Havia tanta dor contida nos teus gestos,nos teus reflexos quando chorava sozinha tarde da noite, nas dores e porres que faziam parte dos teus excessos...eu te bebi durante horas, por noite afora, era o remédio amargo para amenizar tuas crises de existir...o sexo bruto, meus e teus impulsos, nosso jeito doce e impuro, eram o agasalho, o abrigo, gaze suja estancando tua hemorragia, te curava e te consumia Tecia pra ti um cordel infame, nada tinha de amor ou romance
Nunca fui bom com palavras, com conselhos e essa merda toda de auto-ajuda que tentam nos empurrar, pra você eu só queria me doar...te tocar...do teu lado ficar por horas abraçado até teu ódio do mundo passar, a água desce limpando meu corpo e nessas horas me me bate na cara toda tristeza e desgosto, reflexos de nossos excessos... Já disse que essa porra não é amor... É só uma troca...meu corpo impuro, pra você um porto seguro, teu bem futuro...eu fico com tua parcela de dor.

VOCÊ ESTÁ LENDO
O INFERNO DE EXISTIR
Short StoryMemórias e observações de um homem atormentado por fatos da vida e do passado transcreve suas lembranças, raiva e desesperança no amanhã que se anuncia cada vez mais sem brilho.