Lauren
Em seu lindo trailer verde
Acordo e vejo o sol brilhando pela janela, parece que o dia está bom, olho para o lado Chad dorme abraçado no travesseiro com a boca aberta e babando, infelizmente meu celular está longe, gostaria de tirar uma foto, levanto da cama pego uma toalha, escova de dentes e vou para os banheiros do parque trailer (que graças a deus são limpos como os de uma casa normal), quando saio do trailer vejo a senhora dona do gato o chamando.
- Sam? Onde você está? Sam!
Olho em volta e vejo ele embaixo da escada do meu trailer, o pego no colo (talvez minha toalha agora tenha muitos pelos) e o levo até a sua dona.
- Bom dia, achei seu gatinho na minha escada. – ela me olha e sorri como se na verdade eu tivesse uma barra de ouro no colo e não um gato.
- Ah, obrigada! Eu estava procurando que nem louca esse danado, não é à toa o nome. – Me pergunto o que o nome Sam tem a ver com isso, mas não digo nada apenas sorrio, e o entrego para ela, que basicamente esquece da minha presença. – Samael* você não pode sumir assim- ela diz enquanto se afasta.
Agora faz um pouco mais de sentido, para ficar pior só se ela realmente tivesse posto o nome do gato de Lúcifer, não que não fosse uma ideia sensacional mas é que, enfim, quando volto ao trailer, já com os cabelos arrumados e o sorriso de quem ia aproveitar o sol na praia Chad está fazendo panquecas e cantando "like a virgin", dou um abraço nele.
- Você viu quem resolveu aparecer em São Francisco hoje? O sol está maravilhoso – digo animada, ele me olha e sorri
- Sim, o dia está perfeito para ir a... – então dizemos juntos – ...china beach.
Eu solto uma risada e digo que vou arrumar a bolsa, visto meu biquíni com um vestido amarelo estampado de girassóis por cima, dentro da bolsa ponho protetor solar uma caixinha de som e algumas comidinhas, além da canga. Enquanto isso Chad divide as panquecas entre nós e põe a calda, claro que ele pegou mais para si, esfomeado.
Quando vamos entrar no carro me lembro que Sabazio não estava na loja ontem, e que eu tinha que descobrir ainda o que estava acontecendo, falo para passarmos lá, e infelizmente quando passamos pela loja ela continua fechada como antes, realmente tem algo muito estranho acontecendo.
- Lauren, não entre em pânico ok, na volta passamos aqui de novo, e se ele não estiver você pode fazer o que achar melhor, ok?!
- Você acha que eu vou chamar a polícia.
- Então, é, no caso, eu tenho certeza.
Ele ri e eu apenas o olho com uma cara feia enquanto nos dirigimos à praia, durante o caminho ele canta alto o que é uma intenção de me divertir, e funciona, como sempre.
Praia sempre me anima, molhar os pés, nadar, e sentir a brisa do mar estão entre as minhas coisas favoritas no mundo e entre as do Chad também, facilmente perdemos a hora quando estamos na praia, o sol começa a perder a força e decidimos ir para o bar, já que ele ficava em ocean beach, que tem nosso por do sol favorito em toda são Francisco, não poderíamos perder logo hoje.
Surfistas, era só o que eu podia ver para todos os lados, o sol e as ondas boas fizeram o dia perfeito, isso significava que o bar estaria cheio, eu ri por dentro, quantos ex o Chad ia ver por lá, não que eu me salve também, confesso que eu e ele temos gostos por gente bronzeada, principalmente ele, eu normalmente não ligo pra que boca beijar, dês de que me interesse. Entramos e eu estava certa, estava cheio, sempre tinha lugar pra mais, normalmente as pessoas sentavam juntas, olhei ao redor e algo me chamou atenção, me fazendo querer olhar de novo, mas quando Jack surge no meu campo de visão eu ignoro o meu sexto sentido apitando, é, meu amigo tem bom gosto, ele me leva até a mesa do lado de fora onde o seu mais novo amor está conversando com algumas pessoas.
Eu não presto muita atenção nos cumprimentos, só consigo apreciar a vista, o sol já está descendo e o céu começa levemente a mudar de cor, acho que se as pessoas pudessem prestar mais atenção na beleza do que há em volta delas provavelmente seriam mais felizes, mas elas estão sempre com pressa demais, provavelmente cuidando a hora e as mensagens no celular, olho ao redor enquanto os dois na minha frente batem papo, eu observo o interior do bar onde tem mais pessoas e vejo o que me chamou atenção, acho graça, nem bronzeada, nem surfista, para quem normalmente se esconde, aqui, parece brilhar com luz néon. Chad pergunta qual a graça e olha para onde eu estou olhando, mas ele não vê o alvo da minha risada.
