Capítulo 31 - Sentimentos e sensações

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Juliana – Narrando

Tudo estava lindo. A noite estrelada, o perfume do ambiente, a música que tocava e a beleza da mesa de jantar. Gary soltou minha mão empurrando a cadeira para me sentar e depois se posicionou na outra cadeira sentando a minha frente. Acendeu as velas aromáticas deixando o lugar lindo e com uma garrafa de vinho na mão encheu as taças.

- Está cheirando muito bem, deve estar muito saboroso. – Elogio o prato olhando para ele enquanto guarda a garrafa de vinho. – Sua mãe que lhe ensinou?

- Sim, esta é uma receita que aprendi com ela. – Me olhou curioso com minha pergunta.

- Creio que seja feito com o mesmo carinho dela. Pelo pouco que me contou deve ser uma boa pessoa.

- Aprendi muitas coisas com meus pais e minha mãe é uma pessoa realmente incrível. – Ouço o celular do Gary vibrar e depois começar a tocar. Logo se levantou e foi até a mesa de centro. Achei estranho ele não atender a ligação, não impediria ele de atender ninguém. Ele volta e aparenta estar um pouco tenso.

- Se quiser pode atender, não tem problema. – Falo enquanto ele tenta dar um sorriso não me encarando nos olhos. – Era uma ligação importante?

- Não, claro que não. Apenas a operadora telefônica. – Ainda parecia tenso. Estranho isso. – Vamos comer.

A massa estava fresca e muito saborosa e aquele molho me fez viajar em sabores, a cada garfada suspirava e desejava comer mais, além disso combinou perfeitamente com o vinho. Enquanto comíamos conversávamos sobre vários assuntos. Depois de algum tempo em silencio, começamos falando sobre a nossa infância, aquele era o momento perfeito para conhecer mais sobre ele.

Gary contou que sua infância foi bem aventureira, morando perto do litoral vivendo na praia com a areia nos pés e o vento no rosto. Era um moleque arteiro desde sempre, aos oito anos vivia com o grupo de surf e quase não ficava em casa, a não ser a noite. Sua mãe brigava sempre que entrava com o corpo cheio de areia dentro da casa limpa, não tinha jeitomesmo, mas era só chegar em casa, jantar e passar um tempo com os pais para depois capotar na cama e dormir à noite toda antes de acordar para ir à escola.

Contei um pouco sobre mim também, minha vida na escola sendo a "nerd" bagunceira pois sempre tirava notas boas na escola, mas era uma conversadeira que só, não parava de falar nem quando ia embora. Comecei a dar trabalho para minha mãe aos 12 anos quando ficava até tarde no parque no bairro onde morava, treinava bastante na época quem nem me dava conta do horário, só quando a barriga roncava ou minha mãe vinha brigando de longe gritando assustando o bairro todo.

- Não acredito que era assim, sério? Quando estava com os patins ia para o mundo da lua? – Gary falou depois de darmos uma boa gargalhada juntos.

- Acredite. Tudo o que eu queria era ser a melhor, boa o bastante para conseguir ganhar as competições. Me arrependo um pouco de ter dado tanto trabalho para minha mãe naquela época.

- Fico te imaginando jovem com os patins nos pés e a cabeça nas nuvens, mas focada nos seus sonhos. Bonito ver isso, são poucas as pessoas que fazem os sonhos se realizar. – Gary me olhava enquanto falava e colocava a última garfada da macarronada.

Eu sorri enquanto nos olhávamos e ficamos assim por um momento, apenas trocando olhares, respirando profundo, desfazendo sorrisos e sentindo os hormônios se aflorarem. Estes segundo quase minuto de sentimentos foi "quebrado" pois o celular do Gary começou a tocar novamente. Respirei profundo e peguei a taça de vinho e tomei um gole vendo ele analisar a chamada e desligar novamente. Percebo que volta a ficar tenso, queria entender o porquê.

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