Glamour Entre o Amor e a Vingança

Capítulo OITO - O começo de um sentimento

A vida pode ser surpreendente e o que imaginamos ser o melhor para nós, pode não ser exatamente o que queremos ou planejamos. É como uma lei da sobrevivência, que, em muitos casos, está além de nossas capacidades. Andrew não conseguia aceitar o fato de ter se divertido com Ágata no dia anterior. Mais que isso, ele havia gostado de estar com ela. Sua risada, simplicidade e inocência o tinham cativado.

Mesmo depois de ter passado o dia inteiro ao seu lado, quando chegou à pousada onde estava hospedado, bem depois das 21h, sentiu saudades. Mas como isso é possível? Em tão pouco tempo?, pensou ele durante toda aquela noite, sentindo-se um idiota.

Aquele dia havia sido verdadeiramente intenso. Ele viu, finalmente, que aproximar-se de Ágata não tinha sido a tarefa mais complicada como imaginara. Não acreditava em destino, mas a vida os tinha aproximado de forma surpreendente. Teve a impressão de que tudo estava cooperando ao seu favor, como se a vida também enxergasse que ele queria apenas justiça. Que sua vingança não era de todo um mal. Era justa, pelo menos aos seus olhos.

Tinha que concordar que fora agradável almoçar com ela, depois de passarem toda a manhã no laboratório. Mais engraçado ainda fora presenciar uma modelo comendo feijoada e repetindo três vezes. Como ela consegue manter aquele corpo sarado e magro? Perguntou-se todas as vezes que Ágata repetiu o almoço.

Quando voltaram ao Instituto de Biologia, um pouco depois das 15h, a vontade de ambos nem era mais ficar andando por ali, queriam conversar sobre suas vidas, emoções, sentimentos. Queriam se conhecer melhor — algo que estava acontecendo naturalmente e rápido demais.

As novas instalações e pesquisas que estavam sendo desenvolvidas nem mais interessavam a Ágata. Andrew era o seu foco. Ele era mais interessante.

Andrew havia percebido que Ágata falava de sua vida com facilidade, parecia confiar nele e, embora a conversa estivesse atraente, ele tinha de se policiar para não contar, entre uma conversa e outra, detalhes importantes do seu passado, que não queria compartilhar e nem devia. Afinal, tinha um objetivo a atingir. Não estava ali por acaso, nem conversava apenas por conversar.

Quando estava hipnotizado por seus pensamentos, uma mensagem chegou ao celular, que estava em uma mesinha ao lado de sua cama. Esticou seu braço direito e pegou-o, na esperança de ser alguém especial, talvez Ágata, já que haviam repassado seus números, mas decepcionou-se ao verificar que era a operadora oferecendo pacotes promocionais. Era só o que me faltava, em plena madrugada! Esbravejou, arregalando os olhos ao perceber que já eram duas da manhã e não havia dormido, nem estava com sono. Gastou tempo demais concentrado em seus pensamentos, ou melhor, nos últimos acontecimentos.

Deitou-se com as mãos debaixo da cabeça e por alguns segundos ficou olhando para o teto; precisava traçar novos planos para sua vingança, mas, pelo menos de uma coisa ele podia ter certeza: havia conquistado a confiança de Ágata. E dali para a frente estava mais fácil dar sequência ao seu plano; a saber, fazer a jovem modelo apaixonar-se por ele. Por enquanto, porém, o mais importante era descansar. Por isso, resolveu dormir e deixar os planejamentos para o dia seguinte.

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Assim como a brisa refrescante passa rapidamente, assim foi a noite para Ágata. Em um instante, já era dia. Aliás, que dia maravilhoso! Ponderou ao esticar os braços, enquanto olhava a paisagem pela varanda. O céu estava azul turquesa, o sol parecia mais radiante, os pássaros cantavam sem cessar, um som melodioso, que ecoava como música para seus ouvidos. Por um instante, sentiu-se uma princesa em um filme da Disney. Até sentiu vontade de cantar. Sim, ela estava feliz. Muito feliz. Nem se lembrava da ultima vez que se sentira assim. O dia anterior havia sido mágico. Tinha feito muitas coisas que gostava e, principalmente, havia conseguido um amigo novo. Que amigo lindo, diga-se de passagem! Pensou, se olhando no espelho.