blue neighborhood 乂 jung kook, troye sivan

Outubro, 2015

 Jungkook.

Meu pai se encontrava no mesmo estado.

Não entendia como aquilo era possível, os médicos faziam vários exames nele e ainda sim não sabiam como reverter a situação.

Eu tentava descobrir o que estava realmente acontecendo, mas ninguém me contava o que eu precisava saber. 

"Não sou mais uma criança!" dizia para minha mãe, mesmo assim ela mudava de assunto.

Sentia falta dos meus amigos.

Sentia mais ainda de Troye.

Não estava indo à escola, passava o tempo todo no hospital ao lado de meus pais, mas ainda sim fazia minhas provas e pegava as matérias com Brian que ia de vez em quando no hospital para me ver.

Gostava de quando ele aparecia lá, era como se traze-se"os velhos tempos" junto com ele, me lembrando de como tudo, de uma certa forma era bom antes do caos.

—Tem falado com...Troye? — perguntei hesitante enquanto fazíamos o trabalho de Sociologia na lanchonete do hospital que ficava no primeiro andar. A última coisa que eu queria que Brian pensasse era que eu estava a fim de conversar sobre o que havia acontecendo entre nós dois, mas precisava saber como Troye estava.

Não ouvia notícias dele a algum tempo, o quadro de meu pai mudava constantemente, uma hora boa e outra ruim, então minha mãe parou de sair do hospital e de ir na casa de Lauren.

—  Ele está bem, não 100% eu acho.—  Brian deu de ombros, seus olhos ainda concentrados no livro em suas mãos. —  as vezes o vejo meio perdido mas ele está dando seu jeito para superar...— Brian me encarou por fim.—  talvez se vocês conversarem pode...

—Fico feliz que ele esteja bem. — Encerrei o assunto que havia me arrependido de ter começado.

Não era a minha intenção ser rude com Brian mas só de pensar na possibilidade de Troye realmente me perdoar era uma esperança que eu não podia nutrir, já bastava a que eu tinha que ter sobre a recuperação de meu pai.

Encarei as duas pulseiras azuis que estava em meu pulso, depois que arrebentei a pulseira de Troye, eu a peguei e consertei novamente.

Nesse momento era a única forma dele está comigo.

— Jeon Jungkook!— Me deparei com as mãos de Brian balançando na minha frente.  —  ei! estou falando com você!

—Ah sim! O-oi —disse, piscando várias vezes para afastar meus pensamentos.

Brian voltou a falar do trabalho e eu o ouvir, passando os dedos pela pulseira.

***

Era madrugada, minha mãe estava dormindo na cama improvisada mas eu estava acordado estudando e pelo visto meu pai também estava acordado.

Quando minha atenção se voltou pra ele (o que eu acostumei fazer em 3 e 3 minutos), o mesmo apontou para a escrivaninha que ficava ao lado de sua cama.

Pelo visto ele queria conversar.

Me levantei e fui até ele pegando seu bloco e sua caneta, e lhe entreguei.

Trouxe minha cadeira mais próxima de sua cama para poder ler melhor.

Ele me mostrou o que havia escrito. Sua letra estava trêmula mas ainda era legível e mantinha sua linha fina como de costume.

"Está estudando?"

Eu sorri, óbvio que iria perguntar isso, normalmente só estudava quando ele dormia ou fazia exames e coisas que demoravam horas.

—  Sim pai, estou. Na verdade estava estudando agora, prova de física amanhã e também estava finalizando o trabalho de Sociologia.

"Sociologia? Isso agora virou matéria de escola?" 

Meu pai nunca foi bom com piadas.

— A muito tempo, meu velho. — disse arqueando as sobrancelhas entre meu riso, seus olhos se apertaram, do jeito que podia ele estava rindo também.

Sem conseguir me controlar meu riso se tornou rapidamente uma feição entristecida não conseguia ficar feliz por muito tempo sem Troye perto de mim.

Meu pai me encarava.

"Está tudo bem?"

 —  "Você"está bem? — retruquei a pergunta a ele, eu não estava bem mas não sei se iria lhe agradar os motivos.

"eu perguntei primeiro"

Eu esboçei um sorriso fraco e balancei a cabeça em afirmação.

Ele não escreveu mais.

Acho que estava cansado pelo esforço que estava fazendo, então peguei o bloco e a caneta e coloquei na mesinha ao lado.

Ele esticou os braços o máximo que conseguia, me chamando para um abraço.

Ele entendia que eu não estava bem, mas será que sabia o porque de eu não estar?

Além dele estar numa cama de UTI.

Mesmo assim eu pousei minha cabeça delicadamente em seu colo, enquanto suas mãos pousavam em meus cabelos, eu fechei os olhos deixando cair apenas uma lágrima em silêncio.