Capítulo TRÊS - O Plano de Vigança

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Que ótimo! Acidente era a pior coisa que podia acontecer. Agora permaneceria por um longo tempo no trânsito, naquele engarrafamento gigantesco. Sim, esse parecia o seu dia. Não bastava ter quase morrido nas mãos daqueles guardas e ter perdido todo o seu trabalho, agora teria de ficar preso dentro do seu carro, que não tinha ar-condicionado, no calor sufocante do Rio de Janeiro e ao lindo som das buzinas.

— Anda rápido pé de cachorro! — Gritou para o motorista à sua frente. Era incrível como estar em um engarrafamento o deixava irritado. Aproveitou e ligou para sua mãe e foi informado por sua tia que ela ainda estava dormindo, embora já fossem 11 horas, pois tivera uma noite difícil e dormira já de madrugada. Ao desligar, ele sentiu uma dor no coração, isso acontecia toda vez que lembrava o que sua mãe havia passado durante todos aqueles anos.

Quando fechava os olhos, era possível lembrar-se dela deitada no leito do hospital, conseguia sentir o cheiro daquele lugar. A sensação de nunca poder vê-la verdadeiramente viva e a tristeza de ouvir outras crianças rirem dele na escola dizendo que não tinha mãe, aparecia perfeitamente em sua mente, mesmo tendo acontecido havia muito tempo, quando era criança.

Tinha sido criado por seus tios Eunice e João como se fosse filho deles, desde um ano de vida, exatamente no momento em que sua mãe sofreu o acidente e entrou em coma.

À medida que crescia, Andrew quis saber o que havia acontecido e a razão de sua mãe estar naquela situação. Seus tios não lhe esconderam a verdade, contaram quem foi a responsável e que, por não terem provas, a justiça havia arquivado o inquérito.

Porém, desde a adolescência, o desejo de vingança começou a se desenvolver. Ele queria que os responsáveis pagassem por tudo, não só em dinheiro, mas que sentissem na pele as perdas que ele mesmo teve. Isso aumentou quando sua mãe acordou do "sono profundo", exatamente um ano antes — era assim que ele chamava o coma, uma forma de eufemismo.

Mal pôde acreditar! Finalmente sua genitora poderia conversar, mesmo que devagar, mas com a ajuda de um fonoaudiólogo o problema na fala seria resolvido. Muitos outros tratamentos teriam de ser feitos, já que ela tivera muitas queimaduras pelo corpo.

Balançou a cabeça, tentando esquecer aquelas lembranças, esfregou a mão na nuca e concluiu que o importante agora seria colocar o seu plano em ação.

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Depois de duas longas horas no trânsito, a primeira coisa que fez ao chegar à sua casa foi se jogar na cama. Estava exausto! Passou alguns segundos olhando o teto, digerindo tudo o que tinha acontecido. Em seguida levantou-se, pegou algumas fotos de Ágata que estavam em cima de uma mesinha marrom e percebeu que ela tinha um olhar sereno, era de fato bonita.

A parede do seu quarto estava decorada com um tipo de linha do tempo, com recortes de jornais sobre Ágata e Gisele, além de outras imagens que ele mesmo havia fotografado.

— Licença! — Disse Eunice entrando a passos lentos. — Seu tio me ligou e falou o que aconteceu mais cedo. — Andrew apenas a olhou e não disse nada. — Meu filho, pare com esse desejo bobo, não te levará a nada.

— Não se mete nisso, tia! Se existe uma coisa de que não abro mão é de justiça.

Ela se aproximou, pegou em seu rosto e disse:

— Eu não quero que nada de mal te aconteça. A sua mãe não devia ter te incentivado a continuar com essa vingança. Pessoas inocentes poderão sofrer!

Glamour Entre o Amor e a VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora