Capítulo 1 - Um novo sócio

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Juliana Narrando

A caminho do trabalho me deparo com o parque que corta o meu apartamento até o Jam&Roller, e decido então aproveitar a bela manhã ensolarada para admirar a paisagem do parque. De repente o celular vibra na bolsa avisando a chegada de uma nova mensagem. Desbloqueando a senha vejo que na verdade havia chegado um e-mail dos sócios convocando todos os líderes da empresa para uma reunião no final da tarde.

Fiquei de certo modo assustada, desde que havia chegado ali, havia alguns meses, nunca fizeram uma reunião com todos os lideres, e por algum pressentimento ou sexto sentido fiquei com um certo medo do motivo da reunião. O medo ficou maior pois acabei me lembrando do acidente que havíamos passado dois meses atrás, onde a pista e uma pequena parte do Jam&Roller ficou queimada e tivemos que usar alguns recursos, quase fechando o local. Só espero que não façam nada precipitado pois agora estamos voltando ao normal.

- Sai da frente! - Ouvi um grito e um barulho alto de patins que me assustei antes mesmo de quase ser atingida.

- Luna! - Ela freou se virando para mim. - Que isso menina, não se anda assim de patins. Poderia ter me machucado ou se machucado.

- Desculpa Juliana, - Luna ficou preocupada e começou a falar rápido - foi sem querer, perdão. É eu tive um sonho muito estranho e isso me fez acordar tarde, com isso me atrasei e decidi vir de patins para ver se chegava mais cedo na escola e...

- E veio andando que nem uma louca? Cuidado Luna, assim vai acabar se machucando e isso não é bom. Agora vai para escola, vai, se não vai se atrasar. - A menina sorriu e voltou a patinar, só que sendo mais prudente. - E cuidado. - Gritei.

Aquela pequena menina era uma pequena versão de mim quando tinha a idade dela. Eu era assim toda desesperada, sonhadora e cheguei onde cheguei. Ela vai voar longe e fico grata por ser sua "mentora" nesta jornada.

Abrindo a porta do Jam&Roller encontro o local todo bagunçado, almofadas no chão, copos e vasilhas sujas, cadeiras fora do lugar. Os meninos encarregados disso ainda não haviam chegado e nem feito o serviço na noite anterior, desobedecendo uma das regras. Ouço um pequeno barulho de sapatos e olho para trás, logo me deparo com os três funcionários incompetentes.

- Opa, opa, opa, ora vejam só se não são os maravilhosos meninos que até onde eu sabia tem a obrigação de limpar e arrumar o Jam&Roller quando acaba o expediente, vocês os conhecem? Podem ir me explicando o que aconteceu? - Cruzei os braços, ergui as sobrancelhas e esperando uma resposta.

- Então neh?! - Começou Pedro passando a mão no cabelo enquanto os meninos se olhavam para ver quem iria dar a resposta primeiro.

- Acabamos indo em um show e não daria tempo de arrumar tudo, então viríamos mais cedo, mas ... - Simon respondeu.

- Mas o sono estava tão bom que esqueceram que tinham tudo isso para arrumar? - Falei sendo irônica. - Não fazem mais isso, além de ser uma enorme falta de responsabilidade, desobedecer uma regra não é legal. Agora andem, vão arrumar tudo e rápido, tenho algumas coisas das quais preciso arrumar.

- Juliana? - Nico chamou. Eu me virei curiosa para ouvir o que estava por vir. - Podemos ensaiar hoje à tarde, precisamos montar novas músicas e começar a pensar em fazer shows.

- Se tudo der certo e não tiver muito cheio não vejo o porquê. Mas lembre-se, clientes são prioridade. - Pisquei e deu um leve sorriso, sei o quanto aquela banda é importante para eles. - Que bom que chegou atrazadinho. - Mattew atravessa a porta ainda meio sonolento. - Se quer mesmo ter uma carreira musical, primeiro precisa trabalhar, vamos, os meninos já estão lá. - Ele caminhou até a cozinha onde os outros estavam.

Na pista de patinação olho para todos os lados, sinto uma vontade grande de criar algo ali, montar um evento, convidar pessoas para conhecer o lugar, e assim conseguir mais lucro. Novamente voltei meus pensamentos para a tal reunião e me preocupei com o que poderia vir.

