Now I Know Why He Loved You - FANFIC

[15] fourth reason;

Quando acordei e me sentei na cama, senti uma tontura imensa e a minha cabeça parecia querer rebentar.

Flashbacks da noite passada corriam pela minha mente numa velocidade incrível fazendo-me recordar tudo o que se passou. As palavras de Taehyung ecoavam demasiado alto no meu cerebro e, não muito surpreendentemente, eu lembrava-me de quase tudo.

Esfreguei os olhos com as mãos e olhei á volta. Vi que não tinha mudado de roupa e quase me assustei quando vi o moreno deitado desajeitadamente a meu lado. Ele tinha a cara espalmada na almofada e os cabelos despenteados a cair-lhe pela testa, a sua respiração era calma e parecia encontrar-se num sono profundo. Dei por mim a encará-lo por um tempo, apreciando os seus traços, mas rapidamente caí em mim e decidi tomar um banho.

Levantei-me com dificuldade e dirigi-me á casa-de-banho, olhei-me ao espelho e vi os meus lábios mais vermelhos que o costume . Aproximei-me do meu reflexo e com um dedo toquei-os, sentindo a sua textura inchada e quente. Recordei-me imediatamente de ser beijado por Taehyung e senti-me estranho.

Fui para debaixo de água ainda a pensar nisso e passei o banho todo com esse pensamento. Não percebia como poderia ter caído nos encantos dele, era impossível. Como poderia eu ter-me mostrado tão vulnerável assim? Como poderia Taehyung ter tanto poder sobre mim?

Eu remoía-me por dentro com essa memória e odiava-me por isso. A verdade é que para mim tudo aquilo era doentio, afinal ele era o amante do meu noivo. Era horrível pensar que eu cheguei mesmo a sentir desejo por ele, e sentia-me nojento e ainda pior pessoa do que já me sentia.

Que ele era atraente era óbvio mas ser cativante e sedutor daquela forma era algo que eu desconhecia e, se cheguei a desconfiar, tinha a certeza que nunca me afetaria a mim. Mas afetou e eu fui seduzido por ele.

E não poderia culpar o álcool pelo meu comportamento porque eu já me conhecia e a bebida nunca me alterava dessa forma. Eu sempre ficava consciente quando bebia, podia sim ficar tonto e de reação ou raciocínio lento mas nunca perdia a noção dos meus atos, nunca ficava com aquela euforia ou loucura habituais. Pelo contrário, a bebida tinha em mim o efeito de me deixar mais parado, pensativo ou até depressivo. Mas Taehyung estava bêbado quando me beijou, não tinha a noção do que estava a fazer, enquanto que eu não, eu estava bem e mesmo assim deixei-o aproveitar-se de mim.

Eu usava a vodka como remédio para toda a turbulência constante na minha mente mas, ironicamente, ela só servia para me deixar ainda mais no fundo. Foi muito difícil largar o vício mas eu consegui, com ajuda de Jimin, e poderia dizer que essa era uma das pouquíssimas vitórias minhas de que me orgulhava. Estava sóbrio há quase um ano e eu estava feliz com isso, mas parece que a noite anterior tinha estragado tudo.

Sentia-me patético ao saber que mais uma vez Taehyung era melhor que eu em alguma forma. Ele era inebriante. A maneira que ele olhou para mim enquanto se aproximava para me beijar prendeu os meus olhos nos seus; os seus lábios entreabertos eram convidativos e incrivelmente lindos, e a sua respiração entrecortada fazia a minha atenção ser focada só nele. Ele seduziu-me e com certeza seduziu Jimin também. Não o podia culpar, ele só havia caído nos mesmos encantos que eu caí na noite passada e era facto de que eu não era nada como o amante, eu não intoxicava as pessoas daquela forma. Era então perfeitamente normal que Jimin tivesse encontrado em Taehyung aquilo não tinha em casa, visto que já não havia romance na nossa relação e muito menos intimidade. Raramente fazíamos amor, nestes últimos tempos, e eu no fundo sabia que isso o afetava. Se ele já não tinha grande auto-estima imagino como se sentiria quando via que eu já não lhe tocava. E céus! como eu amava o seu corpo, cada detalhe e cada linha. Ele era perfeito, demasiado puro e maravilhoso para alguém como eu, eu era uma confusão negra de sentimentos e mágoas e não queria arrasta-lo para isso. Parece que só fiz pior, parece que nenhum dos meus esforços para fazer o que está certo resultavam.