Capítulo 1 - Parte 2

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Quando chegaram, ele notou que a construção não era tão pequena

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Quando chegaram, ele notou que a construção não era tão pequena. Era feita de pedras, cercada com madeira e havia um começo de poço ali. Haviam algumas galinhas, patos, marrecos, três porcos num chiqueiro e um dos animais estava prestes a ter filhotes, uma vaca, um cavalo e dois cães de estimação que pareciam ser muito bem cuidados. A casa era bem feita, com janelas e a porta de madeira, uma chaminé e tinha dois andares, provavelmente a parte de cima era o quarto do casal. Ele ficou parado olhando aquilo por um momento. Chegando a se imaginar chegando na casa, abrindo a porta e sendo recebido por aquela mulher, com um sorriso e um beijo de boas-vindas.

Margareth abriu a porta da casa, pedindo para ele entrar e pôr os baldes na mesa de jantar ou próximos de um balcão. Ele escolheu a mesa. A construção por dentro era também muito bem feita, os móveis eram todos de madeira. Haviam quatro cadeiras, sendo uma delas mais alta que as demais. Os armários da cozinha não tinham portas, e os alimentos ficavam muito bem guardados em potes, separados por dia de colheita. Havia um grande pote de barro, próximo do fogão, que era a lenha, onde ela deveria guardar grãos. Outros potes menores, porém altos também ficavam ao lado do maior, provavelmente estocava carne nos dias frios e algumas iguarias das Índias que o marido trocava no mercado.

Na sala havia duas cadeiras de balanço e um pequeno berço, que também balançava. Alguns brinquedos feitos a mão, como carrinhos e bonecas de pano estavam parados e arrumados sobre uma cômoda. Sobre a cômoda havia uma caixa de prata, um vaso com flores e um pequeno recipiente oval, que parecia ser extremamente caro. Eram algumas lembranças da vida de rico que Jones teve. E também a salvação caso precisassem de dinheiro ou comida no inverno, ele arrancava uma pedrinha do objeto oval, que era cravejado, e vendia.

Um pequeno corredor ficava bem no canto da sala, era largo, e abrigava um armário alto, onde Margareth guardava as roupas, panos, lenços, lençóis, colchas de cama e toalhas para o uso. Na frente do armário estava uma porta, entreaberta. Era possível ver que haviam móveis interminados, um tear, três cestos de linhas coloridas e um cesto com os tecidos já prontos. Na máquina estava sendo formada uma tapeçaria. Do outro lado da sala, também numa extremidade havia uma escada grossa, feita de madeira escura, bem polida para não ter farpas. Não era possível ver o andar de cima, mas ao julgar pelo que podia-se ver, deveria ser o quarto do casal.

Ao lado da escada estava um móvel fino e alto, que se estendia do chão ao teto, cheio de livros e algumas estatuetas. Tudo de Jones, mais precisamente de seu passado. Ele era um homem culto e ensinou sua esposa a ler também, para que ensinasse seus filhos. Ao lado do móvel havia uma cadeira diferenciada, maior e mais larga, a frente ficava uma mesinha baixa e redonda, com o tampo largo, havia um lenço bordado sobre ela e um tinteiro com uma pena.

— Se importa se eu perguntar... — Ele a olhava encantado.

— O que? — Interrompeu Margareth.

— Você sabe ler? — Fora direto.

Margareth ficou calada por um tempo, não sabia de fato como proceder. Ela adorava ler. O marido a havia ensinado quando se conheceram. Ele queria que ela ensinasse aos filhos do casal. Ela adorava ler e pela ânsia de conhecimento, ele se esforçou para dar a ela livros e livros. Mas o fato de saber ler era mal visto pelo povo, então, ela escondia.

— Meu marido... — Ela sorriu timidamente — Ele gosta de ler.

— Então, você não sabe? — Perguntou, querendo puxar mais assunto — Nunca conheci uma mulher que soubesse, acho interessante.

— Meu marido quer que eu ensine aos nossos filhos. — Ela encarou o homem por um momento, porém baixou a cabeça.

Quando a palavra "filhos" saiu de sua boca, ela entristeceu. Sentou à mesa e começou a cortar legumes enquanto a água já estava no fogo com alguns temperos. Ficou de olhos abertos enquanto cortava, calada. Raphael percebeu a mudança repentina e se sentou de frente para ela, no lugar onde Jones costumava sentar para jantar.

— Sabe... minha mãe sabia ler. — Ele tentou animá-la — Ela me ensinou. Os seus filhos já tem que idade?

— Eu não tenho filhos ainda. — Disse ela parando o que estava fazendo e limpando as mãos. Levantou e pegou um copo, oferecendo água limpa para que ele bebesse — Mas quando chegar a hora, certeza de que virá um forte menino ou uma saudável menina.

— Que bom que pensa assim. Outras imaginariam que já estão podres por dentro. — Falhara miseravelmente na tentativa de fazê-la se sentir melhor.

— Eu não sou as outras. — Margareth falou friamente.

— Que bom que não é, pois a flor mais bela é aquela que brota na diversidade. Seu marido é um homem de sorte. — Ele sorriu enquanto falava.

— Obrigada... — agradeceu verdadeiramente — desculpe, ainda não sei seu nome.

— Raphael... Raphael Mytoio. — Raphael se apresentou — E o seu, senhora?

— Margareth... Margareth Deep. — Ela sorriu mais uma vez, fazendo Raphael sorrir bobamente.

— É um belo nome esse seu. Nome digno de rainha. Assim como sua beleza também. — Ruphus a olhava querendo-a para si — Eu ouso dizer que nem todas as princesas do mundo chegam aos seus pés, tanto em beleza como em integridade e coragem. Não é qualquer mulher que pede ajuda a um estranho.

Um sorriso brotou no rosto de Margareth. Não era tratada daquela forma a muito tempo. Nem recebia muita atenção, pois o marido passava o dia inteiro trabalhando na plantação, resolvendo coisas na cidade, construindo móveis para vender ou trocar por alimento.

— Obrigada, Raphael. Há muito tempo não ouço isso... — A mulher se sentiu desejada por um momento.

— Deve estar brincando! — Exclamou — Se eu tivesse você como esposa a cobriria de carinhos sempre que pudesse.

— Meu marido é um homem ocupado, Senhor Raphael. Ele trabalha nos campos e ainda tem nossa própria plantação. É pequena, mas é o que nos sustenta no inverno. — Explicou ela à Raphael.

— Ele parece ser rico ao julgar pelos artefatos que pude ver aqui, com todo o respeito. — Comentou secamente, porém buscando algo para continuar o assunto.

— Ele já foi rico. Desistiu para casar comigo. Fugimos juntos. — Margareth não tinha pessoas para conversar, logo contava qualquer coisa quando lhe era perguntado ou insinuado — Vivemos confortavelmente aqui, não pagamos impostos à coroa, afinal, nem sabem que estamos aqui.

— Oh... entendo. — Ficou vagamente envergonhado — Bom para vocês. Margareth, eu preciso ir...

— Tudo bem... — a doce mulher falou, mostrando outro de seus lindos sorrisos à Raphael — quer que leve você para não se perder pelo caminho de volta?

— Não precisa. — ele levantou e deu a volta na mesa, pegando a mão dela, selando um beijo educado — Mas quero ver você outra vez. Amanhã, logo pela manhã no poço, se você puder eu esperarei.

— Todavia sou casada, Raphael, não posso me encontrar com você... — Ela se afastou — é errado.

— Vou ajudá-la com a água novamente. — O homem estava com um brilho inconfundível no olhar. Parecia um leão que encontra a presa perfeita.

 Parecia um leão que encontra a presa perfeita

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JACK - Livro Um [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora