Capítulo 11

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Scarlett

A sela era pequena em relação ao meu quarto no palácio, mas eu não me incomodei com isso já que era mais ou menos do mesmo tamanho que os meus antigos quartos. A única coisa que me incomodava realmente era ter que ficar presa ali dentro. Algumas horas se passaram, e eu já estava completamente entediada. Além de não ter nada para fazer, a sela era escura e sem graça, não tinha vida, e eu permaneceria ali por longos e longos meses. Mesmo assim, eu tinha esperança de que a verdade fosse aparecer antes do que eu imaginava.

Eu, com minhas mãos acorrentadas, andei até a sela e cotuquei o cotovelo (o lugar mais fácil de alcançar para mim) do homem que devia ter nada menos do que dois metros de altura. Ele olhou para mim com o aspecto zangado, mas eu conseguia ver a máscara que ele carregava, ele parecia estar morrendo de dó de me ver ali.

- Moço, será que pode me arrumar mais um lampião por gentileza? – eu perguntei e dei um sorriso. Seu aspecto, antes sombrio, se enfraqueceu um pouco.

- Não sei se é uma boa ideia – ele falou.

- Está muito escuro. – eu disse – Odeio escuro – falei, aflita.

Depois de muito insistir, ele concordou e foi atrás do meu pedido. E eu, como prometido, não saí do meu lugar. Ele voltou, abriu a sela, e penduoru dois lampiões, o que clareou muito a sela, dando um aspecto melhor. Logo depois, o guarda saiu e trancou a sela novamente.

- Obrigada – eu sorri para ele e ele tentou manter firme sua posição de guarda mal-humorado.

Eu peguei uma vassoura de palha que estava encostada no canto da sela e comecei a tirar o pó do teto, das paredes e do chão, não seria a primeira vez que eu limparia alguma coisa. Eu encontrei até algumas aranhas, e por mais que eu morresse de medo, criei coragem para dar uma vassourada em cada uma. Depois de mais algumas horas eu já tinha conseguido conversar mais com Elliord, o guarda, e ele estava sendo muito simpático comigo. Sempre que eu pedia algo ele buscava para mim, e eu sempre permanecia ali, trancada. Ele me trouxe retalhos coloridos, lençóis que sobravam do palácio e vários itens de costura. Como minha mala já havia sido entregue na sela, eu tinha minhas coisas mais preciosas e também objetos para fazer alguma coisa durante... O tempo todo. Pelo menos, o livro que eu e Diana estávamos lendo juntas veio junto com as minhas coisas, eu tinha colocado-o na minha mala, mas algum dia eu teria que devolvê-lo. Mesmo assim, eu estava apenas na metade, então o leria bem lentamente para que ocupasse mais dias do meu calendário. Eu abri a cesta que o guarda trouxera para mim junto com os tecidos lindos que sobraram das costureiras exclusivas do palácio e dei de cara com agulhas, espátulas, tesouras e todo tipo de equipamento de costura. Eu adorei aquilo, porque minha mãe, mesmo que não fosse a melhor, gostava muito de fazer esse tipo de coisa e me ensinou tudo o que sabia.

Eu comecei a trabalhar, fiz diversas formas diferentes, rosas feitas de tecido e fui me divertindo com aquilo. Quando eu percebi já tinha anoitecido, e eu tinha feito muitas coisas legais e engraçadas por que não eram tão profissionais. Eu comecei a enfeitar tudo, a parece era cheia de pregos tortos, assim como o teto, subi em uma cadeira que estava encostada em uma das paredes e comecei, com a ponta extrema dos meus pés, a pendurar tiras de cetim no teto da sela. Demorei, mas o resultado ficou incrível. Nas paredes, fiz a mesma coisa, mas pendurei diferentes formas, flores e fitas.

Quando terminei, já estava muito cansada, mas continuei acordada para jantar. Elliord acorrentou minhas mãos, mas deixou bem claro que estava apenas seguindo ordens. Fui levada a uma sala de jantar onde a comida foi servida para todos os presos. Sim, só haviam homens, e eu. Quando entrei ali, os olhares vieram sobre mim, todos ali pareciam angustiados, era um ambiente horrível. Eu peguei meu prato e meus talheres e fui para uma mesa vazia e pequena. Decidi que comeria rápido, tomaria um banho e iria dormir. Foi exatamente o que eu fiz. O banheiro também tinha um lugar apropriado para lavar roupas, um tanque, e aproveitei para lavar as que tirei. Pronta para dormir, me acomodei em minha sela novamente, dessa vez, sem correntes.

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