[23] you should have done something;

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— O quê? — indaguei completamente confuso e vi Taehyung afastar-se de mim. Não fui capaz de me mexer, então apenas esperei que ele fizesse alguma coisa.

Tudo acontecera demasiado depressa. De repente, tudo aquilo que para mim era verdade deixou de o ser e não sabia como lidar com tudo o que sentia. Tinha a sensação de que a qualquer momento iria acordar e perceber que no mundo em que vivia Jimin ainda me odiava e eu continuava a ser culpado da sua morte. Mas tudo acontecia de forma intensamente real e dolorosa.

Taehyung dissera que eu não merecia que ele me houvesse mentido daquela forma, mas, pensando bem, se calhar até merecia. Talvez eu precisasse mesmo daquilo para acordar e perceber o quanto eu negligenciava Jimin e a nossa relação. Não devia ter posto os meus problemas e mágoas á frente do que realmente importava e talvez Taehyung fosse o meu castigo divino.

Jimin tinha sido o único que me amou e sentiu de verdade. Ele não olhou aos meus defeitos ou muito menos me condenou pela escuridão que me aprisionava. Ele pura e simplesmente me acolheu na pureza da sua personalidade, e nunca fechou os braços. No fundo, sempre soube disso, mas estava cego. Cego pelas mágoas que me afundavam. Cego por tudo aquilo que não podia concretizar e todos os sonhos que fui obrigado a descartar. Mal sabia eu, tonto e estúpido, que o maior sonho que podia viver estava bem ao meu lado, todos os dias.

E como podia eu ponderar sequer a hipotese de ele me odiar? Como acreditei em Taehyung quando bastava pensar um pouco e lembrar-me de tudo o que Jimin havia feito por mim nestes últimos anos? Apercebi-me então que a minha mente era demasiado frágil. Naquele momento senti um click que me fez perceber, e de repente todos os meus problemas me pareceram insignificantes.

Taehyung andou em silêncio até ao sofá e pegou num documento que trazia consigo, deixando um pequeno envolope para trás. Ele estendeu-me a folha num gesto silencioso para que eu a lesse. Olhei para ele e só depois peguei nela, vendo que se tratava de um exame médico, do mesmo hospital a que Taehyung me havia levado. Apertei os olhos, com medo. — O que é isto?

— É a razão do suícidio de Jimin, a única. — a sua voz fraquejou.

Fui até ao sofá e sentei-me, lendo com atenção. Li o documento todo, mesmo sem entender metade dos termos médicos e encarei Taehyung no fim, explodindo num choro silencioso.

— As crianças... — murmurei parecendo incapaz de formar uma frase completa — Minjun...

Taehyung acenou que sim, com a ponta do nariz e olhos vermelhos.

— Ele devia ter-me dito. — falei embargado. — Eu lutaria contra isto com ele.

Taehyung voltou a aproximar-se e agachou-se em frente a mim, pegando nas minhas mãos que tremiam.  — Ele não duvidava que o farias, mas o tumor estava num sítio muito complicado do cérebro e era praticamente impossível retira-lo e Jimin sobreviver á operação.

Fechei os olhos, assimilando tudo aquilo que era demasiado.

— Quanto tempo ele tinha?

—!Não era certo, mas o médico não previa que passasse dos dois anos. - ele disse com dor na voz. — Além disso, não sendo retirado, o tumor iria começar a afetar os nervos do seu corpo e consequentemente a sua locomoção. Jimin não queria isso para ele.

— Como é possível eu não ter sabido disto? 

— Ele não quis contar a ninguém. Só-me contou a mim porque não tinha coragem de te dizer, não queria ver-te magoado mais uma vez. — Taehyung fazia um esforço para explicar tudo de forma suave, porém a minha cabeça rodava, não dava para entender.  — O hospital para onde levaram o corpo de Jimin não foi o mesmo onde ele fez os exames e soube do tumor malígno, por isso é que os médicos não sabiam.

Now I Know Why He Loved You - FANFIC  Onde histórias criam vida. Descubra agora