Capítulo 3 - Conhecendo Jam&Roller

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Gary Lopez - Narrando:

O sol brilhava em Buenos Ires. Sempre gostei dos dias claros e das manhãs mais frescas com a leve temperatura do sol tocar o corpo.

Na pequena cafeteria beberico meu café e como mais um pedaço do croissant delicioso, isso enquanto termino a leitura de um livro de suspense muito incrível. Depois de marcar a página e pagar a conta decido fazer algo diferente do que tinha planejado para aquele dia. Metas são algo que faço constantemente e sempre as consigo cumprir, faz parte da minha rotina diária e meus planos são bem estruturados. E o que estava prestes a tirar do papel é mais um daqueles que vão me dar um bom lucro.

O celular tocou enquanto caminhava de volta ao apartamento para pegar algumas pastas e documentos.

- Alô. – Perguntei ao atender e não reconhecer o número.

- Gary? – A moça de voz doce perguntou.

- Sim, posso ajudar? – Peguei a chave abrindo a porta do apartamento.

- Sou Mariana, lembra de mim? Da faculdade e dos tempos que você era surfista.

Ouve uma pequena pausa até que eu me lembrasse de verdade.

- Mariana Simons? – Perguntei me recordando – A garota tímida que não fazia nada de "aventureiro", Mariana a nerd?

- Ok, assim você me magoa Gary, mas sim está mesmo. – Ela falou muito animada nas últimas palavras.

- Nossa nem reconheci sua voz. Parece que você mudou, como está?

- Ando muito bem ultimamente e sim, mudei bastante, já não sou aquela garota tímida, mas ainda sou a mesma nerd. E você como está?

- Bem, tudo está cada dia mais perfeito. Estou prestes a fazer um negócio de sucesso que me vai dar um certo trabalhinho, mas vai me render bastante. Mas como conseguiu meu número?

- Bem, eu tinha seu número desde a época da faculdade, e foi organizando meu novo celular que ainda é o mesmo chip descobri que ainda tinha seu número e decidi ligar, mas fiquei com um certo receio de você ter mudado de número, porem feliz por saber que não mudou.

- Nossa. Fico feliz de se lembrar de mim. – Na verdade eu estava achando aquilo meio estranho, mas feliz por saber que ela estava bem.

- Que bom. Ainda mora em Buenos Ires? Eu estou de viajem, vou passar alguns dias aí, o que acha de nos encontrarmos?

- Acho que vou passar minha vida toda aqui, então sempre estarei morando em Buenos Ires. Sim, seria legal nos encontrarmos.

- Ok então, fica marcado. Em breve te mando uma mensagem. Beijos Gary.

- Outro, Mariana.

E desligou o telefone.

Julie era uma garota bonitinha dá época da faculdade, mas sempre foi a mais tímida dos grupos, era até estranho ouvi-la falar desta maneira comigo. Acho que seria legal encontra-la e descobrir como estava, só teria que se encaixar a minha rotina longa dos próximos dias.

Visto uma roupa mais social, pego meus óculos escuros, algumas pastas e documentos. Tudo estava caminhando para dar certo, mas antes eu deveria conhecer o lugar que eu planejava modificar e lucrar, o Jam&Roller.

Estacionei o carro perto o suficiente e caminhando observava a fachada do lugar. Simples, mas um tanto elegante e esportivo, aliais ali era um centro de patinação com bar. As paredes de tijolinhos combinavam com as portas grandes de madeira e vidro onde estava a logo do lugar, além disso tinha uma pequena área verde. Assim que entravamos dava para observar o bar, um lugar cheio de cadeiras e sofás, um pequeno palco onde em alguns momentos cantores se apresentavam e o balcão de pedidos.

A música suave do lugar deixava tudo ainda mais aconchegante, mas nada daquilo era o que eu estava planejando, muitas mudanças seriam feitas e para melhor eu diria.

Foi então que vi uma mulher alta de cabelos lisos e longos. Ela estava de costas analisando uma lista na prancheta que segurava e conversava consigo mesma. Poderia dizer que algo nela o deixou um pouco desconfortável, talvez fosse a beleza de seu rosto que mesmo não vendo completamente dava para perceber ou até mesmo seu corpo estruturado em forma de violão cheio de curvas.

Suspirei e deduzi que ela seria a moça que administrava o lugar. Engoli seco e apertei o sino do balcão avisando que estava ali. O fato é que eu não sabia o que eu iria falar, mas improvisei.

- Posso Ajudar? – Ela virou rapidamente se desconcentrando do trabalho, e assim pude ver seu rosto bonito levemente rosado olhar para mim. Mantive meu charme e decidi pegar o telefone dela, já que trabalharíamos juntos por um tempo deveríamos ter como se comunicar.

- Sim, claro. Poderia me dar seu telefone? – Ela franziu a testa arrumando a coluna achando a minha pergunta um tanto confusa.

- Como? – Perguntou ela.

- Dá para fazer menos perguntas? – Resolvi tirar os óculos para dar mais charme ainda, geralmente isso fazia as mulheres suspirarem, ela no caso ficou com mais raiva ainda.

- Só com o que me interessa. – Ela se aproximou tentando mostrar que mandava ali. Senti seu perfume floral um tanto excitante, certamente combinava com ela. O que você quer? – Ela voltou para a arrumar a coluna.

- Em breve você verá. – Sorri colocando os óculos de volta. – Obrigado.

- De nada. – Sorriu de forma irônica, isso a deixou bonita, mas me deixou um pouco irritado, talvez não fosse tão fácil quanto eu acharia que seria, mas sei que será muito divertido.

Chegando na pista de patinação observo o lugar. Pista tamanho razoável para algumas pessoas patinarem, algumas cadeiras de arquibancada e a sala de armários. Lembro que a um ano este lugar foi sede de uma grande competição onde o Roller acabou ganhando, e acabaram ganhando muito não só em lucro financeiro, mas também em clientes. Porem a alguns meses a pista foi incendiada fazendo com que vários dos clientes parassem de vir aqui.

Por este motivo quero transformar este lugar em algo mais, algo melhor. Tudo estava a caminho de dar certo.

Depois do almoço rápido com alguns amigos e um banho, visto uma roupa social simples e entro no carro indo em direção a reunião onde eu seria apresentado como sócio da empresa. Olhando para trás eu nunca acreditaria que chegaria tão longe. Sei que fui "filhinho de papai", tive sempre o que quis ou quase, mas digamos que aquele último ano de faculdade me mudou muito.

Hoje só sou quem sou porque coisas aconteceram comigo e descobri que gosto do que faço, mas também gosto do que ganho em troca de todo meu esforço, digamos assim.


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