CAPITULO DEZ

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Olá! Amanhã como não estou em casa, vou postar hoje o capitulo de Domingo. Espero que gostem, votem e comentem.

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Quinta-feira, 19 de Julho de 2018, Alpes Suiços

Estalo o pescoço com movimentos lentos. Junto os punhos na frente do rosto, olho por cima deles e concentro-me no saco preto de box na minha frente. Não sei minimamente usá-lo, mesmo assim não me impeço de dar a primeira batida á minha maneira. A dor é insuportável quando os nós dos dedos tocam no saco que parece ter pedras dentro dele, mas isso não me impede de continuar a esmurrá-lo.

O som dos punhos houve-se ao longo do ginásio silencioso na madrugada de Quinta-feira, uma noite igual às outras; uma noite sem dormir. As imagens e as vozes do sonho estalam dentro da cabeça como se fossem um vulcão em erupção. Posso sentir o sangue dela a escorrer por entre as minhas mãos, mesmo eu sabendo que não tenho nada nelas a não ser as luvas pretas de box que achei dentro do armário de madeira onde estão guardados alguns utensílios do ginásio.

Cerro os dentes.

Posso sentir o rosto arder das estaladas que foram dadas. Não consigo esquecer das suas mãos atingirem o meu corpo pequeno e encolhido a um canto, dos gritos assustados da Serena, da voz suplicadora da nossa mãe.

Não, não... as deixem. Faço tudo o que quiserem, mas deixam-nas.

Agarro o saco de box fazendo-o parar de balançar. Fecho os olhos e encosto a testa ao mesmo. Naquele pequeno minuto de silencio tento por de parte o pesadelo e a voz da minha mãe.

Durante anos em que estive a viver em Vancouver, consegui ter algumas noites bem dormidas; Sem pesadelos, outras vezes nem por isso. Mas os pesadelos voltaram com mais atividade, não me deixando dormir. Desde que pus os pés nesta casa, não consegui ter um sono descansado sem de ter de acordar aos gritos e a chamar pelo o meu pai.

Abro os olhos e solto um longo suspiro cansado. Quis ver apenas o saco velho de box na minha frente, mas o que vejo no lugar dele é outra coisa. Uma que deixa o meu cérebro em alerta e o meu coração a bombear de raiva com uma mistura de um sabor muito conhecido em mim quando estou a viver o pesadelo novamente; o medo.

O tom azul profundo, curo e manipulador dos seus olhos, olham-me como uma certa maldade. O seu sorriso demoníaco está no seu lugar e parece não querer sair tão cedo dos seus lábios.

Afasto as mãos do objeto e jogo o punho com força no material duro. Um som seco espalha-se ao longo do ginásio lembrando que o que está na minha frente é o saco e não ele. Mas mesmo assim continuo a vê-lo, como se ele fosse um fantasma e que estivesse preso naquele maldito saco.

Tudo isto é criado pela mente, que por vezes pode ser tão traiçoeira que não sabemos como defender-nos. Isso assusta-me. Muito. Não é a primeira vez que a minha própria mente brinca comigo.

PERIGOSAMENTE TENTADOROnde histórias criam vida. Descubra agora