A frieza é a consequência do amor-próprio.
Não me desaponte, a noite é curta e farta o dia.
Se vez ou outra criam pontes, que eu vista tua alegria.
Mas não cobre de seu sentimento a falta do ódio.
É inevitável, já que defender te leva ao pódio.
Forca, forca aos loucos que amaram,
E que por amarem, puramente se salvaram.
Que não se apague a dor da inquisição,
Opressão, a melanina e a sua falta a imposição;
Forca, forca aos que mataram,
E que ao matarem, logo se mataram. Risos da platéia.
A ideia sempre foi nunca amar,
E adoecer, certamente é o encarnar.
Pura, ou doce e falha sensação que se camufla,
Hoje o peito pensa amar e o desejo avulso.
Queira como quero e o peito tosse,
Sombras que relentas me enlouquecem.
Que cruel que os loucos os enforcaram,
Pularam a dor da vida e os salvaram.
É pecado ver na morte a excelência,
Falar da vida que te mata aos poucos é indecência.
Sorria pra lua, e ela gargalha a volta.
E por trás de ti o sol te solta.
Não se pode amar dois astros,
Nem querer o dia e a noite ao mesmo tempo.
Quis vida, mesmo morrendo.
Eu ainda consigo me lembrar de muita coisa, dias e dias vivendo com quem satisfaz, faz do tempo o apogeu da alegria, te faz saborear a felicidade, onde o amor, respingos dela. Eu sentia frio, eu sentia ódio, eu não sentia, e o dia todo, não conseguia eu ver a noite chegar.
Um dia desses em que Belizz e eu estávamos bastante próximos. Mas, sim, agora minha vontade é de voltar, voltar, eu pareço usar a voz do vento cantando aos meus ouvidos quando estava ao seu lado. Eu sou um caco, eu sou a fraqueza inutilmente disfarçada de um vaso frágil. Me perdoa, mas tudo que eu tenho agora são lembranças de quando eu senti a alegria e pude ter em sua minuscula sensação, um momento feliz. O interessante dos momentos é que eles duram e depois parecem um só segundo na memória. Não vejo o meu amor a dias, não vejo a noite, só vejo o dia. Eles entram, me deixam um prato, colocam alguma coisa na minha veia por uma injeção de pressão, e quando chega as 17h mais ou menos, o sol começa a correr em direção oposta a mim, claro, e antes de o mesmo se por, meus olhos piscam três vezes, cada uma mais lentamente que a outra, e acordo claro novamente. Sinta falta da noite e sinto falte de Belizz. O amor, quando proibido, é a fuga pra sua intensidade. Eu ja cansei de tanto falar de amor, ou de senti-lo ao pouco. Belizz me ensinou muito, e ao mesmo tempo sinto como se ainda tivesse que aprender bem mais. Sua voz, ao filosofar, me parecia atravessar o corpo, a vida deixava de ser uma velocidade e se tornava culta, oculta em sua essência e muda. Somente sua voz fazia sentido. Eu não entendo os meus pais, mas eles disseram que é pro meu bem, que tenho de afastar de quem pode prejudicar-me. Amanha recebo uma visita. Isso! Isso! Mas é claro, como não pensei nisso antes... Belizz pode me ver, pode sim, tenho certeza que meus pais não alertaram os médicos a bloquear qualquer visita que não fosse a deles. Pensa, pensa, como posso eu fazer isso?
