Uma vida em apuros...

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Leonardo on

Aquela cidade apesar de ser grande era bem calma, minhas irmãs e Sofia estavam brincando de videogame, na sala, elas me chamaram pra jogar... não estava a fim.
Fiquei sentado na cadeira de balanço da varanda, era uma tarde linda, pássaros cantando, minha franja balançava conforme o vento. Nossa casa era em frente a uma pequena praça, estava praticamente vazia, desviei o olhar e notei uma garota sentada em um banco, ela estava sozinha e de cabeça baixa... Atravessei a rua e fui em direção a ela, ao me aproximar ela ergue a cabeça.

⁃ Bella? - sentei ao lado dela.

⁃ Ah... Oi Léo! - ela tentou disfarçar que estava chorando.

⁃ Por que está chorando? Tá tudo bem? - nesses últimos dias a gente estava conversando um pouco mais e de um modo ou outro ela mexia comigo.

⁃ Ah, não foi nada... Eu vou ficar bem.

⁃ Bella, você não me engana. Pode contar pra mim, prometo que juro guardar segredo.

⁃ Ela respirou fundo- Aí, tá bom, eu te conto. - enxuguei uma lágrima que escorria em seu rosto. - Eu vi uma coisa horrível hoje e não consigo tirar aquela cena da minha cabeça... - ela chorava ainda mais.

⁃ Ei, calma eu tô aqui! Me conta, o que você viu?

⁃ Eu... eu vi uma mãe abandonando uma criança em uma caixa de papelão quando estava vindo pra cá, eu quero ajuda- lá mas... - ela respirou fundo.

⁃ Uma criança??? Bella a gente precisa ir até lá!!

⁃ Mas Léo, quem vai cuidar da criança? Minha mãe está em uma viagem de negócios, ela ficaria louca se soubesse que tem um bebê em casa..

⁃ Bella, isso não importa agora, a gente precisa pegar a criança, antes que seja tarde demais....

⁃ Tá, vamos até lá - nos levantamos e fomos correndo até o outro quarteirão....

Nos aproximamos e ouvimos um choro rouco de bebê, abrimos a caixa juntos. Pela cor da roupa era menino. Bella o pegou no colo, tinha um bilhete junto a caixa.

" Filho querido, me desculpa por não ter sido a mãe que te prometia ser a toda noite durante a gestação.... A vida de adulto não é fácil, saiba que onde você estiver, vou sempre te amar... Espero que você tenha uma nova família e que seja feliz... Eu não iria conseguir comprar presentes, brinquedos, ter tempo pra ti e muito menos ficar com você. Não seria justo você crescer em uma casa onde só tem briga, onde sua mãe trabalha demais e seu pai, que quando bebe perde a cabeça e faz sempre o que bem entende...
Seja feliz meu amado filho e que Deus te proteja"

Li a carta em voz alta, olhei para Bella, ela chorava ainda mais... Bom, pelo menos o bebê estava mais calmo e não chorava mais. Peguei a bolsa que estava dentro da caixa e fomos para casa. Eu tropecei algumas vezes na calçada, a beleza de Bella ofuscava meus olhos de uma forma inexplicável...

⁃ Leonardo meu filho, a onde você arrumou essa criança? Tá ficando maluco? - minha vó fazia perguntas sem parar.

⁃ Calma vó, eu te explico, mas a senhora precisa se acalmar.

⁃ É verdade Dona Lívia, senta aqui. Quer um copo de água?

⁃ Não querida, obrigada Bella. Anda logo Leonardo, me explica essa história.

⁃ Er... Vó, Bella e eu encontramos esse bebê em uma caixa, estava abandonado em uma rua não tão distante daqui... Tá, eu sei que criar um bebê não é fácil... mas

⁃ Tá, eu já entendi onde o senhor está querendo chegar com esse papinho, mas agora precisamos ir para a delegacia para registrarmos um boletim e encaminha-lo à um hospital.

Vovó pegou a chave do carro e sua bolsa. Bella me ajudou a prender Loh na cadeirinha, Sofi e Luna sentaram nos bancos de trás, Bella foi segurando o bebê no banco traseiro ao lado de Loh, fui no banco passageiro ao lado de vovó. Até que o carro de sete lugares que eu achava desnecessário foi bem útil hoje, não podíamos deixar as crianças em casa. Descemos do carro e entramos na delegacia, minha vó foi na frente para pedir informações.
Meu telefone começou a tocar, olhei na tela e fiquei sem reação.... Era mamãe desesperada ligando pra mim e agora? Eu atendia ou não?

Em busca de um sonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora