Capítulo CINCO - A viagem

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Liberdade! Era isso que Ágata sentia naquele momento. Só não era uma liberdade completa porque duraria apenas sete dias, mas tinha certeza de que seria a melhor semana de sua vida.

Queria aproveitar ao máximo a praia, a comida, ir ao Instituto de Biologia, aliás, era o que mais queria. Estar junto com os animais e plantas era o que mais gostava. Se pudesse, seria bióloga, viajaria por todo o mundo pesquisando e conhecendo várias espécies de plantas e animais, dessa forma contribuiria verdadeiramente com algo notável para o mundo.

Mas tinha de encarar a realidade: sua mãe nunca permitiria que isso acontecesse. A menos que criasse coragem de enfrentá-la, teria de ser modelo pelo resto de sua vida.

Ao chegarem à casa de praia, na tão aguardada Angra dos Reis, Cris foi correndo olhar cada cômodo, realmente era uma linda casa. Dois quartos com vista para a praia, que ficava a cinco minutos dali. Uma enorme sala com decoração bem natural, várias plantas, inclusive havia uma árvore na sala, bem diferente. Enfim, a casa parecia aquelas que se vê nas revistas de decoração.

— Ai, que alegria! — Ágata se jogou de braços abertos no enorme sofá marrom da sala. — E pensar que não escutarei a voz da minha mãe, nada de nutricionistas, nada de fotógrafos, desfiles, nada, nada...

— Vai segurando a alegria, porque é só por uma semana! — Cris se sentou no outro sofá olhando à sua volta, impressionada com a decoração. — Nossa, a reforma ficou ótima hein? Essas plantas, os móveis, até essa árvore aqui ficou bem... bem exótico!

— Será que os rapazes vão jogar vôlei hoje? — Cris jogou uma almofada em Ágata. — Que foi, sua chata? Você sabe que amo assistir uma partida de vôlei — explicou, sorrindo.

— Sei... você gosta de assistir os músculos dos jogadores, melhor dizendo. Danadinha! — Cris abraçou uma almofada, em seguida olhou para Ágata fazendo um bico. — Falando nisso, te contei que terminei o namoro com o Daniel?

— O personal trainer? De novo? — Assustou-se Ágata sentando no sofá.

— De novo o quê? — Ela fez uma pausa com expressão de surpresa. Depois, olhando para a almofada, admitiu com a voz levemente aguda: — Está bem, é a quarta vez, mas você sabe, né? Ele é muito ciumento. Não gosta das constantes viagens que tenho de fazer para te acompanhar. Já expliquei que sou sua assessora, mesmo assim ele fica enchendo o saco.

— Me deixa adivinhar: vocês discutiram e você terminou! — Ágata jogou a almofada na amiga e prosseguiu, sorrindo: — Mas vocês vão voltar, não dou nem dois dias. Te conheço, você gosta dessas coisas. Uma emoção a cada semana! Vocês vão acabar casando.

— Com ele, não. Mas tenho certeza de que aparecerá meu príncipe encantado e nós sairemos cavalgando em um cavalo branco.

— Antes disso, você terá de emagrecer uns quilinhos, princesa. Senão, o cavalo não vai aguentar carregar vocês dois. — Soltou uma gargalhada e Cris devolveu com uma careta, mas em seguida começou a sorrir também. — Você é a gordinha mais fofa e linda que existe. — Completou, fazendo voz de dengo.

— Oh, amiga falsa! Me chama de gorda e para suavizar me chama de gordinha, vou ficar com depressão —brincou, se levantando e olhando no espelho. — Nem estou tão gorda assim.

Cris se considerava "cheinha", como ela mesma dizia. Tinha pele marrom-bombom, belos cabelos cacheados até os ombros, olhos beirando a cor verde e sempre estava de bom humor. E se tornara assessora de Ágata havia cinco anos. Claro que com o tempo tornaram-se amigas inseparáveis, compartilhando as alegrias e os dramas.

— Mudando de assunto, você nem terminou de me contar aquele negocio lá do paparazzo que invadiu o condomínio...

— Ah, é verdade. Pois é, minha mãe ficou uma arara com isso. Você precisava ter visto. Foi hilária a forma como ela ficou depois de ter passado uma hora dando bronca nos pobres seguranças. Lembra que ontem no estacionamento eu estava assustada? — Cris balançou a cabeça indicando que lembrava. — Possivelmente era ele me fotografando... inclusive aquela que foi publicada hoje no jornal onde eu aparecia chorando. — Levantou as mãos — Graças a Deus não era nenhum bandido.

— Mas seria quase impossível ser um bandido, o condomínio tem uma ótima segurança e o estacionamento da revista também. Não sei se você se lembra, mas para entrar tem que ter cadastro.

— Se o paparazzo entrou facilmente nesses dois lugares, você acha mesmo que um bandido não conseguiria? Minha mãe mandou reforçar a segurança, ela só não enviou uma tropa para cá por saber que Angra é seguro, por isso tivemos que vir de helicóptero.

— Complicado. — Ela bocejou, esticando os braços. — Ainda bem que nada de ruim aconteceu.

— O mais estranho é que conhecemos todos os paparazzi que costumam tirar fotos minhas. — Amarrou os cabelos em um coque. — Alguns eu conheço desde quando era criança. Eu até faço poses para eles. Mas esse, pelo o que o meu pai me falou, é um jovem, não deve ter mais que 25 anos...

— Você não assistiu ao vídeo?

— Para ser sincera, eu não prestei atenção, minha mãe estava tão eufórica que... Deus me livre! — Ela sentiu sua barriga roncar. — Agora me deu uma fome... vamos almoçar no restaurante aqui perto e depois vamos à praia?

— Exatamente! — Cris se levantou com tamanha empolgação que parecia até uma criança quando fica sabendo que vai comer algodão doce.

Ágata simplesmente balançou a cabeça e deu uma gostosa gargalhada, sentindo o alívio de estar longe de tudo aquilo que odiava. 


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abraço. 

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