Capítulo 14 A Cripta parte 2

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Com toda sua força, Davi golpeou várias vezes os dedos esqueléticos que envolviam Alice, até que a mão se abriu soltando a garota.

Alice caiu rolando sobre a mesa derrubando os candelabros e o restante dos livros que nela estavam, e apoiando-se no cabo de sua espada levantou-se rapidamente, preparada para o que viria a seguir.

Com um forte puxão a grande mão esquelética arrancou uma parte do teto da sala, e desceu ao meio deles de punho fechado como um meteoro arrebentando a mesa de mármore, e tudo em sua volta.

- Vamos depressa! - Gritou Arroto atravessando o portão, e sem perder tempo todos fizeram o mesmo antes que a mão gigante tentasse esmagá-los novamente.

Em seguida adentraram em uma sala pouco iluminada com dezenas de quadros pendurados nas paredes, onde belíssimas paisagens agora escondiam-se atrás da penumbra.

- Lux in Cubiculum! - Disse Júlia, segurando o livro com uma das mãos e com a outra apontando para o teto, nesse momento uma chama envolveu o lustre de vidro acima de suas cabeças e o ascendeu clareando toda a sala.

- Mandou bem maninha! - Disse Davi orgulhoso.

- Eu sei! - Respondeu Júlia, deixando escapar uma piscadela para o irmão.

- Acho que você deveria abandonar esse livro - disse Arroto. - Sinto que há nele um poder tão grande, o qual pode ser que um dia arrependa-se de possuir.

- Senti um cheirinho de inveja no ar - respondeu a garota segurando firme o livro contra o peito. - Ele é meu! - Gritou zangada. - Eu o encontrei! E vou ficar com ele!

- Tudo bem amiguinha, acalme-se! - Disse Arroto, notando que algo estava diferente em Júlia - só tome cuidado com todo esse poder, certo?

- Tomarei! - Respondeu a garota, envolvida pela áurea púrpura que agora faiscava ao redor de seu corpo.

Smilo rugiu esfregando sua cabeça contra o peito de Arroto em um gesto de consolo, o tigre conhecia muito bem seu companheiro, e sentira sua preocupação.

- Ei, Júlia! Será que você pode dar uma mãozinha aqui? - Disse Alice, que junto de Davi, tentavam empurrar um enorme armário, que tombado à frente de uma grande porta de madeira obstruía a passagem do grupo.

- Scrinium Levitate! - Disse Júlia, apontando o dedo indicador esticado para o armário, que saiu voando para o outro lado da sala.

Alice e Davi, empurraram a grossa porta de madeira revelando um novo salão funerário com dois sepulcros de concreto. Acima deles duas estátuas de bronze, onde um homem trajando uma magnífica armadura, e uma bela mulher de longos cabelos, estavam de mãos dadas, e de dedos entrelaçados uniam-se pela eternidade além da morte.

- Seria romântico se não fosse tão assustador. - Disse Alice, deslizando as mãos sobre sarcófago empoeirado da mulher.

- Devem ter sido pessoas importantes - disse Davi.

- Com todo certeza foram, e deve ter muito ouro ai dentro - respondeu Arroto, cheio de segundas intenções com os túmulos.

- Não acho isso certo Arroto - disse Júlia enquanto o rapaz forçava a tampa do sarcófago.

- Olha só quem quer dar lição de moral! - Respondeu Arroto. - A ladrazinha de livros!

- Ei! Essa ofendeu - disse Júlia. Arroto gargalhou.

Mas Arroto não tivera tempo de abrir nenhum dos túmulos, pois os corpos mumificados que neles estavam, fizeram o próprio trabalho ao serem ordenados pela criatura que adentrou a sala naquele momento.

As Crônicas de Gaillardia As Crianças, o Unicórnio e o Bruxo (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora