Capítulo DOIS - O Sonho Obscuro

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Ágata passeava pelo shopping, olhando as lojas com calma, curtindo aquele momento. Mas havia algo diferente, tudo parecia mais escuro, sombrio, as luzes estavam fracas. Estranho, muito estranho, concluiu. Do nada as luzes se apagaram, havia só escuridão, e no desespero, correu, mas suas pernas pesavam mais que o normal, tudo girava. Sentiu alguém a segurar por trás e, sem explicação, não conseguia se defender. Era um homem a segurando, e com uma faca começou a arrancar sua orelha. Ágata gritava, pedia para ele parar, prometia dar-lhe todo seu dinheiro, mas o cara continuava gargalhando loucamente.

— Ninguém vai te ouvir, pode gritar à vontade! — Dizia a pessoa com uma voz rouca de dar medo.

Por mais que suplicasse, choramingasse, ele continuava. Era o seu fim, ficaria sem orelhas e pior: perderia a vida.

Quando não aguentava mais, Ágata acordou do pesadelo, ofegante e suada. Estava na cama, em sua mansão, sã e salva. Sentou-se, pegou em suas orelhas e agradeceu a Deus! Em seguida levantou-se, foi até a enorme janela, abriu as cortinas, saiu para a varanda e ficou olhando o nascer do sol. Era uma cena deslumbrante! O céu estava naturalmente pintado de rosa e laranja. Sentiu a brisa beijar seu rosto e fechando os olhos, pensou em tudo que acontecera no dia anterior e em seu sonho. Em seguida, voltou ao quarto e olhou sua imagem no espelho.

— Eu preciso parar com esse medo. Talvez, o que aconteceu ontem tenha sido tudo imaginação. Quem estaria me observando? Ainda mais em um estacionamento privado? Ninguém vai arrancar sua orelha Ágata, ponha isso na cabeça!

A jovem modelo sempre foi exagerada, toda vez que se impressionava com algo, sonhava à noite. Mesmo assim, por mais que tentasse se convencer de que não havia ninguém a observando no dia anterior, não conseguia parar de pensar no assunto.

Foi assim durante todo o percurso para a praia, quando foi com Cris depois do ensaio fotográfico. Aliás, que ensaio chato! Aquelas roupas eram ridículas, pensou ela. Mas tudo bem, nenhuma tensão que Angra dos Reis não resolvesse. Logo passaria uma semana longe de tudo, principalmente longe de sua mãe, e então poderia comer o que quisesse sem ter que ouvi-la lembrar da "bendita" dieta. Estava ansiosa também para passar algum tempo junto à natureza. Amava estar em um belo lugar cheio de mata e animais, era seu habitat. E aquele ambiente, calmo, sossegado e cheio de ilhas era um pedaço do paraíso!

Mais tarde, sua mãe e seu pai estavam à mesa para tomar o café da manhã. A família não era grande, Gisele nunca quis ter filhos, pois não queria "estragar o corpo", como ela mesma dizia. Se fosse por Gerson, seu marido, teriam onze filhos homens, pois sempre tivera o sonho de montar um time de futebol.

— Querido, pare de ficar lendo o jornal enquanto comemos. Coisa irritante! Devíamos estar conversando.

Gerson olhou para ela, ajeitou-se na cadeira e mudou de página. Poderia até argumentar em defesa, contudo ele sempre lia o jornal de manhã antes de ir para a empresa, e todos os dias a esposa reclamava. Parecia até um tipo de tradição.

— Será que a Ágata não vai tomar café conosco? É o segundo dia que ela não vem. Até quando terei que dizer que essa ocasião é sagrada?

— Talvez esteja em algum compromisso que você marcou. — Gerson caprichou no sarcasmo.

— E você, sempre do lado dela! Se não fosse por mim, a Ágata não seria o que é hoje, meu bem.

— Seria mais feliz, eu creio!

Gisele o encarou por alguns segundos com os olhos levemente fechados, apoiando os cotovelos na mesa e entrelaçando as mãos perto do rosto.

Glamour Entre o Amor e a VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora