Scarlett
Era... Um sonho? A carruagem parara na frente da minha casa. A casa dos Moore? Não. A minha casa! Treeman me ajudou a despejar as malas e me entregou uma carta com o selo real, disse para eu ir até a casa de uma mulher que trabalhava com costura (o endereço estava junto com a carta) e entregar a carta para ela, e ela com certeza me ajudaria. A partir dali, eu estaria por minha própria conta. Observei a carruagem ir embora e encarei minha casa, parecia tão estranha, tão distante. Mas era a minha casa! Meu Deus!
Eu corri até a porta e bati várias vezes. A porta se abriu revelando a mulher que me colocou no mundo, ela tinha mudado tanto, estava mais cansada, mas continuava linda! Seus olhos se fixaram nos meus que já não continham as lágrimas, então ela começou a chorar também. Ela tapou a boca com as mãos e por alguns segundos ficamos ali, nos olhando. Depois do choque, ela me puxou para um abraço completamente molhado por suas lágrimas, eu poderia ficar ali para sempre!
- Minha filha! – sua voz de choro me fazia chorar ainda mais, sua voz, pelo menos, não tinha mudado nada. Continuava com seu timbre doce e acolhedor.
- Mãe – eu chorei e a abracei com mais força.
Ela me ajudou a colocar as malas para dentro de casa, e então começamos com a parte mais agitada do dia. Ela me ajudou a organizar meu quarto novamente, ele ficou como era nos velhos tempos, mas acrescentei algumas roupas que eu tinha ganhado no palácio ou na casa dos Moore, e os livros que Érik me deixara trazer. Aquele foi o momento em que percebi que tinha feito uma grande burrada, e trazer os livros do palácio era o mesmo que trazer lembranças de Érik, que ficariam ali, guardadas, por muito tempo.
Contar para a minha mãe sobre tudo o que aconteceu (literalmente tudo), era muito difícil, mas naquele momento era tudo o que eu queria fazer. Nós conversamos tanto, mas tanto, que tivemos até que dormir juntas. Sabe o que é um ano sem conversar com alguém que você ama muito? Aquilo era incrível! Se aquele sentimento continuasse em mim pelos próximos meses, não seria tão complicado esquecer tudo o que tinha acontecido.
Meses depois
Érik
- Érik, meu amor! – Dóris chamou e eu fui até ela.
Isso mesmo. Dóris, a princesa do reino de Helsken. Depois que Scarlett saiu, meu pai insistiu em fazer festas e mais festas. As meninas da escola real estavam incrivelmente animadas, pois já tinham se acostumado com o palácio, mas eu estava infeliz. Extremamente infeliz. Em uma dessas festas, meu pai insistiu para que eu e Dóris passássemos mais tempo juntos. Não havia opção. Eu voltara ao meu problema inicial, eu teria que me casar. Meses se passaram, Gina e Jullian continuavam desaparecidos, Lady e Lord Moore continuavam morando no palácio, e pareciam ter superado a perda, o que era muito estranho porque ninguém sabia do paradeiro dos dois. Conclui que eles realmente estavam fazendo a coisa certa, seguindo em frente. Todos ficaram muito abalados, mas não era a maior preocupação do meu pai, como sempre.
Entre qualquer outra, era lógico que eu preferia a Gina, ela era a única com quem eu conseguia realmente conversar, mesmo não sentindo nada. Dóris, com o tempo, conquistou meus pais (mesmo Scarlett sendo a única que minha mãe gostou de verdade), e agora era oficial, eu teria que pedi-la em casamento em breve. Aquilo para mim era assustador. Dóris ela linda, simpática, era uma princesa, é claro, mas eu descobri que isso tudo não bastava. Por mais que eu sempre afastasse aquela camponesa dos meus pensamentos, ela sempre voltava. Scarlett tinha ido embora e levado meu coração junto com ela, e aquilo não era justo comigo, e nem com Dóris, mas também, ela não tinha culpa de ser... Ela, não é?

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A Escola Real
RomansApós o grande decreto do príncipe Érik, cinco meninas com renda baixa comprovada foram sorteadas para fazer parte da escola real. Scarlett Peasant estava entre essas cinco meninas, e como recrutada do governo, ela teria todas as dívidas de sua famíl...