Capítulo 11

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Ser inclusivo é dispor-se ao novo, ao inusitado, a transformação. 

É fonte de renovação.

Reinaldo Bugarelli


Se eu tivesse que descrever esse momento com palavras, certamente seria DESESPERO.

Eu fiz tudo certo, e sabia disso. Só não sabia como aquilo estava acontecendo.

Esperava meu marido chegar do trabalho, sentada no sofá olhando assustada para aquele papel que havia caído, literalmente, como uma bomba em minhas mãos.

Observei Joaquim deitado em seu carrinho cochilando e me peguei pensando em como seria sua vida de agora em diante. Aquele maldito exame mostrava resultados catastróficos, e eu temi pelo meu filho, já que agora Patrícia teria Samuel.

De todas as coisas que poderiam me acontecer, essa era a única para a qual eu não estava preparada.

Téo entrou em casa assobiando, e aquele barulho fez com que um vulcão de sensações borbulhasse dentro de mim. Sobretudo, queria matar meu marido que parecia alheio ao furacão que estava prestes a chegar e nos levar em sua rota de destruição deixando apenas o caos instalado em nossas vidas.

Meu despreocupado marido sorriu para mim deixando sua pasta no sofá que estava a minha frente e se aproximou para selar nossos lábios. Me esquivei antes empurrando Téo pelo tórax.

— A culpa de tudo isso é sua! — gritei para ele que arregalou os olhos alarmado.

Joaquim se movimentou no carrinho e parei de respirar pedindo a Deus que ele não acordasse. Téo dividia os olhos assustados de mim para Joaquim até que finalmente ele pareceu se aquietar.

— O que eu fiz? — sussurrou se aproximando, e nada delicadamente puxei sua gravata arrastando-o até o quarto.

— Você queria isso! Não acredito que me enganou! — afirmei sentando na cama me sentindo derrotada.

— Seria interessante saber qual a acusação... — arqueou a sobrancelha e aquele gesto me irritou ainda mais.

— Vai dizer que você não sabe? — questionei falando um pouco mais baixo e cruzando os braços acima dos seios.

— Levando em conta que fui atacado ao entrar em casa, não. Não faço a mínima ideia. — me imitou cruzando os braços também me olhando com cara de deboche.

Entreguei o papel a ele que correu os olhos rapidamente pelas letras ao perceber que se tratava de um exame.

— Você está doente? — Perguntou erguendo os olhos arregalados do papel para me encarar.

— Não, Téo. — puxei o papel de sua mão apontando para uma palavra especifica — Eu grávida!

Meu marido piscou algumas vezes, e mais pareceu ter sido atingido por uma paralisia total.

— Você tem certeza?

Essa pergunta era um problema.

Eu sempre fui clara quanto a essa questão: Eu não queria outro filho.

Téo, sempre pensou o extremo oposto, queria dez crianças correndo pela casa. Mas, se nem meu marido pareceu feliz com a notícia, o que convenhamos era a única parte boa da novidade, significa que essa gravidez, realmente vinha em uma hora ruim.

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⏰ Última atualização: Oct 30, 2019 ⏰

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