Quando chegamos no andar de cima, acabei fazendo uma pausa apenas para observar melhor o que havia por aqui. Mas pelo jeito, não era nada demais, apenas um pequeno corredor com algumas portas. Mesmo assim, continuando sem dizer uma palavra a mulher acabou indo direção da porta a esquerda e a abrindo logo em seguida.
Também em silêncio continuei segui-la, porém, quando entrei naquele lugar não pude deixar de arregalar os olhos surpreendida com aquele lugar.
Diferente do estava lá em baixo, aqui já havia mais móveis que me dizia que o lugar em um quarto de alguém.
--Quem morava aqui? - Não pude deixar de perguntar, mas como eu já esperava a mulher não me respondeu. No lugar, foi até na mesinha aula da cama e abriu a gaveta retirando um pequeno baú e um livro.--Você fica com isso e a minha promessa está feito. - diz e empurrou aquelas coisas em meu braço.
--O que... - olhei para ela confusa já que eu não consegui descobrir o que aquela mulher maligna queria fazer. Mas quando percebi que logo ela ia desaparecer da minha vista, não tive outra opção a não chamar por ela.
--Ei, espera, você não me disse que ia me tornar mais forte?
--Eu já fiz a minha parte, agora é a sua vez. - disse com nenhuma emoção na voz. Pelo menos ela não me ignorava mais.
--Não consigo entender, o que você quer que eu faça? - a encarei com raiva, mas fui respondida novamente com aquela risada zombadeira.
--Tão idiota, se você acha difícil então me deixa eu te dar uma pequena dica. Por que você não começa com o mais básico, abrindo o baú ou ler este livro que esta em sua mão.
Mesmo sendo debochada daquele jeito eu ainda não disse nada, porque eu sabia que isso não ia dar em nada, então no final, acabei fazendo o que ela tinha dito. Peguei o baú e o abri. Mas logo depois acabei arregalando os meus olhos com o que eu via.
Parecia ser um colar mas...
Essa era uma bela jóia. A mais linda que eu já tinha visto em toda minha vida. Fiquei olhando bobamente até quando comecei a retirar a jóia do baú com toda delicadeza do mundo, só para poder ver melhor.
Pelo o que pude ver, era realmente um colar. Tive um impulso de colocar no pescoço. Bom, no final acabei fazendo isso. Agora feliz, acabei abrindo um largo sorriso.
--Já cansou de brincar com a jóia? - com a voz daquela mulher acabou estragando a minha felicidade. Parei de sorrir e fechei a cara.
--Esse colar é seu? - perguntei por curiosidade, já que eu estava surpresa para ela ter me entregado uma jóia tão bonita.
--Não. - respondeu seca como sempre.
--Então de quem era? - ainda eu não desisti, mas a mulher acabou demorando a me responder o que fazer estranhar. Porém, logo deu a sua resposta:
--De ninguém. - disse ainda rude mas nem importei com isso já que acabei ficando surpresa que um colar tão bonito não teve nenhum dono antes.
--Realmente era de ninguém? - novamente houve o silêncio daquela mulher, não era como se ela me quisesse me ignorar, era mais como se ela realmente estivesse incomodada com alguma coisa. --O que foi? - perguntei mas não esperava conseguir obter uma resposta tão cedo.
--Isso era destinado para apenas uma única pessoa, mas ela foi tão burra para acabar desistindo de tudo só para escolher um caminho sem volta. - mesmo que a sua voz estivesse fria eu ainda podia sentir a raiva através dela, o que me deixou boba já que eu não imagina que tal sentimento viria desta mulher.
--Essa mulher que você fala... - pressentindo algo de ruim sem querer acabei me lembrando daquela conversa de antes. Agora pensando melhor, ela parecia me conhecer muito bem e não apenas a mim, como a minha mãe também.
--Pela sua expressão você já deve te percebido de quem eu estava referindo. Sim, você é igualzinho que aquela garota ingrata. - resmungou em aborrecimento. Estranhamente, ela não esrava utilizando aquele tom de deboche que eu estava começado a acostumar.
--Você conhece mesmo a minha mãe? - olhei para ela com expectativa já que até hoje eu não ouvi muitas. Sueli e o Jorge normalmente não falavam muito, talvez estivessem com medo que eu ficasse ainda mais entristecida com a sua falta.
--Oh, digamos que sim. - riu baixinho, mas por algum motivo aquela risada causou arrepios em todo meu corpo.
--C-Como você a conheceu? - tentei ignorar aquele desconforto mas mesmo assim alguma coisa estava me incomodando.
--Você quer mesmo saber? - passo a passo começava a se aproximar, e como na outra vez tentei manter um distância segura entre nós.
--C-Claro... - hesitei um pouco, infelizmente acabei levando um susto quando ela acaba conseguindo destruir o meu pequeno espaço.
Aproximou seu rosto e quando chegou bem perto da minha orelha acabou dizendo em um sussurro:
--Isso é porque eu a crie deste que era um bebê, ou melhor, eu sou algo como vocês humanos chamam de "mãe"...