Revirou a caixa de amontoadas lembranças, passou os olhos cansados de olhar fotos, textos e enredos dos tempos que era tão criança, a vida adulta pra ele só despertou aos trinta, como que se tivesse se banhado na tinta da maturidade, a primeira escola, a primeira briga, a primeira de tantas mentiras, o primeiro infantil amor e com ele tantos outros provou, acreditou de certa forma no amor e por ele sorriu, se perdeu e algumas vezes chorou, viu numa folha borrada uns versos para a primeira namorada:
Que entre tantos pesadelos
Tenha sonhos meus
Que entre tantas febres
Seja o remédio teu
Que na tempestade fria
Seja teu único abrigo
Que entre tantos outros
Seja eu teu amor, teu amigo.Sorriu, da época desses amores nem ligava tanto mesmo que depois tudo se transformasse em dores, lembrou de cada uma, dos sorrisos , faces, cores, sabor dos beijos, seus gemidos...era um jardim cheio de flores, sabia que tinha vivido tudo, cada lembrança boa ou ruim pra ele valia, estava até feliz, as vezes ainda sentia que essas folhas amareladas, fotos, palavras e rimas alegravam um pouco seu coração.
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O INFERNO DE EXISTIR
Krótkie OpowiadaniaMemórias e observações de um homem atormentado por fatos da vida e do passado transcreve suas lembranças, raiva e desesperança no amanhã que se anuncia cada vez mais sem brilho.