Capítulo 3

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Deus dá filhos especiais para pais especiais. É como se ele tivesse um cristal bem fininho e sensível que necessitasse de cuidados redobrados, e precisasse colocá-lo nas mãos de alguém da própria confiança. Então, ele nos escolhe.

Fernando Guifer

— Você vai ficar bem? — Téo perguntou depois de encara-lo em seus braços.

— Patrícia vai chegar daqui a pouco. — Respondi deitando na cama de bruços — Vou sobreviver.

Téo suspirou colocando Joaquim no berço, que agora fazia parte de nosso quarto. Depois caminhou lentamente em minha direção. Sem ele, devo admitir que não teria conseguido.

Téo era muito atencioso com a máquina de chorar. Sempre levantando para trocar suas faldas, quando eu, apenas em pensamento, sabia poderia machucá-lo.

Meu marido me entregava a criança para que eu pudesse amamentar, e por vezes fazia isso enquanto eu ainda dormia.

Ele se preocupava verdadeiramente, tanto por mim, quanto pelo pequeno chorão.

— Sabe, — Téo sentou procurando minhas mãos e entrelaçando nossos dedos. Gostava de sentir a mesma sensação em meu coração que tinha anos atrás — quando nos conhecemos, eu dizia que não ia casar porque garotas eram nojentas.

Eu ri com a recordação, Téo era um grande defensor da liberdade e solteirice masculina.

— Mas á medida que fui conhecendo você, Soraia, não sei explicar. Você era tudo, menos nojenta. Talvez a melhor forma de expressar seja essa, você era tudo. Sempre foi.

Meu marido delicadamente pousou minha cabeça em seu colo fazendo um leve cafuné enrolando os dedos em meus cachos.

— Talvez nossa família não seja hoje exatamente o que você esperava, Soraia. Mas a vida não é perfeita, temos que adaptar sonhos, fazer concessões... É assim que crescemos. — os dedos de Téo em meus cabelos me davam a sensação de que o mundo havia entrado nos eixos novamente. Os planetas voltaram a se alinhar e a vida seguiria seu curso — Eu preciso de você, So. Ele precisa de você. Nossa família precisa de você. Sem você eu não consigo. Não desista de nós, de sua família. Nós não vamos desistir de você.

Delicadamente ele pousou os lábios em minha testa.

— Eu te amo, So. — Téo brincou alguns minutos mais com meus cabelos enquanto suas palavras me cortavam por dentro.

Eu não estava agindo bem com ele nos últimos tempos, mas em troca, tudo que tenho recebido é cuidado e amor. Enquanto muitas pessoas me julgavam e falavam de mim pelas costas, Téo não se importava. Ele sabia quem eu era. Quem eu sou.

— Eu te amo, não esqueça.

Téo mais uma vez pousou os lábios contra minha pele. Dessa vez no topo de minha cabeça, pousando-a delicadamente no travesseiro macio. Os passos de dele tornavam-se mais distantes, e eu não podia deixar que aquilo acabasse assim.

— Téo, — Ele virou me encarando. A mão direita sobre o batente da porta, e o rosto esperançoso ao me olhar — você é o melhor! Eu te amo.

Meu marido sorriu antes de sair pela porta.

Olhei para o lado e encontrei a coisa dormindo no berço e pouco tempo depois ele abriu o berreiro. Ainda não passei a chama-lo pelo nome.

Erick era o nome do meu príncipe perfeito, logo não foi esse o nome que demos a ele. Escolhi Joaquim a pedido de minha irmã. Tudo que havia com o nome anterior foi jogado fora, mas eu ainda o chamava de coisa, bebê ás vezes, mas monstrinho em sua maioria.

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