"Qual seria o motivo da reunião?" – Pensei em todas as possibilidades, mas nada me confortava. Respirei fundo e voltei ao que estava fazendo, organizando papeis e ideias.

Então decidi dar uma fiscalizada no Roller, verificar se os meninos já haviam arrumado tudo e se já havia aberto o bar. Ao conversar com alguns clientes contestei que estavam satisfeitos e que o trabalho dos meninos havia sido satisfatório, mesmo com aquele imprevisto, digamos assim. Com tudo em ordem e com algumas pessoas fazendo seus pedidos, decidi fazer uma ligação para saber o real motivo da tal reunião.

(Ligação on)

Ao atender pergunto a secretaria:

- Olá, bom dia. Gostaria de saber qual o motivo da reunião que foi marcada para esta tarde? Poderia me informar? – Perguntei.

- Quem está falando? – A secretaria de voz doce e suave perguntou.

- Juliana, também conhecida como Marisa Mint. Sou a administradora do Jam&Roller.

- Sim, está na lista da reunião nesta tarde. Bem, a reunião é sobre a entrada de um novo sócio da corporação, ainda não é confirmada, mas a reunião de fato é sobre isso. Pelo menos é o que soubemos aqui no escritório. – Deu para ouvir um sorriso leve da secretaria.

- Novo sócio?

- Sim senhora!

- Bom, poderia me informar qual seria o nome dele? – Pergunto meio preocupada, não podia deixar alguém acabar com o meu local de trabalho.

- Deixe me ver... – Barulhos de papel sendo movimentados. – Se chama Gary Lopez.

- Gary? – Um nome diferente, pensei. – Obrigada pela informação. Bom trabalho e até mais tarde. – Falo em um tom animado.

- De nada, e bom trabalho também.

(Ligação Off)

Gary Lopez. Nunca tinha ouvido falar deste nome, mas a de dar uma checada na internet. Para se aliar a corporação deve ser rico. No celular mesmo digitei o nome e apareceram algumas notícias referente ao nome pesquisado. Dizia ser um empresário argentino, dono da empresa Red Sharks que tem uma filial no Brasil. 40 anos de idade, 15 de carreira, parte no surf e outra como empresário, atualmente solteiro, mas já foi casado. Até agora nada de mais, quem sabe ele não ajuda em algumas despesas do Roller, o incêndio que quase destruiu a pista fez muitos estragos que ainda precisam se concertados, mas para isso precisamos de verba.

De volta ao trabalho, decido olhar as prateleiras e verificar se não a nada faltando. Checado. Por enquanto apenas precisamos de mais guardanapo e algumas frutas, copos limpos o suficiente para atender a demanda da tarde. Tudo perfeito até ouvir o sininho do balcão tocar. Olhei para trás e me deparei com um homem alto, cabelo loiro escuro, estava usando óculos escuros e vestia uma roupa elegante, de fato era um homem de se chamar a atenção.

- Posso ajudar? – Perguntei um pouco confusa.

- Sim, claro. Poderia me dar seu telefone? – Perguntou descaradamente.

- Como? – Fiquei sem entender, porque iria querer meu telefone.

- Dá para fazer menos perguntas? – Ele tirou os óculos, revelando seus belos olhos azuis.

- Só com o que me interessa. – Me aproximei mostrando autoridade. Me afastando e cruzando dos braços. – O que você quer?

- Em breve você verá. – Ele sorriu levantando um lado dos lábios fazendo charme. – Obrigado. – Colocou de volta os óculos ainda sorrindo e olhando nos olhos dela.

- De nada. – Sorri de forma irônica. Algo me dizia que ele é coisa boa, como se quisesse algo meu. Senti um sentimento de raiva arvorecer dentro de mim, algo nele mexeu comigo e não foi aqueles belos olhos azuis.

Com isso voltei ao trabalho, ainda tinha muitas coisas a fazer. Após do almoço fui para casa me arrumar e ir para a tal reunião importante com a corporação, além disso tinha que conhecer o novo futuro sócio chamado Gary Lopez, algo me diz que não vou gostar dele, porem talvez eu precise de suas finanças. 

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