Alice lutava em vão contra a força das águas na tentativa de nadar até um lugar seguro. A escuridão da noite impossibilitava que a menina soubesse o que havia ocorrido com o restante do grupo. Mas por momento algum a impediu de gritar seus nomes na esperança de uma resposta, mas para alimentar ainda mais o seu medo não havia revide. Ninguém respondera aos seus gritos desesperados, que ecoavam desaparecendo na turvação do rio. E mesmo sem saber para onde, a menina continuou nadando, e nadando até que o músculo de uma de suas panturrilhas repuxou dando a impressão de que iria se arrebentar.
- Câimbra! - Sussurrou ofegante, em uma torturante luta para manter-se na superfície, e quando achou que seria derrotada pela dor, alguma coisa a agarrou.
A criatura segurava delicadamente firme em volta da cintura da garota, e em poucos segundos atingiu uma velocidade incrível, mesmo nadando contra a correnteza. Aquele momento passou rápido demais para que Alice conseguisse enxergar detalhadamente os fatos que ocorreram, só conseguia ouvir uma bela voz que suspirava uma doce melodia em seus ouvidos, e quando sentiu estar em terra firme, tomada pela exaustão adormeceu.
Quando a garota acordou, os raios azuis do sol já esquentavam seu rosto ao penetrar pela entrada de uma espécie de gruta formada por rochas negras. Naquele lugar, a menina pensou ter dormido por semanas, apesar de que haviam se passado apenas algumas horas.
Alice sentiu que seu corpo estava estranhamente fraco, sua visão embaçada e seus pensamentos tomados por uma inexplicável desordem, a impossibilitava de pensar com clareza. Sem o total controle de seus movimentos, que estavam um tanto que desgovernados, tateou o solo em sua volta, e apoiando as costas contra um pequeno amontoado de pedras, com muita dificuldade conseguiu se sentar.
Nesse momento cedendo ao toque do corpo da garota, o pequeno amontoado veio a baixo, e as pedrinhas se esparramaram as centenas pelo chão. Uma das pedras rolou um pouco mais que as outras parando debaixo de um raio de sol perdido, que penetrava por uma fresta no teto da gruta. A pedra brilhou chamando à atenção da menina ao ser tocada pela luz.
- Diamantes! - Suspirou a garota. - São diamantes, muitos diamantes!
- Você quer um? - Perguntou uma jovem de olhos cor de mel, emergindo metade do corpo do fundo das águas que inundavam quase que por completo o chão da gruta escura.
- Se quiser pode pegar! Eu tenho muitos diamantes, pegue quantos quiser - disse a jovem, que não tinha nada além dos longos cabelos azuis ensopados cobrindo à parte da frente do seu esbelto corpo.
- Quem é você? E onde eu estou? - Perguntou Alice, e instantaneamente sua mão procurou sem êxito pelo cabo de sua espada.
- Acalme-se linda garotinha! Por um acaso é aquilo que procura? - Perguntou à jovem apontando para uma rocha quadrada, lisa como uma mesa que emergia como um pequeno altar logo atrás dela.
- Minha espada! - Disse Alice, ao avistar sua lâmina ao meio de dezenas de outras espadas, escudos e partes de armaduras empilhadas como souvenires sobre a rocha. - Como a encontrou? Eu a perdi nas águas no meio da noite.
- Encontrei nos destroços do barco de vocês, logo depois de ter resgatado você... Tenho sorte de ter bom olhos, vivo encontrando coisas valiosas todo o tempo - respondeu a jovem, e um sorriso perolado invadiu seu rosto.
- Meus primos? - Perguntou Alice, como se tivesse tomando um grande susto ao recuperar parti de seus sentidos. - Você viu um casal de crianças loiras, e um rapaz alto muito bonito? E um tigre... Você viu um tigre?
- Não se preocupe! Estão todos bem! - Respondeu à jovem.
- Onde eles estão? - Perguntou Alice, que havia ganhado forças para fica de pé.
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As Crônicas de Gaillardia As Crianças, o Unicórnio e o Bruxo (Completo)
Fantasy"Premiado no concurso Leitura Nacional na categoria de melhor protagonista masculino" "Premiado na 4°- Edição do concurso Projeto Flores de Ouro" "Premiado na 2°- Edição do concurso Palavras de Ouro" "Premiado na 1°- Edição no concurso Rosas Rúst...