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Era a segunda vez em uma semana que o detetive interrogava Sakura, cada questão parecia era um martírio. Lembranças incoerentes tornavam-se uma mistura heterogênea em sua mente, ligações inexistentes que transformavam-se em uma mentira convincente. Sua expressão inerte e cansada permanecia a mesma, seus dedos entrelaçados sobre a perna, enquanto uma luta contra si mesma era lançada parar manter os olhos abertos.

Quando o homem se despediu, o fardo das mentiras relatadas despencou sobre seus ombros, assemelhando-se a um piano lançado de um arranha-céu, lhe atingindo, contudo, permanecia viva — hipoteticamente falando, devido ao peso do piano que lhe mataria instantaneamente caso tivesse sorte. Deitou-se sobre a mesa, puxando ar para preencher seus pulmões, enquanto tentava compreender a razão de ter aceito se distanciar dele.

Havia um mês que não o via, naquele ínterim, Sakura havia se preocupado tanto quanto sua mãe. As vezes as emoções alteravam-se subitamente, lhe deixando levemente zonza, outras, alguma dor no membro do corpo lhe fazia gritar e sua mãe assustar-se. Sakura chegou a chorar quando sentiu algo em seu braço esquerdo, lhe provocando uma dor alucinadora que não conseguia distinguir imagens ou a voz de sua mãe.

Contudo, Sakura sentia-se angustiada por fazerem exato dois dias que Sasuke não lhe ligava. Se cada hora após conversarem por breve sete minutos era preocupante, dois dias era pior, sua mente compreendia os fatos de maneira tão aflingente que lhe impedia de colocar algo em sua boca.

Levantou-se de onde estava, caminhou em direção ao quarto onde estava dormindo e escolheu em seu guarda-roupa, roupas quentes e confortáveis. Ao sair, vestiu seu tênis e saiu com passos pesados, sem dizer uma única palavra à mãe.

Estava frio, a brisa gélida chocava-se contra seu rosto violentamente. Pareciam agulhas perfurando sua pele e alma, causando dormência onde tocava com cautela. Os invernos eram da mesma forma, marcados pela morte do pai e pela dormência em seu peito por não ter tido tempo para fazer o que almejava. Estar em Konoha no inverno apenas acarretava no crescimento daquela fenda em seu peito, não havia como ocupar sua mente, não havia como fugir da realidade. Havia crescido ali, cada esquina iria lhe lembrar do pai.

Caminhava lentamente, temendo quedas desnecessárias. Percorreu  todo o trajeto até o ponto de ônibus que costumava lhe transportar até a escola, analisando a loja onde uma vez trabalhou. Recordou das discussões que tivera para convencer o pai que poderia ser uma boa aluna e trabalhar meio período.

Assoprou suas mãos para aquece-las, voltando a caminhar no mesmo ritmo que antes. Estava surpresa por lembrar-se tão bem dos caminhos, quando a cidade onde cresceu havia mudado, crescido economicamente e novas casas surgiram.

Quando parou no ponto de ônibus, por razões que desconhecia, sentiu-se extremamente solitária. Talvez, por saber que Ino ou Gaara não estavam mais naquela pequena cidade do interior, estavam distante e ela sequer tinha ciência de quando voltaria a vê-los — e se voltaria.

Uma lágrima solitária correu por seu rosto, não pelo sentimento solitário que se apossou de seu peito — era provável que aquele sentimento apenas impulsionou aquela lágrima —, mas pela falta que sentia do pai. Das palavras duras que o mesmo lhe dizia e lhe fazia ser uma pessoa tão cautelosa, Sakura tinha medo de inúmeros fatos por palavras tão simples que levou sua vida a entrar como um peça, em um jogo mórbido.

Queria gritar tudo que lhe sufocava, mas apenas manteve-se em silêncio, com lágrimas esquentando seu rosto, enquanto a brisa fria tentava esfria-las.

Havia se passado mais um mês, Sakura não havia saído de casa naquele meio tempo. Permanecia maior parte do tempo na cama, seu sistema imunológico estava baixo novamente e estava constantemente doente, parecia que Konoha fazia aquilo com si. Contudo, naquele dia, ela estava sentada na janela, encarando os flocos de neve caírem ao lado de fora.

In My Mind - SasuSakuOnde histórias criam vida. Descubra agora