Depois que uma mulher descobre o que é capaz de sobreviver mesmo quando está morrendo de amor, ela aprende a não ter mais medo de dizer adeus pra quem não merece ficar.
Dizem que o ser humano passa, em média, um terço de sua vida na cama.
Oito mil trezentos e trinta e três dias. Duzentas mil horas.
Por que estou te contando isso? Porque você nunca devia se sentir mal em gastar dinheiro com roupas de cama decentes. Um bom cobertor é inestimável.
Quando você é criança, ele te protege do bicho-papão. E quando você não é mais tão jovem, mantém seus velhos ossos quentes.
Minha mãe puxa meu edredom para cima até meu queixo, me prendendo na minha velha cama, igual a uma criança de seis anos durante uma tempestade.
Depois do meu ataque na copa, ela me trouxe aqui em cima para o
apartamento pequeno, porém fofo, de dois quartos sobre o restaurante onde fui criada. Onde minha mãe ainda vive. O lar da minha juventude.
Ela seca as lágrimas que escorrem pelas minhas bochechas. Soluço e gaguejo:
Kate: S-s-sou… t-ã-ã-o… bu-rr-r-a.
Fui oradora da minha turma do Ensino Médio. Me formei na Faculdade de Administração Wharton.
Ignorância não é algo que conheço. Então, não consigo deixar de achar que deveria saber, deveria ter previsto que isso iria acontecer.
Afinal, vivi com Bruno durante dois anos. Quanto tempo leva para um leopardo mudar de lugar?
Ah, claro, eles não mudam.
Minha mãe tira meu cabelo do rosto.
Carol : Acalme-se, Katie.
Meus olhos estão inchados e meu nariz entupido, fazendo com que minha voz fique nasal e parecida com a de uma criança.
Kate: O q-que… i-rr-rei… f-f-azer, mãe?
Ela sorri tranquilamente, como se tivesse todas as respostas. Como se tivesse o poder de levar embora qualquer machucado até mesmo este , tão fácil… Igual quando ela costumava mandar embora a dor das minhas canelas inchadas e dos meus joelhos ralados.
Carol: Você vai dormir agora. Está muito cansada. Ela continua passando os dedos no meu cabelo. É consolador. Relaxante.
Carol: Durma agora… vá dormir, minha queridinha.
Meu pai tentou me ensinar a tocar violão, mas a voz puxei a da minha mãe.
Deitada na cama, fecho meus olhos pesados enquanto ela canta. Está cantando uma música da Melissa Etheridge sobre anjos que sabem que tudo vai ficar bem.
É a mesma música que ela cantou para mim na noite em que meu pai morreu, a noite em que ela dormiu comigo nesta cama.
Porque ela não aguentaria dormir na cama deles, sozinha.
Com a voz da minha mãe em meus ouvidos, eu finalmente esqueço.
E pego no sono.
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Sabe quando está com febre? Aí você fica deitado na cama, e vira e remexe os lençóis em volta das suas pernas? Você não está realmente dormindo, mas também não está acordado.
Tem alguns momentos em que está consciente, quando abre os olhos e percebe, meio desorientado, que está escuro lá fora.
Mas, na maior parte do tempo, tudo é apenas um borrão nebuloso.
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Renda-se 2
RomanceApaixonar-se é fácil, difícil é continuar apaixonada. Aguardem...