Renda-se 2

Furacão Deia

A pior coisa do mundo é quando alguém faz você se sentir especial, e de repente, te deixa de lado. E aí você tem que agir como se não se importasse.

Beijar o Yago é… legal. É familiar. Meigo.

Como achar sua antiga casa da Moranguinho no sótão dos pais. E você sorri quando a vê.

Você passa sua mão pela sacada e se lembra de todos os dias que

passou envolvida neste mundo inventado. É nostálgico. Uma parte da sua infância.

Mas é uma parte que deixou para trás. Porque, agora, você cresceu.

Portanto, não importa o quanto suas memórias sejam queridas, você não vai pegar a Laranjinha e a Ameixinha e começar a brincar.

O beijo termina e abaixo a cabeça. Olho para a camisa de Yago, Sabe aquele Verso, acho que é de uma música: se você não pode ficar com a pessoa que ama, ame a pessoa com quem está?

Isso se encaixa muito bem nesta situação.

Exceto pelo fato de que já amo o Yago. O bastante para tirar vantagem de sua devoção, o bastante para usá-lo para curar meu coração partido e ego ferido.

Ele merece mais do que isso. Yago Rogers não é o prêmio de consolação de ninguém.

E, com muito prazer, eu arrancaria os olhos de qualquer mulher que

tentasse torná-lo um.

Uma vez, ele me disse que eu não era mais a garota por quem ele tinha se apaixonado.

Apesar do quanto aquilo me machucou, do quanto aquilo fez eu me sentir incapaz na época, ele estava certo.

Não sou mais aquela garota.

Arrasto os olhos da camisa para o seu rosto.

Kate: Yago…

Ele coloca o dedo nos meus lábios, esfregando-os suavemente. Fecha os olhos e dá um suspiro.

Nenhum de nós se mexe por um instante, envolvidos, durante alguns segundos finais, no encanto do passado.

Em seguida, ele fala, quebrando o feitiço.

Yago: Estar aqui com você? É demais. Tão bom quanto me lembro, acho que até melhor. Parece… parece que temos que dar uma volta no DeLorean.

Sua mão segura meu rosto com ternura. 

Yago : Mas tudo bem, Kate. Foi apenas por um minuto.

Vamos voltar agora para o futuro. Não precisa significar algo além disso. Não precisa mudar o que temos agora, pois também é muito legal.

Aceno, aliviada. Grata por Yago saber como me sinto, sem precisar dizer nada. E que ele sente o mesmo.

Kate: Tudo bem.

Ele sorri.

Yago : Devia te levar para casa antes que Carol solte os cachorros. Ou pior, Amélia.

Rio. De mãos dadas, saímos do campo de patinação e deixamos todas as memórias para trás.

Vinte minutos depois, Yago para no estacionamento dos fundos do restaurante da minha mãe.

Ficamos sentados no caminhão em silêncio, lado a lado.

Yago: Quer que eu te leve lá em cima?

Kate: Não, não precisa. Eu consigo.

Ele acena devagar.

Yago: Então, vai rolar algum tipo de… clima estranho entre nós agora? Só porque demos um beijo de língua por alguns minutos?