(continuação...)
E a imagem na TV apagou-se, Jack novamente olhando para ela de modo desconfiado, achando incrível como um homem podia estar dentro de uma caixa tão fina, e outra vez Osmund benzeu-se, dessa vez começando a rezar baixinho o Pai-Nosso.
- Que coisa horrível, monsieur Kreezer - exclamou Marius - A mulher é algo sagrado! Que tem que ser amada, respeitada, querida e coberta de mimos, como eu faço com a minha Cosette!
- Concordo plenamente - falou Lili de modo veemente, e suspirou - Ah, minha Gerda...
- As mulheres têm de ser tratadas como rainhas! - completou Marius.
- Sou obrigado a dar-lhe razão - falou Balem, examinando as próprias unhas - Exceto, claro, quando elas são nossas escravas.
Marius ia explodir em alguma exclamação, mas Newt o conteve, segurando-o timidamente por um dos braços, baixando a cabeça, conseguindo apaziguá-lo.
- Por que vocês não fazem um favor e vão todos à merda? - esbravejou o caubói.
- Gente, não vamos julgar uns aos outros - falou Qwerty, procurando nos bolsos pela bombinha de asma, só para certificar-se de que estava à mão - Julgamento não leva ninguém a lugar nenhum. Se eu tivesse julgado a Rose por ela fazer strip-tease, eu estaria encalhado até hoje.
- Sem falar que todos já estamos suficientemente tensos de estarmos confinados aqui dentro - falou Newt, olhando em torno para as paredes e o teto, ansiando pelo espaço de dentro de sua mala, o que poderia parecer um contra censo.
- A noção de confinamento é algo muito relativo - falou Stephen Hawking, com dificuldade - Como sabiamente escreveu Shakespeare e eu citei em um de meus livros, "eu poderia viver confinado numa casca de noz e ainda assim me considerar rei do espaço infinito".
- Que lindo, isso - sorriu Lili.
- Vejam, o homem na caixa está voltando - falou Jack, apontando para ela, e todos voltaram a atenção para a gigantesca tela de led.
- E voltamos para a casa mais vigiada do Brasil... E já temos o resultado do paredão de hoje... Preparados?
Stephen ergueu-se do sofá, pondo-se em posição de sentido, ajeitando a farda ao que colocou o quepe na cabeça, como se estivesse pronto para partir. Ao lado da porta da saída, sua bolsa bege do exército estava colocada no chão ao lado da bolsa de lona velha e surrada de Eddie, que mal tinha roupas para enchê-la, e este também ergueu-se, ajeitando o chapéu.
- Com 97% dos votos do público que votou pelo telefone (meu Deus, alguém ainda tem isso em casa, Jesus!), celular, tablet e app, o eliminado de hoje do Big Brother Redmayne é... você, xará. Pode entrar já na sua caminhonete e ir embora, porque não é dessa vez que você vai ganhar o Oscar, meu filho! A interpretação do Stephen é muito melhor que a sua, e as histórias de guerra são muito mais valorizadas, sem falar que é da BBC - e ele frisou "BBC", com orgulho - E além do mais, você é bêbado, drogado e desordeiro. E manco! Vai, pode sair!
- Ou seja, ele é um "BDD" - riu-se Tony.
Chutando a mesinha de centro diante de si e fazendo-a tombar longe, Eddie foi em seguida até o armário adiante, passando o braço sobre ele num só movimento e derrubando todos os vasos que quebraram no chão com estrondo, Lili e Newt encolhendo-se de susto, e erguendo o braço com o qual apontou a tela ele exclamou:
- Pensa que eu não estou sabendo? Pensa que eu não sei que no primeiro paredão o tal do Babington foi eliminado porque vocês aí estão combinados de ferrar com os vilões? - e voltou-se para os três colegas no sofá, esticando o braço dessa vez para eles - Abre o olho vocês aí, seus idiotas, que os próximos a irem à merda são vocês!
Tony pôs-se a chupar o dedo de forma tensa, tentando disfarçar, e Alex teve um súbito pressentimento de que ele seria o próximo. Por sorte era permitido trazer um livro para a casa, e ele havia trazido o seu de alta magia negra, e já estava planejando botar uns "vudus" em prática, de forma soturna olhando para os concorrentes ao redor. Balem, porém, só faltou bocejar, de tão entediado com aquilo tudo; e para tentar distrair a opinião geral, Tony falou de modo firme:
- Sinceramente isso é viagem sua, Eddie, porque eu não me considero vilão coisa nenhuma. Na verdade, eu sou representante de outro segmento.
- Ah - Eddie riu, de forma sarcástica - Agora o nome de ficar com o Alex de safadeza debaixo do edredom é "outro segmento"? Ah, tá.
- Julgamento não é legal - insistiu Qwerty, usando em seguida sua bombinha de asma.
- Eu sabia que você ia sobreviver ao paredão, Stephen - falou Lili, pegando-o de leve pelo braço, ao que ergueu-se do sofá - Você é um sobrevivente. Já eu... Não sei, eu sou tão frágil... Eu não sei se sobrevivo, não.
