Sifiel
No Inferno
- Você se arrependeu de traze-la aqui? – Elize e seus cabelos negros descendo em cascata sobre mim, sempre perguntando o que ninguém mais teria coragem de perguntar
- Por acaso você já viu eu me arrepender de algo que fiz, meu anjo? – Seus olhos com orbitas completamente negras e chamas que dançavam se estreitaram para mim, mas eu não poderia ter deixado de tocar na sua ferida quando ela tocou na minha.
- Se você não admite eu não posso abrir seus olhos por você – sua voz sempre suave, calma e completamente inabalável, as vezes eu me questionava se ela tinha deixado de ser um anjo ou era só o que eles queriam que ela pensasse.
Elize levantou da cama em que estava deitada ao meu lado, os cabelos negros e o vestido branco esvoaçando com o movimento, ela me olha como se esperasse algo de mim, provavelmente que eu a acompanhasse, mas sabendo onde ela ia certamente eu ficaria aqui.
- Já que você não o fará, eu vou ver como a garota está, nunca se sabe se ela não vai acabar lembrando e o que vai fazer quando isso acontecer. – Ela diz isso como se eu não fosse o inferno na vida da Christie, e eu não estava nem um pouco preocupado se ela estava bem ou não, a minha "função" era o oposto disso.
- Eu não me preocuparia se fosse você. – Digo enquanto ela sai.
Mas o que eu não digo é que, eu sei exatamente como ela está, sempre sei, quando se possui alguém, com as palavras que eu disse, é uma troca, nada é unilateral entre nós, eu sempre posso saber o que ela sente, e nesse exato momento o sentimento presente é algo não muito comum para ela...
Christie
Enquanto eu toco piano nada a minha volta existe, os momentos em que eu me dedico à musica costumam ser os melhores, porque por algum tempo nada além disso existe, nada além das teclas ou das cordas sob meus dedos, nada além da próxima nota a ser tocada e o sentimento dedicado a cada uma delas. O solo que toco agora é o que compus mais recentemente, na verdade é a primeira vez que o toco, ainda está sujeito a algumas mudanças, mas sinto que não será preciso, enquanto a música chega ao final eu sinto algo diferente no ambiente, mas não me permito prestar atenção, toco a última nota e ao silencio tomar a sala percebo sua respiração, não olho para ela, não preciso, apenas me mantenho olhando paras teclas brancas e lisas, esperando.
- Qual seu nome? – Para confirmar o que eu já tinha constatado a mesma voz que me xingou no estacionamento agora curiosa me questiona, apenas fico em silencio, quero saber no que isso vai dar. – Bom, se não vai me dizer temo que tenha que te chamar de "a garota torta do piano".
- E eu temo que não tenha porque me chamar de coisa alguma. – Digo simplesmente, mas continuo sem olhar para ela.
- Temo que eu vá insistir até que me diga – ela faz uma pausa ao se aproximar, senta ao meu lado e me olha – e se você não quisesse que eu te chamasse de algo não teria chamado minha atenção hoje, afinal porque chamar a atenção de uma ignorante que te xinga no estacionamento?
Reviro os olhos enquanto viro o rosto em sua direção, ela sorri para mim com dentes que provavelmente nunca precisaram de aparelho, respondo para ela com ironia.
- Você supõe coisas demais, garanto que foi apenas por piedade, você tem um jeito de tão boazinha que certamente viria me pedir desculpas, estava te poupando, afinal, não pretendia ter o desprazer da sua companhia, aliás, você é meio invasiva não acha? – Um sorriso irônico passa pelo meu rosto enquanto ela ri.
- Bom, garota misteriosa, sinto muito te frustrar, mas não vai se livrar de mim tão fácil agora. Você que compôs esse solo?
- Sim, fui eu, espero que tenha gostado. – Olho nos seus olhos, já não tenho mais nada a perder, ela não me deixaria em paz, mesmo se eu a ignorasse, e talvez ela tivesse algo de magnético, que me impedia de fazer isso.
Quando respondo ela desvia o olhar de mim para as teclas, e toca algumas, não me surpreende que saiba tocar, ela parece de longe alguém artística, muito mais do que eu.
- Na verdade, foi um dos melhores que já ouvi, digo, entre os seus, não comece a se achar. Já que como disse, eu suponho muitas coisas, também supus que seja você que toca aqui sempre. – Eu toquei algumas outras teclas enquanto ela falava, para responder toquei algumas de início e fim de outros solos que eu costumo tocar aqui, seu sorriso me mostra que ela entendeu – parece que eu sou boa nesse negócio de supor.
Enquanto ela toca a admiro, temo não estar sendo muito discreta mas ela não parece se importar, seus cabelos em cachos perfeitos descem até metade das costas, e seu rosto poderia estar muito bem todo produzido na capa de uma revista, mas isso não combinava com ela, o que era bom, porque a simplicidade e a excentricidade dela a deixavam ainda mais bonita, vi que tinha uma tatuagem enquanto ela movimentava o braço mas sua blusa me impedia de saber o que era, de repente ela vira o rosto na minha direção e para de tocar, meu rosto permanece impassível, e ela não parece perceber ou ligar, não sei, para o fato de eu estar a observando.
- Sei que não toco tão bem quanto você, mas dá para o gasto, que aulas você faz aqui garota torta? – Meu deus quantas perguntas será que ela ia fazer? Sem perceber acabei respondendo
- Piano, instrumentos de cordas, vocal e desenho, e você?
- Todas.
Que? Ela era a filha da Rebecca? Fiquei olhando, é ela era sim, podia perceber a semelhança, felizmente a filha não tinha nada do ar de superioridade da mãe, ela levantou e se direcionou a saída.
- Christie. – Eu falei, ela não demonstrou reação nenhuma, e me deixou novamente sozinha na sala.
Dessa vez quem saiu foi ela, não sei se me surpreendo comigo por ter dito meu nome, ou com ela por ter feito o que normalmente eu faço, mas agora ela sabia o meu nome, e eu não sabia o dela, acho que isso não ia ficar assim por muito tempo.
Quando saio da sala um gato branco se roça nas minhas pernas, na hora não percebo, mas ele possui olhos meio (muito) diferentes para um gato comum.
++++++++ GENTE VIM PARA AGRADECER OS 1K!!!!!!!!!!!!! Queria agradecer a todos que vem acompanhando a história e me ajudando nessa caminhada, mas algumas pessoas são especiar e queria deixar registrado aqui meu muito obrigada a Jennifer minha amiga de todas as horas que foi quem acreditou em mim e fez eu postar o livro aqui, e também ao @S4muelk que foi alguém que eu encontrei aqui e vem me dando uma enorme força, obrigada sammmm <3 vocês todos são incríveis, agradeço de novo e eu estou muito felizzzz! ++++++++
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Chama Negra
Fiction générale- Ganhador do 2º lugar na categoria LGBT do concurso Escritores Fantásticos - Um demônio, que não é qualquer um. Uma garotinha inocente, que cresceu sendo possuída por um "ser maligno". Uma garota com o pai alcoólatra. Todos sabem que a vida não é f...