Christie
Descubram onde
A cada passo dado milhões de cacos de vidro perfuravam meus pés, ao olhar para o chão negro translucido eu não vi um pedaço de vidro sequer, mas eu os sentia, ao olhar meu corpo o vi nu, com a pele ardendo e suando, cicatrizes a mostra, como ninguém nunca tinha visto, pilares de mármore vermelho e preto que não poderiam ser encontrados em lugar nenhum fora dali, rubis e ônix encrustavam detalhes nas juntas das paredes e pareciam brotar com um brilho perverso de cada fenda, era bonito demais para ser real, mas a dor me dizia que era, esse lugar não foi feito para humanos. O chão parecia dilacerar meus pés, o mármore me queimava por dentro, e as pedras abriam cortes reais em lugares os quais não haviam tocado, até mesmo o ar que respirava, parecia estar simplesmente me incendiando.
Quando eu ouvia dizerem que o inferno não foi feito para os humanos talvez eu não levasse muito a sério, acabo de descobrir que não, o inferno não foi feito para humanos, mas era o lugar perfeito para faze-los sofrer, era tão lindo, tão adornado, mas cruel, como só o diabo poderia ser, não era de se admirar que ele fosse o rei aqui.
Eu não podia distinguir se estava viva ou não, até que Sifiel falou através de mim.
- Como vai a comemoração? Aproveitando o passeio? O que achou da minha casa? Não é linda?
Despertei do sonho (sabendo muito bem que infelizmente não era só um sonho) suando e com um calor que não condizia com o clima na minha cidade, a cobra na minha perna queimava mas não havia sinal da presença dele, a luz na janela indicava o amanhecer que se aproximava, eu deveria simplesmente voltar a dormir, mas tinha a impressão de que meus olhos não fechariam nem se eu os pregasse, sem muita opção e grudando de suor fui tomar banho.
Já limpa e com roupas para sair de moto desci as escadas, a porta do quarto da minha mãe me diz que ela já acordou, o que na verdade é meio estranho, desço mais um andar para ir à cozinha ou sala de jantar, onde ela estivesse, entro na cozinha, tem café passado, ela deve estar tomando, mas não na sala de jantar, vou até a biblioteca, ouço vozes, ok, começou a ficar realmente estranho.
Quando entro na biblioteca encaro a cena que se apresenta, Sifiel sentado em uma poltrona com uma xícara rosa nas mãos, e minha mãe na outra, ela me olha e sorri, ele se vira para mim e me lança um sorriso irônico então diz.
- Você quer uma xícara de café?
*** queria agradecer muito a stanlety pela ilustração da Christie, que eu amei de mais, e condiz muito com a cara de cu dela mesmo dhgedgudbuhf, agora quem sabe faz o Sif com a canequinha rosa ehgferfwegbfgeu***
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Chama Negra
Ficción General- Ganhador do 2º lugar na categoria LGBT do concurso Escritores Fantásticos - Um demônio, que não é qualquer um. Uma garotinha inocente, que cresceu sendo possuída por um "ser maligno". Uma garota com o pai alcoólatra. Todos sabem que a vida não é f...