Ao meio das árvores sob a avermelhada luz do luar, Alice e Kelda de espadas em punho caminhavam silenciosas e atentas com tudo em sua volta. E quando ouviram grunhidos e gargalhadas esconderam-se o mais depressa possível em uma larga vala por onde em tempos anteriores o esgoto da cidade escoava. Com muita cautela espiavam alguns monstrengos que se divertiam muito ao redor de uma fogueira enquanto jogavam uma espécie de jogo de tira e põe que era um dos jogos preferidos dos Ómonfis. Ainda mais por ser jogado com pobres coelhinhos, que eram devorados vivos pelos vencedores a cada rodada terminada. De repente sem se importarem com o descanso de Baltazar os monstros passaram a bater os punhos fechados contra os largos e musculosos peitorais, e entre escarros e arrotos, cuspidas e risadas envolveram-se em uma cantoria em uma música que talvez fosse à única conhecida pelos Ómonfis. Que a muito havia se tornado um hino, e não cansavam de repetir aquela letra que assim era cantada:
Ó... Ó... Ó... De Ómonfi, bravo e caçador...
Ó... Ó... Ó... De Ómonfi, em batalhas somos o próprio terror...
Eu corto, eu furo, eu mordo e arranco...
Sou perigoso e causo espanto...
É bom ter medo, pois se eu te pegar posso com as unhas sua pele arrancar...
Esconda-se!... Esconda-se!... Eu vou te procurar, meu faro é aguçado e eu vou te achar...
E quando eu te pegar!... E quando eu te pegar!
Chorar! Chorar! Não vai te salvar!
- Nós nunca passaremos vivas por esses Ómonfis, deve ter mais de cinquenta deles em volta dessa árvore - disse Alice, referindo-se aos grandalhões que guardavam a casa onde Baltazar descansava.
- Não se preocupe com isso, Alice - sussurrou Kelda. - Não precisamos passar por eles, nós só temos que ir por cima sem sermos vistas, podemos usar os cipós para chegarmos ao alto daquela árvore de folhas vermelhas, de lá ficará mais fácil para passarmos de galho em galho até a janela do quarto onde o falso Rei está.
- Está certo! Então nós vamos bancar os ninjas? - Disse Alice, enquanto fazia um reconhecimento visual dos obstáculos a serem conquistados.
- O que é um Ninja? - Perguntou Kelda, curiosa.
- São Guerreiros, muito habilidosos. Assim como você, Kelda! A única diferença é que se vestem de preto.
- Bom, se é assim, acho que entendi - Respondeu a Ninfa. - Só espero que minhas habilidades sejam merecedoras dessa comparação.
- Espero que as minhas também - disse Alice. - Mas então, Kelda... Tem alguma ideia de como chegaremos próximas aos cipós sem chamar a atenção dos fedorentos?
- Estou trabalhando nisso nesse momento - respondeu à jovem, e de olhos fechados, ergueu os braços acima da cabeça enquanto seu corpo emanava uma aura branca que parecia tocar calorosamente o rosto de Alice. A garota assistia em silêncio aquele estranho ritual que passou a atrair os cipós silenciosamente.
E quando os cipós que pareciam ter vida própria enrolaram em volta da cintura de Alice e Kelda prestes a levá-las para cima das árvores, quatro Ómonfis surgiram escoltando o velho Capitão e a Sra. Frigga, que tinham pesadas correntes prendendo seus braços e pernas impossibilitando qualquer tipo de movimento, quase os impedindo de se quer caminhar. E é claro que os Ómonfis não perderam a oportunidade de zombarem dos prisioneiros enquanto os esbofeteavam e lhes davam pontapés. Mas não passariam disso, pois as ordens de Baltazar haviam sido claras: O velho e a Regente da cidade deveriam permanecer vivos, pelo menos por enquanto. Principalmente a Sra. Frigga, que era capaz de controlar as criaturas aladas protetoras da montanha vermelha. O falso Rei conhecia o poder de destruição que aqueles seres possuíam, antes de eliminar a Regente precisava encontrar uma forma de controlá-las primeiro.
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As Crônicas de Gaillardia As Crianças, o Unicórnio e o Bruxo (Completo)
Fantasy"Premiado no concurso Leitura Nacional na categoria de melhor protagonista masculino" "Premiado na 4°- Edição do concurso Projeto Flores de Ouro" "Premiado na 2°- Edição do concurso Palavras de Ouro" "Premiado na 1°- Edição no concurso Rosas Rúst...