[17] i won't give up and you know it;

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Dei uma volta na minha cama quentinha e suspirei. O meu corpo doía e o meu estômago roncava mas não queria ter de me levantar para ir buscar comida ou aliviar a pressão nos meus músculos. Então deixei-me estar mais um pouco, apreciando o som suave da chuva fraca que caía lá fora e apertando mais os braços em volta da almofada. Mantive os olhos abertos, fixos em algum ponto do quarto.

Já tinha passado um mês desde que Taehyung tinha saído daqui disparado e, embora algumas coisas tivessem mudado desde então, tudo continuava na mesma.

Mais deprimido do que nunca, desisti do meu emprego. Pedi demissão e nunca mais pus lá os pés. Não podia dizer que o dinheiro não me fazia falta, porque fazia, mas iria sobreviver. Nunca gostei do meu trabalho, na verdade, pois a minha perspetiva de vida passava muito ao lado de ficar enfiado num maldito escritório o dia todo a olhar para processos judiciais tediosos. E, também, nunca fora muito bom naquilo que fazia, apenas o suficiente para manter o meu cargo e receber um salário razoável.

Com isto a minha rotina acabou por mudar muito. Sem responsabilidades ou horários para cumprir, dava-me á preguiça e acabava por me desleixar ainda mais. Mas o meu desleixo não me incomodava. Não me sentia mal por isso. Não tinha problemas em deixar de comer, ou deixar de cuidar da minha pele ou sequer de deixar de limpar a casa. Tudo ruía á minha volta, mas principalmente dentro de mim, e eu não me importava. Quão mau era isso? Não sabia na altura, não tinha forças para querer pensar no assunto, mas agora que vejo bem as coisas percebo que o meu estado de autodestruição tinha chegado a um ponto onde nem eu próprio tinha a noção dele.

Tinha voltado a beber também. Aquela noite no bar fora o suficiente para me entregar novamente ao vício e eu no fundo sempre soube que iria ceder, sempre tivera a noção de que não era preciso muito para que eu quebrasse.

E se todo o meu desleixo me passava ao lado, este aspeto incomodava-me profundamente. Sentia culpa por todo o meu ser e isso corroía-me onde eu pensava que não era possível corroer mais. Mas não era porque o álcool me fazia mal ou porque desgastava o meu fígado muito provavelmente já em péssimas condições, eu sentia culpa porque a cada gota de vodka que ingeria eu estava a quebrar uma promessa, estava a desiludir o meu Jimin mais uma vez e porra isso doía, doía imenso, embora não conseguisse pará-lo.

E o pior era que Taehyung ainda rondava a minha mente. Ele e os seus mistérios, eu e as minhas dúvidas. Era demais para mim. E, por mais que eu quisesse negar, precisava de obter respostas. Precisava de perceber as atitudes do moreno, de perceber as razões de Jimin e depois perceber o que fazer com essas informações, decidir como seguir com a minha vida.

Olhando bem, eu não tinha ninguém. Não tinha o Jimin, não tinha a minha família, não tinha amigos ou colegas de trabalho mais chegados e já nem a companhia ocasional de Taehyung eu tinha. Estava sozinho, completamente sozinho.

Eu sempre pensei, desde a adolescência, que ficaria melhor sem ninguém, para o meu bem estar e para o das pessoas á minha volta, porque eu era tóxico, sempre fui, e por isso acabava-me por afastar de todos.

Até no inicio, quando conheci Jimin e os nossos sentimentos começaram a crescer, tentei afastar-me. Sentia-me esquisito e constrangido pela proximidade com que o mesmo parecia querer sempre estar. Não estava habituado a isso e o meu corpo rejeitava-o, embora a minha mente quisesse Jimin cada vez mais perto. Era contraditório. Não sabia controlar ou perceber a minha mente, nunca soube e sabia que nunca iria conseguir.

Mas agora percebia que era horrível o sentimento de estar sozinho e desejei que tudo fosse diferente enquanto me encolhia mais entre os lençóis. Apertei os olhos sentindo as lágrimas a querer formar-se. Senti o meu peito contrair e uma sensação desesperante tomar conta do meu corpo. Tal como da última vez que vi Taehyung, a minha respiração tornou-se falha e senti que estaria prestes a sufocar, então dei outra volta na cama e fiquei com as costas contra o colchão. Pus uma mão sobre o peito e fechei os olhos tentando acalmar-me.

Now I Know Why He Loved You - FANFIC  Onde histórias criam vida. Descubra agora