Capítulo 7

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Amor não conta cromossomos.

Autor desconhecido.




Mal esperei que Nando parasse o carro e me atirei para fora com o corpo mole de Joaquim em meus braços. O mundo parecia correr em câmera lenta, e tudo ao meu redor havia se transformado em borrões. Nem sei como entrei no hospital, só pensava no que estava acontecendo, e em como ele precisava ficar bem.

Não podia acontecer nada com ele.

Não com meu Joaquim.

— Meu filho — Gritei — Ele está... Eu não sei... — Olhava para todos os lados esperando que alguém me ajudasse, mas meus olhos não focavam em ninguém.

Um turbilhão de sentimentos se amontoavam em meu corpo e parecia que eu ia explodir. Lágrimas, impotência, desespero, dor.

— O que aconteceu? — uma enfermeira, calma demais para o meu gosto, se aproximou tomando o corpo frágil de Joaquim dos meus braços, pousando-o em uma maca grande demais para ele.

— Não sei... Ele estava bem no berço e aí, a boca ficou... — tentei me expressar rapidamente, mas as palavras se embolavam e parecia que nada estava fazendo sentido. Pelo menos em minha cabeça mais parecia que eu falava em latim.

— Precisamos que a senhora preencha a ficha — A enfermeira se aproximou tentando por as mãos em minhas costas para me acalmar, mas com um movimento brusco me afastei.

— Não vou preencher nada! Alguém tem que fazer alguma coisa! — Gritei enquanto um homem vestido de branco surgiu de uma das portas colocando o estetoscópio no ouvido e levando ao coração de Joaquim que parecia ter os lábios ainda mais sem vida.

— Ele tem que ir para S.O agora! — o homem que havia acabado de escutar o coração de meu Joaquim falou convicto — A senhora é a mãe? — perguntou olhando em minha direção.

— Sim! — respondi sem nem pensar.

Nando, que acabava de entrar, parou ao meu lado segurando minha mão com força. O homem me fez algumas perguntas ás quais eu respondi quase que de forma incompreensível em meio ás lágrimas que teimavam em escorrer por meu rosto.

Mal lembro as respostas que dei quando me fizeram perguntas. Recordo apenas que foram utilizadas de palavras como cirurgia, DSAV e termos médicos com os quais eu não estava familiarizada. Não entendi muita coisa, mas ele deixou claro que a cirurgia era importante, e que nesse momento estávamos lutando contra o tempo.

"Salve meu filho" — Foi á única coisa que consegui pronunciar antes de ver o homem de branco atravessar grossas portas empurrando a maca onde Joaquim estava deitado com duas mulheres ao seu lado. 

 

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