- É só alguém que está aqui, nada de mais. Mas, então Jack, me diga, de 0 a 10 o quanto você gosta do pôr do sol?
Chad entorta a cabeça para mim, ele sabe que eu estou testando a compatibilidade dos dois, até hoje não errei nenhuma vez.
Enquanto conversamos sobre pôr do sol, e assistíamos a um talvez meu olhar tenha se perdido muitas vezes para dentro do bar, meu amigo claro, percebeu, e parecia cada vez mais interessado no que meu olhar se voltava involuntariamente, afinal o que seria bom o suficiente para tirar minha atenção de um dos pores do sol mais bonitos que já tivemos o prazer de ver naquela praia.
Jack olha para mim de repente, seu sorriso se abre e ele diz.
- A Dakota é realmente linda, não é?
- Quem? – eu questiono, com certeza não é para ela que eu estou olhando, mas pelo nome indígena provavelmente se refere a deslumbrante garota que acompanha a ela.
- A índia, não é para ela que você está olhando? – seus olhos se desviam e ele dá uma risadinha – não olhe agora, mas elas estão vindo.
Parece estranho mas quanto mais o crepúsculo se fazia mais esvaziava o bar, o que faz sentido se levar em consideração que as pessoas que o frequentam são solares, ou pelo menos a grande maioria, as luzes aconchegantes e amareladas feitas para lembrar lanternas a fogo se acendem, e sobra lugar na rua, por isso elas vem, agora tem mesas livres na parte descoberta, e como não as vejo passar suponho terem sentado atrás de nós, o que significa perto, já que estávamos na ponta do deck.
Enquanto comíamos nossos sanduiches e eu não conversava, mas escutava a conversa do pré casal na minha frente acabei escutando outra conversa, que eu sabia muito bem de quem era.
- Aquela garota do vestido de girassóis tem uma tatuagem de corvo ou é impressão minha?
- é impressão sua Dakota, e no mínimo fale mais baixo.
- é um corvo sim, eu vou ir falar com ela.
- Cara, você tem algum problema sério, qual o fascínio por corvos? E por falar com gente por causa de tatuagem, meu deus pare com isso.
- Pare você de ser tão... você.
- Vou fingir que não te conheço.
A conversa parou e eu ouço alguém se aproximar, finjo demência, afinal eu deveria estar prestando atenção nas minhas companhias não nas alheias.
- Oi, desculpa, mas eu não pude me segurar, sua tatuagem é tão linda, eu amo corvos. – Dakota sorri para mim e eu não posso deixar de sorrir de volta.
- Obrigada, eles são animais incríveis, pena serem tão mal compreendidos. – Christie tinha levantado e olhava a situação, quando seus olhos encontram os meus posso sentir como se ela estivesse do meu lado.
Jack se mete na conversa e eles acabam numa conversa animada sobre tatuagens, o que com certeza faz sentido devido a ambos terem os braços completamente cobertos por arte. Christie se escorou na ponta oposta do deck onde na verdade não tinha ninguém, era o ponto mais perto da praia, num impulso levanto e vou até ela, me encosto do seu lado e não digo nada por um tempo, e ela também não, nós duas olhamos o mar por um longo momento de silencio.
- Suponho que o acaso goste de nos fazer encontrar. – Digo e olho para ela, talvez o mar a luz fraca e a brisa que fez seus cabelos caírem no rosto tenham contribuído, mas eu não conseguia me recordar de ter algum dia conhecido uma mulher tão bonita, ela vira seu rosto para mim e me olha nos olhos.
- E eu suponho que você esteja gostando da ação do acaso.
*gente eu peço desculpas pelo atraso, eu to passando por um período difícil, preciso mais do que nunca do apoio de vocês, muito obrigada a quem continua me acompanhando, e por favor continuem! * Samael era o nome de Lúcifer como anjo

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Chama Negra
Genel Kurgu- Ganhador do 2º lugar na categoria LGBT do concurso Escritores Fantásticos - Um demônio, que não é qualquer um. Uma garotinha inocente, que cresceu sendo possuída por um "ser maligno". Uma garota com o pai alcoólatra. Todos sabem que a vida não é f...