- E se cuida você também aí, sua drag-queen do espaço - falou Eddie, apontando para Balem, enquanto encaminhava-se mancando para a porta, pegando a bolsa e saindo - Tchau, seus trouxas. Não queria ficar aqui mesmo. Tem nem mulher pra dar uns pegas nas festas: a única, tem pau - Lili olhou-o, vermelha - E nem pó pra cheirar tem! Façam bom proveito! - e sem mais saiu, a porta automática fechando-se atrás dele, outra vez Jack olhando para ela fascinado, e Balem deu um sorrisinho de canto de boca ao vê-lo fora de jogo. "Menos um", pensou ele, satisfeito.- Ei, espere - disse Newt - Eu não sou trouxa, eu sou bruxo! Orgulho Lufa-lufa!
- O que o Eddie disse é verdade - disse o tenente - Eu vi nas cartas; você vai cair, Balem. Antes do final.
Erguendo-se num rompante, Balem exclamou - Como ousa??
- Deus tenha piedade de nós - gemeu Osmund.
Alex deu uma risadinha cínica à menção de Deus que acabara de ouvir, e Balem respondeu - Eu não tenho piedade.
- Deus é na verdade uma equação matemática, a teoria de tudo, à qual ainda não chegamos - falou Stephen Hawking, pondo sua cadeira de rodas para mover-se, afastando-se um pouco de onde estava - E pelas probabilidades matemáticas, é realmente bem difícil que um personagem de ficção científica como você leve um Oscar, Balem, apesar de toda essa sua direção de figurino e efeitos especiais.
- Quem é esse tal de Oscar? - perguntou Jack - Eu o conheço? Ele frequenta a missa?
Acendendo um cigarro, o tenente pôs-se a tragar em silêncio.
- Droga, cadê? - exclamou Tony de repente - Cadê? - e procurava ao redor, ao que de súbito levantou-se - Licença, eu... eu preciso encontrar a coleira do Giotto... - e saiu apressadamente da sala.
- O amor que ele tem pelo cachorro morto é tocante - falou Newt, com um sorriso sonhador no rosto - Pessoas que amam os animais não podem ser de todo más.
- Podemos mudar de assunto e parar de falar de morte por pelo menos meia hora? - gemeu Qwerty, meio desesperado, não querendo pensar nas dívidas da funerária.
- Concordo - disse Stephen, tragando longamente.
- A morte é só o começo - falou Alex de forma soturna - da Eternidade.
- Estou tão contente nesse momento que sou capaz de cantar uma canção - exclamou Marius, correndo até a mesinha que Eddie tinha chutado e pondo-a direita novamente, subindo nela, ao que estufou o peito, ajeitando o topete com uma das mãos.
Desnecessário dizer que Balem olhou a cena com ojeriza.
- É uma pena... Os vasos eram tão bonitos... - suspirou Lili, olhando para os cacos espalhados pelo chão.
Inclinando o braço para trás do sofá, Alex pegou o livro de magia negra que estava escondido lá, abrindo-o sobre o colo, e sentindo o cheiro de mofo que pairou no ar, Lili olhou de soslaio, franzindo a testa e cobrindo o nariz com a mão, afastando-se para o outro lado da sala.
- Hum, vejamos - Alex pensava alto - Vejamos o que preciso... Cabelo... Hum... Aparas de unha... Ok... Sangue... Hum, Isso vai ser mais difícil. Mas alguém pode se ferir, acidentalmente, claro, na prova da comida...
- Quem ainda se utiliza de sangue? - admirou-se Balem - Material genético refinado é muito mais eficiente. Sangue é coisa da Idade Média, por favor.
- Ei - indignou-se Jack - O que você tem contra a Idade Média?
Osmund recomeçou a rezar, pegando o terço com mãos trêmulas, e sussurrou - As bruxas devem ser queimadas, todas elas.
Olhando de soslaio para Newt, Alex consigo pensou: "Imagina do que eu não seria capaz se pego pra mim a varinha desse idiota? Que ideia ótima!"
E a voz de Marius começou a soar, grave, alta e clara enquanto ele cantava a plenos pulmões sobre a mesinha, Newt recostando-se na parede para ouvi-lo, e Jack apoiando o rosto nas mãos, e de repente Tony surgiu no corredor, exclamando:
- Eu não estou achando a coleira do Giotto! Quem pegou? Quem pegou?
Gesticulando com uma das mãos no ar, Alex falou, sem olhá-lo, a atenção toda voltada para o livro - Deve estar debaixo do edredom, quando eu a vi pela última vez você estava com ela, brincando comigo de cachorrinho, lembra? Vai procurar lá - e outra vez Tony saiu correndo, meio aflito e aliviado ao mesmo tempo.
- Eu não tenho cachorro - falou Qwerty - A Rose é que tem - e fazendo uma carinha cute ele pôs-se a lembrar dela e ter saudades. Era bom tê-la esperando por ele, e com certeza ela viria quando ele fosse para o paredão... E Qwerty pegou-se desejando estar no próximo, só para poder vê-la. Sim, seria bom estar no próximo paredão.
- Eu acho que estou no inferno - gemeu-se Osmund - Só pode ser o inferno.
*****************************Palavras finais? O Osmund me representa no assunto Big Brother Brasil.... Ashwayshwayshways!
Bjos da tia miss e até a próxima aventura! Digo, até a próxima loucura!
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Big Brother Redmayne Brasil
Hayran KurguÉ noite de paredão no Big Brother e os ânimos estão pra lá de exaltados, mas esse não é um Big Brother qualquer: Doze personagens de Eddie Redmayne estão no Reality Show em busca de ganhar o Oscar! E a disputa está acirradíssima (ou nem tanto)! Qua...