O que nos deixa fraco?

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Certamente é o vazio o amigo da solidão.


O peito dói, dói feito um prego nos seus dedos, 
Dói em parcelas que dão medo. E corta, 
Feito a fronte sem cabelos de Rapunzel.  
Vida, curta e itinerante a voz na porta, 
Surta, grita e muda desaponta. Medo! 
Medo do que sou e o pior do que se sente. 

Fecha a porta agora ou entram-se o rancor.
Muda e sem regar-se murcha a flor,
Brota do zangar-se o que ninguém quer ver.
E eu, em meio a tanto apelo, grito em clamor.
Sou, filho e filha pura que sem gelo,
Corto a minha imensa tatuagem, e o belo amor,
Já se foi sem nem limpar os pés.

Nas escadas fez o teu canto, e eu canto ao te ver passar.
Mas tento continuar e me recuso a acordar, é angar.
Se nos sonhos vens eu luto imensamente e não levanto.
Ao não ter por perto o que me resta é te sonhar.
Para! Para de aparecer dentro de mim. Mas não.
Não me obedeça mente insana justa e branda vem a mim.

A noite é um castelo que desmancha ao som do sol.
A lua é o aporte que me deixa a esperança, e só.
Só e eu e a mente e a lua e o livro e a serpente, que mentiu.

Eu so queria que a janela me deixasse ver você.
Nem quero toque, nem mais nada só te vê.
É a TV nos pensamentos, e o avalanche do meu ser.  


Por incrível que pareça eu não estou tão mal assim. Eu entendi, eu entendi o que vocês querem, disse calmamente a eles e os olhava iradamente. Puxa vida pai, o que esta acontecendo? Eles me olharam, me deixaram tomar sol, me fizeram mil perguntas e disseram pra que eu voltasse ao quarto sem fazer a feição feia. E eu, eu só queria mais respostas, pois talvez as que eu tinha não fizesse um sentido. É pro seu bem, foi tudo que disseram, perguntei o motivo de não acreditarem em nada e fui quase espancado, não, claro que não me bateram, mas o tom usado pra me interromper foi quase um murro à mente. É aquela criatura estranha que te faz pensar besteira? Eu me calei. Vocês não acreditam em nada? Eu insisti, e tudo que disseram foram estas breves e claras palavras. Não, temos certeza que não há nada aqui, temos convicção que a vida se fez dela, e ela mesma quem nos conduziu a onde estamos. Eu fui perguntar qual o sentido em não notar a sincronia, pois tinha lido que é Deus quem controla a natureza. Eu pensei, mas pensei muito antes de falar qualquer paráfrase, e sim, eu sei que eles conhecem esse Deus, pois pra não acreditar, no mínimo eles tem de conhecê-Lo. Eu bufei completamente. O controle nunca foi nosso. Eles disseram: Chega! E eu quase chorei. Levanta e vai pro quarto agora filh... amad..., por favor, você parece que esta enlouquecendo. A mãe lá do fundo ligava pra alguém, eu só ouvi a frase do tipo, loucura, camisa, força e pisiqui -alguma-coisa. Bom, seja la o que for, eu devo ficar bem. 

Trancaram a porta e deixaram um pendrive na mesa, eu apertei seu botão e a tela, que ficava do lado direito ocupando a parede inteira, quando se ligou, era uma espécie de filme mostrando diversas catástrofes que ocorrera tempo atrás, mostrava dor, morte, guerra, fome, choro, sangue, muito sangue. Eu quase desliguei, mas nesse momento um senhor que aparentava ter uns 60 anos começou a falar, exitei desligar, comecei a ouvi-lo. Numa citação bem indireta ele dizia: Não há mais misericórdia, não há ninguém por nós, o mundo entrou em caos, nem sei se haverá futuro... Ele ainda continuava: Toda minha família, a sim... Ele não sabia o que fazer, tinha perdido sua família, não sei direito os detalhes, o que mais me marcou foi esse início, misericórdia, misericórdia, eu já ouvi esse nome, ta no livro, digo, na bíblia. Eu pulei pra gaveta que eu tranquei, peguei ela, procurei essa palavra, demorei a achar, mas foi, talvez, a culpa não seja desse Pai, mas... Eu procurava algum nexo, ou algo que ligasse ao que o senhor do pequeno vídeo dizia, Achei, aqui diz, "Porque será exercido juízo sem misericórdia sobre quem não foi misericordioso. A misericórdia triunfa sobre o juízo!" Tiago 2:13. Assim que li esse pedaço de frase, o senhor dizia ao fundo do vídeo, nós não soubemos ter compaixão, e a compaixão por todos nós se foi. Eu pensei, pensei mas isso não faria sentido, meus pais, eles já acreditaram Nele? Não me entenda mal, pois procurando mais e mais dessa palavra: misericórdia, vi que ela também não tem fim, só, que, algo mudou a história. Eu me desinteressei de ler, e passei a pensar, o vídeo rodava, mostrava bombas, mostrava dor, dor, dor e mais dor. Eu pensei em Belliz distante de mim, pensei em um local sem sua existência, pensei em como eu assistiria essas imagens se não tivesse tido a oportunidade de amar assim. Seria tudo de uma perspectiva diferente, pois não iria ter um outro alguém além de mim pra se importar, se é que eu de fato conta. A verdade é que alguma coisa mudou, parece que meus pais queriam dizer sobre a iria desse Deus que eu pouco a pouco me apaixono, só que sinceramente, eles não gostam tanto assim do Salvador. A porta bateu, eu só pensei em guardar o livro, eu corri pra cama, eu comecei a organiza-lo, ele era velhinho então algumas folhas soltavam, juntei tudo mas foi o tempo da fechadura girar as sete vezes que quando meus pais abriram, eu já tinha guardado e estava a frente do vídeo que me deram, eu soava, soava igual um desportista que acabara de finalizar as atividades. Meu tempo é curto, eu não aguento dizer isso, mas eles me chamam, e me chamam pra algo, não deu mais tempo de fazer nada, eu me levantei, eu pensava em Belizz o tempo inteiro, eu não sabia se sorria ao lembrar de sua beleza em minha mente, ou se chorava ao lembrar que tudo que eu tinha era imagens e pensamentos. Meus pais trancaram a porta, foi que pensei genialmente, eu não vou voltar. O amor te deixa consciente não por ter você mudado de pensamento, ele te torna consciente pois nunca desejamos abandonar quem tanto estamos a gostar, e é ai que a racionalidade então se funde com a falta de discernimento inconsciente. Eu só pensava em Belizz, e eu sabia, eu não vou voltar. Fecharam tudo, saímos pro lado de fora, me jogaram no carro e eu sei lá pra que lugar estou indo. Eu tinha a mala, eles não. 

A lua tem sabor de gelo e mata a sede,
Ela envenena a alma mas não a leva,
A morte não é forte frente o amor,
Quem disser o posto é a loucura amena, 
Me puseram nessa jaula tão pequena,
Que grandiosamente tens meu ser,
O amor me fez imensidão, parei pra observar,
A lua escurecera, a noite inteira caiu,
Eu não via como antes, o sol do outro lado talvez...
O amor cedeu o aporte de não ser como eu queria,
Que me resta é sucumbir, sucumbir e aceitar.
Amar me fez chegar ao fim do poço,
E a culpa foi mostrar a quem achava que sabia o que era isso. 

Anjos DoentesOnde histórias criam vida. Descubra agora