Quando chegamos ao quarto do hotel em que Yago está hospedado, já havia escurecido.
Entramos tropeçando pela porta, cansados, sujos e risonhos. Me
estatelo no sofá, enquanto Yago pega um pedaço de papel no balcão da minicozinha.
Kate: Cadê a Evay?
Ele levanta o bilhete.
Yago : Ela voltou para Los Angeles. Disse que o ar poluído daqui estava invadindo seus poros.
Kate: Você não parece muito abatido em relação a isso.
Yago pega duas cervejas na geladeira e encolhe os ombros.
Yago: Tem muito mais de onde ela veio. Menos uma merda pra me encher o saco.
Ele senta no sofa tirando alguns folhas. Depois, alcança embaixo da almofada, tira uma sacolinha de plástico transparente e a joga para mim.
Yago : Você ainda enrola os melhores baseados aqui deste lado do Mississippi ou já foi assimilada pela coletividade?
Sorrio com malícia e pego a sacola. Enrolar um bom baseado exige concentração. Se você usar muita maconha, estará desperdiçando; se usar pouca, você acaba com o propósito.
É um processo relaxante. Como tricotar. Lambo a ponta do papel e aliso. Em seguida, passo para o Yago.
Ele olha com admiração.
Yago : Você é uma artista.
Ele coloca o baseado entre os lábios e abre seu isqueiro. Mas antes que a chama toque a ponta, bato e fecho a tampa de metal.
Kate: Não. Eu vou acabar fumando por tabela.
Yago : E daí?
Suspiro. Olho para Yago direto no rosto.
Kate: Estou grávida.
Seus olhos se abrem. E o baseado cai de seus lábios.
Yago : Tá brincando?
Mexo a cabeça.
Kate: Sem brincadeira, Yago.
Ele se inclina para frente, olhando para a mesa. Não diz nada por algum tempo, então eu acabo com o silêncio.
Kate: Bruno não quer. Me disse para fazer um aborto.
As palavras saem desconectadas. Monótonas. Porque ainda não consigo acreditar que são verdadeiras.
Yago vira para mim e sussurra:
Yago: O quê?
Aceno. E conto todos os mínimos detalhes da minha saída de Nova York.
Quando termino, ele está em pé, nervoso e andando de um lado para o outro. Ele murmura:
Yago: Vou dar um tiro naquele filho da puta.
Kate: O quê?
Ele faz um sinal para eu desconsiderar.
Yago: Nada
Depois, se senta e coloca uma mão na cabeça.
Yago: Sabia que ele era um idiota, eu sabia, porra. Mas nunca esperei que ele fosse um Garrett Buckler.
Toda cidade tem dois lados: um lado bom e outro não muito bom. Garrett Buckler era do lado bom de Greenville, onde há regadores automáticos e grandes casas de estuque. Ele era um veterano, estava no terceiro ano do Ensino Médio.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Renda-se 2
RomanceApaixonar-se é fácil, difícil é continuar apaixonada. Aguardem...