Mãe!

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Precisamos de pelo menos um amigo ou um amor sincero que entenda o que não dizemos!.

ANTA.

Dizem que a mágoa é um processo. Com fases.

BABACA.

E que separações são parecidas com a morte. O falecimento da pessoa que você era, da vida que você tinha planejado ter.

CRETINO.

A primeira fase é a da surpresa. Desânimo. Como uma daquelas árvores de uma floresta depois que um incêndio a estragou: queimada e oca, mas, ainda assim, continua em pé.

Como se alguém tivesse se esquecido de lhe contar que ela deve se deitar quando está morta.

DESCARADO.

Quer tentar adivinhar qual é a segunda fase?

Ah, claro, é a raiva.

O que você me causou, estou melhor sem você, nunca gostei de você mesmo: raiva.

ESTÚPIDO.

Não, isso é bobagem. Escroto.

Melhor.

O alfabeto de xingamentos? É um jogo que Deia e eu inventamos na

faculdade. Para descarregar nossa frustração contra os professores intocáveis e severos, que estavam dificultando nossas vidas.

Pode participar, se quiser. É catártico. E, por algum motivo, muito mais fácil quando você está no ensino superior.

FILHO DA MÃE.

Bom, do que estava falando mesmo? Claro, raiva.

GENTALHA.

Fúria é bom. Fogo é combustível. Vapor é poder. E a ira te mantém em pé, quando tudo o que gostaria de fazer é se enrolar em uma bola no chão, como um

tatu assustado.

HIPÓCRITA.

Aqui vai um fato para você: homens casados vivem dez vezes mais do que os solteiros. Mulheres casadas, no entanto, morrem oito anos antes do que as solteiras.

Está surpresa? Eu também não estou.

IDIOTA.

Pois homens são parasitas. Aqueles sugadores na floresta tropical, que entram pela sua genitália, depois depositam ovos nos seus rins.

E Peter Hernandez é o maior deles.

JUMENTO.

A comissária de bordo me oferece uma bebida de cortesia.

Estou no avião. Não mencionei isso?

Não aceito a bebida, estou tentando evitar o banheiro do avião. Tem muitas memórias lá. Memórias alegres, adoráveis.

KETCHUP.

Sabe, Bruno não gosta de voar. Ele nunca assumiu isso, e esse medo nunca o impediu de voar, mas eu percebia.

Voar exige que você entregue as rédeas para alguém, que deixe de lado a ilusão de controle. E sabemos que Bruno tem problemas de controle suficientes para encher todo o Grand Canyon.

Antes da decolagem, ele costumava ficar mal-humorado. Tenso. Em seguida,

depois que o sinal do cinto do assento desligava, ele sugeria uma viagem conjunta até o lavatório. Para aliviar a tensão um pouco.

Nunca podia recusar.

O Clube dos que Transam no Avião? Faço parte agora.

Louco.

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