Christie
Em algum lugar alto
(São Francisco)
Apaguei o terceiro cigarro na pedra em que estava sentada, tinha aceitado o convite de Dakota para vir olhar o céu e respirar algum ar puro em paz, claro que os cigarros estragaram a parte do ar puro mas foda-se nenhum de nós ligávamos, Rob tinha vindo junto, erámos o trio mais isolado que podia se encontrar, e na verdade mal éramos um trio, nenhum dos três gostava muito de socializar, mas provavelmente foi isso que fez de nós um trio.
Levantei da pedra e me deitei na grama ao lado de Dakota, ela sorriu, sabia que eu me renderia em algum momento, mirei o céu cheio de nuvens. Uma lésbica, uma índia e um gordo, sinceramente eu não sei como é que eu fui encontrar dois silenciosos como eu para simplesmente ir a lugares juntos, conversar pouco, mas ser uma companhia frequente. Nunca fui boa com pessoas, a maior companhia que eu tive durante a infância e adolescência foi o Sifiel, é, da pra ver que eu tive uma vida meio miserável em relação a amizade, apesar disso eu nunca invejei os que tinham muitos amigos, sempre percebi o quão falso isso era, e o quanto as pessoas podiam se decepcionar, o Sifiel poderia fazer qualquer coisa mas ele era desprezível mesmo, nunca ia me decepcionar. As maiores decepções que tive foram comigo mesma, que fui a minha companhia constante, e já era esperado.
Apenas olhei o céu por alguns minutos me permitindo não pensar em nada, algo me lembrou da garota de cabelos longos cacheados do estacionamento, de como eu simplesmente tirei a chave da moto e a deixei parada ali se sentindo uma idiota, o amigo dela quase chorando de rir do outro lado do carro, não que eu tenha olhado para trás, mas de qualquer forma eu vi.
-Christie? – Rob falou baixo, olhei para ele que me fitava meio surpreso, levantei as sobrancelhas, questionando. – Você está sorrindo?
Ah, entendi a surpresa, percebi que eu estava sim, sorrindo, de novo, simplesmente revirei os olhos e levantei, nenhum dos dois teve reação alguma, sabiam que eu ia embora, desci até a minha moto e fui para a academia de artes, dessa vez eu deixaria a moto reta.
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Infelizmente minha aula começava no horário em que quase todas as outras, isso quer dizer que as pessoas não estavam em suas salas, não, elas estavam no pátio ou nos corredores conversando, rindo e enchendo o saco, pelo menos elas não pareciam os bandos de gasguitas que os estudantes do ensino médio eram, felizmente os assuntos e as pessoas aqui são mais estranhas, o que era bem melhor na opinião de alguém que nem gosta de pessoas, quem dirá de pessoas "normais".
Caminhei pelos corredores abertos, em direção a sala do piano, então eu vi, os cabelos castanhos e longos cacheados, olhos caramelo e mais colares do que alguém deveria usar, ela era completamente diferente do que mostrou no outro dia em que tivemos nosso infame encontro, parecia leve de um jeito que eu nunca conseguiria ser, de um jeito que poucas pessoas conseguem ser, aquele tipo de pessoa que poucas coisas realmente abalam, e que eram quase boas demais pra esse mundo, fortes demais, ela não estava com livros nem nada na verdade, só um pequeno estojo e um copo de água, queria muito saber o que ela fazia aqui, ela parecia mais do tipo que vende arte na praia do que o que faz ballet por exemplo, um sorriso discreto passou pelo seu rosto, enquanto ela simplesmente olhava para o campus como se visse algo muito especial nas árvores que estavam ali.
Ah, quer saber, dane-se, eu estava muito afim de estragar a paz de alguém hoje.
Fui em sua direção.
* oi gente sei que o capitulo é curto mas o próximo vem antes do esperado, e aliás os personagens estão prontos no the sims! Ansiosos? Não esqueçam de votar e adicionar o livro na sua biblioteca para sempre saber quando tem capítulo novo!! *

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Chama Negra
सामान्य साहित्य- Ganhador do 2º lugar na categoria LGBT do concurso Escritores Fantásticos - Um demônio, que não é qualquer um. Uma garotinha inocente, que cresceu sendo possuída por um "ser maligno". Uma garota com o pai alcoólatra. Todos sabem que a vida não é f...