com a declaração da moça.

-- Sim, meritíssimo, -- Balança a cabeça em afirmativa -- ele muito mais que eu.

-- Adam Alexander era um mentiroso?

Agora, todos estão em silêncio, incluindo a própria réu, que claramente está ponderando sobre sua próxima resposta.

-- Senhora Blake, está me dizendo que Adam Alexander Blake II era um mentiroso? – Juiz Clark repete a pergunta.

E após mais um longo minuto de silêncio, o olhar da réu, que há muito estavam fincados no chão, finalmente se voltam para o juiz à sua frente, cheios de certeza.

-- Sim, senhor. Adam era um mentiroso e tudo o que demostrava para a sociedade, não passavam de uma imagem falsa e manipulada.

Mais uma vez, todos se agitam, cochichando e reclamando, revoltados com a quantidade de mentiras que a pobre Megan está se sujeitando para tentar se safar de seu futuro, já fadado à prisão.

-- Ordem! – O juiz ordena e todos imediatamente se calam – Prossiga, senhora Blake.

-- Meritíssimo, aconteceram muitas coisas. Adam falou e fez muitas coisas e eu... – Megan hesita, a voz embargada, como se estivesse prestes a chorar – Eu... – Respira fundo, para se recompor e volta seu olhar para o juiz – Eu estou pronta para revelar os motivos que me fizeram fazer o que fiz.

 – Respira fundo, para se recompor e volta seu olhar para o juiz – Eu estou pronta para revelar os motivos que me fizeram fazer o que fiz

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