Quando vi Belizz naquela noite, não começamos a nos falar e ter intimidade no outro dia, isso durou um processo, eu lembro, foi muito estranho pois tínhamos conversado o caminho inteiro, e nos outros cinco dias seguidos tudo que fazíamos era nos olhar, eu sempre via passando e olhava, olhava, olhava, era difícil cruzar nossos olhares no começo, cumprimentávamos como se fossemos dois seres estranhos tentando se entrosar. Eu sempre fui dessas pessoas que senta e observa tudo, foi o que eu fiz oras, eu geralmente amava observar Belizz correr, dançar, nossa! As vezes mexia a bunda de um jeito meio sem jeito sabe, e eu achava magnifico. Como eu era uma tolice! Pois bem que eu percebia o quanto eu viciava na imagem de seu rosto, no nadar de seus braços, nos sorrisos aleatórios que eram desmanchados pra outras pessoas. Eu nunca fui romancista, aprendi a ser com o tempo. E no fundo eu sempre imaginei o quão seria proibido se aproximar. Talvez era o que dizia em seus olhos também, eu sempre senti isso, mas nunca, nunca conversamos sobre. Preciso de meu amor aqui. essa clínica me acaba, eu pareço perder minhas memórias, e insisto em não tirar Beliz de mim.
Eles abrem a porta, não é um lugar tão fechado assim, deixam o prato, me injetam algumas drogas, e desaparecem. Eu não consigo me ver criança, tudo desapareceu de mim, a única coisa que parece dar murros no meu cérebro é o vídeo que meus pais deixaram no pendrive. Eu vejo o sangue, a dor, os gritos, a fumaça, tudo. Em seguida, minha mente revira meus 14 anos, eu assisto as vezes em que estudei, lembro de lazeres que marcaram, e algo me gastura o corpo, como se eu forçasse lembrar e não me desse. Aparece Belizz, na noite escura, aparece meus pais e toda a noite em que eu os via entrar pela porta pra me dar um beijo de boa noite, meus olhos sempre estavam parcialmente fechados, sempre esperei que eles viessem, eu fingia estar dormindo, eles beijavam, e saíam. Disso eu lembro. Minha infância sumiu, tudo se foi, e meus medos pareciam se anexar uns aos outros. Eu estava aflito. Sono, angustia, sono, sono e eu nem lembro mas o que fiz hoje pela manhã. O sol ja corre pra sumir, e eu sei que logo apagarei. Belizz não pode desaparecer de mim. Dizem que o amor não se apaga, mas sinto que é isso que desejam, que pouco a pouco o meu encéfalo se desintegre, eu sinto meu cérebro se apagar, sinto cada pedaço da massa se desligando, e sim, eu não vou desistir de manter Belizz dentro de mim.
Amanhã meus pais me veem, vou pedir pra ir em casa buscar umas coisas, é isso, preciso treinar a desculpa, a fala, e convencê-los de que é pra que meu tempo seja agradável. Vou jogar o jogo deles. É difícil, não quero que os odeie, afinal, só tens meu lado da história, quero apenas que perceba que o amor também aceita as loucuras por amor, é que nunca analisamos o pesar de os motivos serem o que interfere. Eu tenho o plano! Belizz irá na minha porta sim! Eu sinto, é isso, vou dar um jeito, vou dar um jeito nisso. Eu estou resistindo o sono, e eu ainda vou lembrar do que planejo. Eu preciso. Bom, eu só tenho que...
Eu em pé, assistindo tudo,
Alguém aparece e não percebo,
Há um buraco escuro logo atrás,
Eu perebo ser um sonho,
E é impossível abrir os olhos.
Eu me gasturo, foco! Olha o preto!
O preto logo atrás,
Eu peguei algo nas mãos, e tudo,
Tudo mesmo clareou.
Ela me olha, Ele também.
Quer saber meu nome?
O que é que isso?
Acorda! Ela some!
Não é um sonho, tem certeza?
Vamos, quero te mostrar um lugar.
É hora do café! Batiam na porta de ferro. Eu acordei com o rangir da porta. Era cedo, novamente só o sol, e nada da lua. Pareço morrer aos poucos.
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Anjos Doentes
PoesíaNo tempo em que uma sociedade ateu condiciona todos a não acreditarem em nada, os personagens qual inicialmente não revelam o seu sexo, buscam incansavelmente por uma direção. Crescidos e condicionados a não crer em absolutamente nada, cansam dessa...