Surpresa!!!! POV do Eduardo!

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Tia Glória tinha me avisado que eu teria UM novo colega de quarto, entende? Um novo colega de quarto, no masculino. Então, eu saio do banheiro enrolado numa toalha e me deparo com uma morena de parar o trânsito e descubro que ela vai ser minha colega de quarto...

Sorte?

Eu pensei que sim, mas descobri que meu melhor amigo a conheceu primeiro. Ele estava todo meloso com ela, chamando-a de bebê e tudo mais  e, para piorar, ela o chama de herói...   Que mole todo foi aquele? Todo mundo sabe como são essas coisas entre amigos! A vem antes do M, essa é a regra!

Val é meu mano, meu melhor amigo, mais do que irmão! Ele já deu a vida por mim, literalmente, e eu daria minha vida por ele, mas aí chega essa morena...  Ela está aqui todo dia, e mesmo quando ela não está, o perfume dela está.

Quando a vi abraçada com Val, decidi me afastar dela, evitar que a atração que eu sentia crescesse, mas como vou me afastar de alguém que dorme no mesmo quarto que eu? Que usa o mesmo banheiro, dorme logo ali, do meu lado?

Para piorar, o comportamento de Val está estranho. Desde que ela chegou, ele só fala dela, fica apontando as  qualidades e o quanto ela é gostosa, como se eu não tivesse olhos... e pior,  ele está sempre me perguntando se eu estou interessado nela e eu não sei o que responder. Eu tentando parar de pensar nela e ele sempre me lembrando como ela é bonita, como a qualquer momento um cara vai pedi-la em namoro. Sinto que ele está me testando ou algo parecido, mas por que Val faria isso?

A verdade é que eu não tiro ela da cabeça.

Isso ficou bem claro para mim quando aquele babaca do Fábio se aproximou dela na Calourada. Eu queria quebrar a cara dele há muito tempo, por ele ser simplesmente um vacilão que pensa que tem um rei na barriga. A vontade cresceu tão logo eu soube como ele foi um canalha com ela.  Honestamente, eu não entendo a necessidade crescente que tenho de cuidar dela e protegê-la. Por isso, perdi a cabeça quando percebi que a intenção dele é tentar voltar com ela depois de tudo que fez! 

Como ele pode ser tão cretino?

Eu sei que ela é livre e pode ficar com quem quiser... mas... Eu não quero que ela fique com ele, ou melhor, eu não quero que ela fique com ninguém. Não quero nem imaginar outro homem tocando nela, a não ser eu...

Merda! O que essa garota está fazendo comigo?

Quando a vi entrar no banheiro carregando as coisas para tomar banho, tive uma ideia, infantil, confesso, mas não resisti. Queria pregar uma peça nela, dar o troco por ter me feito sair pelado do banheiro dias atrás. Não me entenda mal, eu não estava aborrecido com ela, mas de alguma maneira, eu me divirto provocando-a. Desde o primeiro dia que a vi, eu me comporto como um playboy  mal-humorado perto dela, não é à toa que ela me chama de Badboy.

A verdade é que, durante todo esse tempo em que estou na faculdade, eu evitei me aproximar demais das pessoas. Com exceção, é claro, dos meus amigos. Ok, quando eu digo pessoas me refiro a garotas. Eu fico com algumas garotas, não vou mentir, especialmente no clube nas noites em que toco lá. Sempre sem envolvimento, uma noite apenas. Não sou um playboy, não engano nem iludo ninguém, simplesmente me relaciono com garotas que também só estão interessados em uma noite de sexo e mais nada. Tenho minhas razões para isso. No momento, minha vida está uma bagunça e eu só estive em um relacionamento sério em minha vida que acabou mal...

Ela ficou chateada comigo por eu ter tirado as coisas dela do banheiro. Eu não a vi nua, não sou nenhum pervertido, só queria pregar uma peça. Ela saiu do banheiro e se deitou sem nem ao menos olhar para mim. Tentei ignorar, mas não consegui. 

Eu não menti para ela, eu realmente não conseguiria dormir em paz se ela estivesse zangada comigo.

Quando pedi para ela não ficar chateada comigo,  lembrei-me de uma música que a minha falecida avó costumava cantar para mim quando eu era bem pequeno, letra perfeita para o momento. Eu tinha prometido a Bianca que tocaria uma música para ela um dia, aproveitei para cumprir tal promessa. Ela gostou, percebi pelo sorriso dela. Fiquei agradavelmente surpreso quando ela me disse que conhecia a música, e mais surpreso ainda quando ela sentou ao meu lado dizendo que faria mais do que me perdoar.

"Perdoa ou não perdoa?"

"Vou Fazer mais que isso"

Então ela se levantou da cama, vestindo apenas o pijama, ou seja, um pequeno short de malha e uma camiseta. Tive que me controlar para não fixar meus olhos nas pernas dela... E que pernas! Ela sentou em minha cama, ao meu lado, tão perto que eu pude sentir o calor do corpo dela próximo ao meu. Ela levou a mão direita ao meu rosto. Instintivamente eu fechei os olhos ao sentir o toque da mão dela. Ela gentilmente virou meu rosto e me beijou...

E eu fiquei decepcionado pra cacete! Frustrado até  por ela ter apenas me beijado no rosto. Não era aquilo o que eu esperava, não era apenas aquilo  que eu queria...

Abri meus olhos. O rosto dela estava tão perto do meu que eu pude sentir o hálito de hortelã invadir minhas narinas e com isso os meus sentidos se perderam. Não consegui me controlar mais, segurei o rosto dela entre minhas mãos e toquei os lábios dela com os meus.                     Meu coração parecia que queria sair pela minha boca de tão ansioso que eu estava. Sem falar no medo que senti dela se afastar ou me dar uma bofetada na cara, mas para minha surpresa ela retribuiu o beijo. Eu desci uma das minhas mãos até a cintura dela e a puxei mais para junto de mim.

Eu queria que os lábios dela nunca se afastassem dos meus, queria que aquele momento durasse para sempre. As mãos dela em minha nuca, tentando nos aproximar ainda mais, se fosse possível. A paixão daquele beijo, o desejo... podia jurar que ela se sentia do mesmo jeito que eu.

A porta do quarto se abriu de repente e nos afastamos com o susto, quebrando o encanto daquele momento...

*******************

— Eduardo, ligaram da clínica... — Disse Dona Glória, nervosa assim que abriu a porta do quarto de Eduardo e Bianca.

— O que houve? — Perguntou Eduardo assustado, se levantando.

— Não disseram o que houve, apenas que ela foi levada para a emergência. — Glória entregou uma folha de papel a Eduardo.

Ele pegou as chaves do carro sobre a mesinha, o celular e a carteira.

— Eu vou com você. — Disse Bianca, preocupada.

— Não precisa, está tarde, melhor você dormir.

— Mas eu quero ir, você está muito nervoso e dirigir assim pode ser peri-

— Bianca —  Eduardo a interrompeu, olhando nos olhos dela, com o rosto sério. — Eu não quero que você venha comigo, entendeu?!

Bianca deu um passo para trás ao ouvir as palavras de Eduardo. Não apenas as palavras, mas o tom de voz dele. Abriu a boca para dizer alguma coisa, mas mudou de ideia, virou as costas para ele e seguiu  na direção do banheiro. Antes de chegar, escutou o barulho da porta do dormitório fechando com um estrondo.

Asas de AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora