~Naruto~
Eu tô suando, sentindo dor, tô um perdido, desnorteado e a música que toca aqui só aumenta minha confusão. Há quanto tempo eu tô aqui no bordel apanhando? Não sei, minutos, horas, talvez, eu não lembro. Quando eu ajoelhei e a Chiclete terminou de limpar a tinta do meu rosto, eu levei uma pancada forte na cabeça, provavelmente a Hinata me bateu com o fuzil, o que explica porque tem sangue escorrendo da minha testa, se bem que se tem algo que tá escorrendo aqui, além do meu suor, é sangue. Depois disso eu só acordei aqui, já tava preso em um dos poles e ela já tava me batendo, ótima torturadora! Respirei fundo e gritei quando o chicote estalou em minhas costas, ela é bem forte, sabia? O chicote dela não vai deixar marcas, até porque ela deve usar nas prostitutas, mas dói e corta, porque alguém, que provavelmente foi a Chiclete, botou algumas lâminas na ponta dele. Sabe o que dói mais? Saber que meu filho pode estar ouvindo tudo!
— Você pode me fazer gritar mais baixo, por favor? Nosso filho tá naquele quarto logo ali! - eu não quero tirar a inocência do meu menino, não quero que o Boruto saiba que a mãe dele é uma louca descontrolada que não consegue nem parar pra ouvir minhas explicações. Ela parou de me chicotear e me deu outro tapa no rosto, já perdi as contas de quanto foram desde que eu acordei.
— Lava essa boca antes de falar do meu neném! - interprete isso como "não ouse me lembrar que tenho um filho com você e estou deixando ele nas mãos de estranhos pra descontar três anos de muita raiva, ódio e dor chicoteando você!". Eu vejo nos olhos tão claros dela que tem algo dela que não quer me machucar, que quer que ela pare, mas ela ainda é a Poderosa, orgulhosa e vingativa, que resolve tudo no grito, no chicote e na jaula. - Você é um maldito, um desgraçado que só serviu pra estragar a minha vida! - nem todas as pancadas e chicotadas que ela me deu doem mais do que ouvir a voz dela carregada de dor e saber que é minha culpa.
— Lindinha, eu posso te explicar... - merda!
— NÃO ME CHAMA DE LINDINHA, SEU CANALHA! - ela me deu um puta chute entre as pernas, doeu até minha alma. Ela chora, não sei se por raiva ou por estar sofrendo em me machucar, eu só sei que isso doeu, talvez mais nela do que em mim.
— M-me deixa explicar por favor! - implorei em gemidos de dor. - Foi tudo um mal entendido...
— Mal entendido? - ela riu nervosa, abrindo os braços, girando pelo palco. - Olha bem pra isso aqui, Naruto, esse bordel te parece um mal entendido? - mais do que nunca eu sinto o quanto ela tá destruída por dentro, ela chora, ela chora e essa dor dói na minha alma. Se eu pudesse, mesmo que ela me matasse depois, eu a abraçaria, colocaria essa menina assustada que ela ainda é no meu colo e diria que tudo vai ficar bem, mas, infelizmente, tá longe de ficar bem. - Essas jaulas, essas armas, esse chicote parecem um mal entendido pra você? - ela me chicoteou no rosto, as navalhas fizeram cortes profundos nas minhas bochechas, esses sim vão deixar cicatrizes, mas creio que essas cicatrizes não sejam piores que as cicatrizes que, pelo visto, ela tem na alma dela. - As mulheres dentro desses quartos nojentos desse bordel imundo me acham um monstro, Naruto, eu sou um monstro PORQUE VOCÊ ME TRANSFORMOU NISSO, NARUTO, VOCÊ ME TRANSFORMOU NESSA MULHER HORRÍVEL, VOCÊ ME TRANSFORMOU NA PODEROSA! - eu acho que vamos precisar de barcos daqui a pouco porque certamente nós vamos inundar esse casarão com as nossas lágrimas. - Eu te amava, Naruto, eu te amava tanto e você só brincou comigo, você destruiu a minha vida! - ela chega a gemer de dor, acho que é por isso que essa música enjoada tá tocando, pra que aquelas que tanto a temem não a vejam tão fraca e indefesa. Minha lindinha... Eu olho pra trás e lembro do quanto ela era diferente, acho que ainda não te contei bem as coisas né? Melhor eu fazer isso antes que ela me mate."Quando eu decidi cursar desenho aqui, pela periferia de Konoha, eu tava disposto a ser apenas mais um, mas disso você já sabe, eu vou partir pro que interessa! Quando eu entrei pra acertar os detalhes da minha matrícula, eu fiquei paralisado. Ela era linda, ainda é, mas antes ela tinha um encanto magnífico, os olhos dela passavam paz, calma, serenidade, ela irradiava luz, bondade... Ela era tão meiga e fofinha que eu cheguei a pensar que ela era uma criança, mas não, ela era praticamente uma mulher com a maturidade dela, o verdadeiro pacote perfeito.
— Está me ouvindo, senhor? - a voz doce e calma era outro encanto, como a voz de uma sereia que me atraiu a ficar olhando pra sua boca o tempo todo, tanto que eu não prestei atenção em nenhuma palavra da longa explicação sobre o curso que ela me deu.
— Desculpa, pode repetir pra mim, lindinha? - ela riu baixo, com a mão tapando esse sorriso lindo que ela tem, com as bochechas coradinhas. Ela não era lá muito tímida, até porque trabalhava com o público, mas comigo ela parecia ficar nervosa, ainda mais quando eu chamei ela de lindinha. Advinha quem eu desenhei durante a aula? - Toma, pra você!
— S-sou eu? - foi o primeiro desenho que eu fiz dela, ainda com aquele cabelo curtinho que ela tinha na época, o desenho que foi fazendo ela ficar na minha. Ela também tinha pernas incríveis, queria ficar preso nelas só de ver quando ela as cruzava, mas eu te juro que a minha intenção com a Hinata foi a melhor e mais pura desde o início, o que me encantava era aquele jeito meigo, a inocência quase infantil, a vontade de mudar de vida, os sonhos... - E-eu vou cair! - essa foi a vez que nós fomos andar de slackline juntos pela primeira vez, medrosa...
— Se você cair, eu vou te segurar, Hina, eu sempre vou estar aqui pra te proteger! - ela acabou caindo nos meus braços e a gente se beijou, foi o primeiro beijo de verdade. Meio clichê, né? Mas foi o clichê mais lindo e maravilhoso da minha vida! De tão doce o beijo dela também era doce, ela era incrível, a melhor pessoa desse mundo, a bondade em pessoa.
— Aqui, toma! - mesmo que ela tivesse pouco, ela tava sempre dividindo com quem tinha menos que ela, como com um menino de rua, por exemplo. - Me dá tanto dó de ver crianças abandonadas, quando eu for mãe, eu vou dar todo o amor do mundo, mesmo que a minha vida seja difícil! - não tô dizendo que ela era um amor? Sempre que podia, ela me levava algum doce ou um lanche que ela havia feito e eu sempre levava uma flor, um bombom pra ela, foram coisas de meses, mas ela era especial, tanto que eu a apresentei pra mamãe, mesmo sabendo que a mamãe não ia lembrar dela. - P-prazer...
— Nossa, que menina linda, ela parece um anjo! - é ela era um anjo, um anjo que eu sei que fiz pecar, mas... Ah, ela era um anjo delicioso, não nego! É muito bom lembrar daquela mulher que misturava malícia e inocência no olhar como só ela podia fazer e aquilo me matava, me enlouquecia tanto quanto estar dentro dela, que aliás é o melhor lugar pra se estar no mundo inteiro.
— Lindinha... - sussurrei no ouvido dela, me apoiando na cabeceira da cama de solteiro que tinha naquele quartinho velho pra que ela viesse por cima, mesmo tímida e tentando pegar o jeito.
— A-assim? - ela disse envergonhada se segurando em mim com os braços apoiados no meu pescoço, por isso eu soltei o bumbum dela com uma mão, fazendo ela olhar pra mim.
— Eu te amo! - aquele sorriso nunca vai sair da minha mente. Ela me entregou o corpo e o coração pra mim, eu fui o homem mais feliz do mundo inteiro quando ela me respondeu:
— Eu também te amo! - a nossa primeira noite foi incrível, pra gente ser mais feliz, só faltava uma coisa: o Boruto! Eu fiz um desenho dela, imaginando ela grávida, pra amenizar o nervoso, o que foi complicado por eu estar tremendo, mas o nervoso era bom.
— Eu vou te amar tanto, mais tanto que você nunca vai sentir falta de carinho, bebê! - dói na minha alma lembrar que eu não cumpri essa promessa, que o meu filho é a criança mais carente desse mundo, que a minha lindinha hoje não é mais aquela garota inocente e meiga que eu conheci, que eu destruí ela inteira por dentro e ela criou a Poderosa, essa máscara horrível que ela usa pra se proteger da dor que eu a fiz sentir. Dói saber que é tudo culpa minha!"
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Poderosa
FanficEu já amei muito, amei um homem que sumiu quando eu mais precisei dele. O Naruto me abandonou quando eu achei que tudo ia ficar bem, quando eu descobri que ia ter nosso filho, sumiu sem deixar rastro e transferimos minha vida num inferno. Eu virei u...