Capítulo 17 Sem tempo para lagrimas

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Arroto e Davi foram arrastados até a cozinha da taberna pelo grandalhão ruivo, que rapidamente trancou a porta enquanto os interrogatórios continuavam. Dessa vez foram os músicos os escolhidos. Os três Sátiros foram brutalmente assassinados, ambos tiveram as gargantas cortadas por não saberem onde estavam os forasteiros que o homem procurava. Para azar de todos que foram mortos ao serem interrogados, e para sorte de Arroto e Davi, aquele lugar estava sempre abarrotado de peregrinos, que iam é vinham, a todo o tempo. Dificilmente rostos diferentes eram notados na multidão, e passavam despercebidos para maioria, mas não para o dono da Taberna, pois ele sim não se esquecia de rosto algum. E naquela noite, ele sabia que a dupla de forasteiros estava em uma enrascada muito além da própria compreensão deles.

- O que acham que estavam prestes a fazer? - Sussurrou o homem, apanhando um enorme machado, que estava pendurado na parede ao lado do fogão à lenha.

- Nós íamos matá-los! - Disse Arroto, com fúria nas palavras.

- Matá-los? - Perguntou o homem, enquanto empurrava um armário contra a porta da cozinha.

- Sim todos eles - disse Davi.

O homem virou fitando os dois jovens, e seus olhos desnivelados giraram com certa dificuldade para enquadrá-los.

- Eu já estive em muitas batalhas - disse - e já vi Elfos morrerem antes - continuou - mas não daquela forma. Os Elfos, são seres muito poderosos. São guerreiros habilidosos. Acreditem, aquele homem, quem quer que ele seja, é algo além de vocês dois. E não deveriam se meter no caminho dele. Então se vocês são os dois forasteiros que ele procura, deveriam sair por aquela janela agora - disse apontando a veneziana aberta do outro lado da cozinha. - E se por acaso, de alguma forma, adquiriram algo que pertence a ele, é melhor que devolvam. Pois aquele tipo de homem, não vai parar até conseguir o que procura.

Davi viu-se em um beco sem saída. naquele momento o menino precisava de ajuda. E não via outra maneira de conseguir, a não ser contando a verdade.

- Eu carrego comigo, uma coisa muito importante! - Disse, retirando o colar do pescoço.

O homem ficou paralisado, ao ver chave e o pequeno quartzo brilhante pendurados na corrente.

- Não pode ser! - Disse, esfregando os olhos. - Essa só pode ser a chave dos mundos!

- Chave dos mundos? - Perguntou Arroto, confuso.

- Sim, essa pequena chave dourada, é capaz de dar a quem a possuir, o poder de atravessar à barreira entre os mundos.

- Isso só pode ser brincadeira! - Disse Arroto.

- Então o senhor conhece à história? - Perguntou Davi.

- Ei! Quer dizer que você sabia disso tudo, e não me contou? - Gritou Arroto, segurando Davi firme pelos braços. E nesse momento, os Ómonfis começaram a golpear a porta com seus machados.

- É claro que eu conheço a história garoto - respondeu o homem, puxando os dois rapazes para perto da janela. - De alguma forma, todos os homens de Gaillardia fazem parte dessa história. Todos nós, inclusive o Rei Baltazar, viemos parar aqui nesse mundo, por causa dessa chave.

- Será que eu sou o único que não conhecia essa história? - Perguntou Arroto.

- Pelo visto sim meu rapaz - disse o homem. - Por onde você andou nesses últimos anos?

- Na verdade eu não sei... Bom, pelo menos... Eu não me lembro - respondeu o rapaz, atrás de um falso sorriso.

- Eu tenho a impressão de já tê-lo visto antes - disse o homem, que parecia um tanto confuso. - Mas isso é irrelevante nesse momento, precisamos sair daqui agora. - Disse no momento que a grossa porta rachou-se ao meio. E agora os Ómonfis esforçavam-se para mover o armário.

As Crônicas de Gaillardia As Crianças, o Unicórnio e o Bruxo (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora