... Eu sabia que essas dores não eram a primeira vez que eu sentia, lembro que ocorreu na minha primeira transformação, porém estava sendo multiplicado por diversas vezes. Esta na hora... A voz da Malu apareceu em minha mente, mas por causa de eu estar desorientada, não foi possível para eu entender do que ela estava querendo dizer. Malu... Essa foi a única coisa que eu poderia dizer antes que a minha vista se escurecessem, é ficar sem força para resistir. Senti o meu corpo cair, e com as minhas últimas forças tentei me segurar em algo, mas não consegui a tempo. Apenas senti quando a minha cabeça se chocando com força em um objeto duro e acabei perdendo os sentidos, e desmaiando....
Naquela noite ela teve um sonho estranho. No sonho ela estava novamente naquela arvore antiga e enorme, lá ela se encontrou com a Malu novamente, sua loba que nesses dias não conseguia falar nem ouvi-la. Mas havia uma coisa diferente. Malu tinha crescido por uma palma e a sua pelagem era muito mais avermelhada como pôr do Sol. Além disso também havia algo diferente em seu olhar, seus olhos brancos olhava para ela como se não a reconhecesse, como se ela fosse um estranho.
- Malu? _ chamei confusa mas desta vez não fui respondida. Eu não estava conseguindo entender o motivo para que a Malu agisse assim então aos poucos me aproximei dela, talvez assim ela pudesse me reconhecer. - Malu sou eu, Ana, você não consegue se lembrar de mim? _ mas contrário do que imaginava, Malu se afastou rapidamente e começou a rosnar para mim como se encontrasse um inimigo.
Observando a sua reação era como se uma faca esfaqueasse em meu coração. Eu nunca imaginei que chegaria um dia que veria a Malu me tratar como uma inimiga.
-- Mal... _ minha voz foi interrompida por causa do alto rugido e rosnados vindo da Malu que se preparou e correu com os olhos cheios de ódio na sua direção. Olhando para aquilo, pela primeira vez senti medo da Malu. Eu queria desviar do ataque, no entanto, minhas pernas se prenderam no chão como raízes e não conseguiam mais se mover.
Por instinto coloquei meus braços em frente do rosto e fechei os olhos preparando para o impacto. Estranho, depois de passar algum tempo eu ainda não senti nenhuma dor. Hesitei um pouco antes eu abri meus os olhos novamente. Mas a visão em minha frente me fez ficar chocada.
-- Qualquer coisa? _ perguntou a fênix
-- Eu não me importo de morrer se a minha filha viver...
Eu olhava para aquela cena novamente em que minha mãe trocou a sua vida pela minha. Tudo era o mesmo, a cabana, o quarto, Kinbble e a fênix. Senti meu peito se apertar por causa da tristeza, apesar de tudo eu ainda não queria rever essa cena, isso só me fazia sentir ainda mais culpada e acreditar que por causa de mim ela perdeu a sua vida.
Vi quando o fogo da fênix brilhar no meu corpo bebê e da minha mãe e em pouco tempo depois um canto de choro de criança ecoou pelo o quarto. Kinbble olhou para o bebê em seu colo e finalmente pode sorrir com alívio, infelizmente, este sorriso logo desapareceu em seu rosto e o seu corpo balançou como se fosse cair em qualquer instante.
Se apoiou na parede e arrastou se corpo até na cama onde colocou o bebê. Carinhosamente deixou um beijo em sua testa e parecia que estava hesitante em deixá-la.
--Espero que um dia você possa me perdoar por não conseguir ficar por mais tempo ao seu lado.
Depois disso seu corpo começou a ficar transparente aos poucos ia sumindo, no mesmo instante batidas na porta destruiu o silêncio no quarto.
--Senhora você está aí? _ era a voz da parteira. Em seguida a porta do quarto se abriu. Quando a mulher se encontrou com aquela cena arregalou os olhos chocada. --Senhora você...
