Eu queria virar as costas pra o mundo, pra essa porra toda que me consome, eu queria escrever de véu e aniquilar toda essa falsa santidade adormecida em mim, essas obrigações que tenho que encarar, tanta gente desgraçada que tenho que respeitar, preciso rasgar essa face de anjo e deixar fluir esse demônio que todas as noites antes de dormir espanca meu bom samaritano, em mim existe essa necessidade de algumas vezes ser ruim, mandar a merda os bons dias, as felicitações, os tapas nas costas, as declarações de amor que há anos deixei de acreditar, quero erguer minhas armas e mandar um foda-se pra quem finge amor, quero adentrar as portas do Teatro Mágico só para raros e iniciados, eu sou oque sou! Me ame assim ou me destrua de vez, quero o gole do conhaque amargo, quero dormir e acordar solitário, quero o direito de não me explicar, quero por hoje desse mundo hipócrita me libertar.
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O INFERNO DE EXISTIR
Short StoryMemórias e observações de um homem atormentado por fatos da vida e do passado transcreve suas lembranças, raiva e desesperança no amanhã que se anuncia cada vez mais sem brilho.